Para muitos de nós, "petrolheads", a vida de Alex Zanardi dispensa apresentações. Muitos sabem o que fez na Formula 1, muitos seguiram a suya carreira espantoda na CART e os seus títulos mundiais em 1997 e 1998, bem como o seu regresso frustrante à Williams em 1999. E muitos ainda se recordam o que estavam a fazer na manhã/tarde/noite de 16 de setembro de 2001, quando na oval de Lausitzring, o piloto italiano sofreu um tremendo choque com o carro de Alex Tagliani, perdendo ambas as pernas.
Sobreviveu para contar a história e ganhou uma segunda vida. Primeiro no WTCC e agora deleita-se com uma bicicleta, com o objetivo de conquistar uma medalha nos Jogos Paraolimpicos de Londres, que acontecerão daqui a menos de um ano. Sempre competitivo, agora com 45 anos, Alex Zanardi falou com o jornalista Tiago Pimentel sobre a sua vida e a razão pelo qual escolheu esta modalidade.
O ex-piloto italiano "Alex" Zanardi vai estar nos Jogos Paraolimpicos com o objetivo de conquistar umsa medalha no ciclismo adaptado.
Há um antes e um depois na vida de
Alessandro Zanardi. Há dez anos, o ex-piloto italiano viu a sua "primeira
vida" chegar ao fim, com um acidente na Alemanha, em que perdeu as duas
pernas. Começou então uma "segunda vida": lidar com a dependência,
reaprender a andar com as próteses. E a prática de uma nova modalidade
desportiva, o ciclismo adaptado. A evolução foi tão rápida quanto inesperada, e
Zanardi já tem assegurada a qualificação para os Jogos Paraolímpicos de 2012, em
Londres. O objectivo é conquistar uma medalha.
"Neste momento
estou qualificado. Ir a Londres já não é um sonho, é um objectivo. Agora a
questão é preparar-me bem para competir no melhor das minhas
possibilidades", contou Alessandro Zanardi, em conversa telefónica com o
PÚBLICO.
O ex-piloto
italiano compete em handcycle (bicicleta adaptada para a propulsão manual). Em
2011 conseguiu vários resultados assinaláveis, com destaque para a vitória na
Maratona de Nova Iorque e o segundo lugar no contra-relógio nos Campeonatos do
Mundo de estrada. "Foi uma temporada muito boa. Consegui ganhar várias
maratonas, em Roma, em Milão, em Veneza. Mas a Maratona de Nova Iorque foi a
que me deu mais satisfação", apontou.
Para chegar aqui o
percurso foi tudo menos simples. Em 2001, o acidente no circuito EuroSpeedway
Lausitz, durante uma prova de Fórmula CART, atirou-o para o hospital. Ficou lá
45 dias, e quando saiu era um homem diferente. As duas pernas foram amputadas e
teve que reaprender a fazer praticamente tudo. "Ser um duplo amputado
significa que desde que acordo de manhã até quando vou para a cama à noite,
faço tudo com os braços", explicou Zanardi, acrescentando: "No início
tenho de reconhecer que foi difícil. Depois o meu corpo ficou mais forte e deixou
de ser tão cansativo."
A bicicleta manual
chegou em 2007, ao mesmo tempo que competia no Mundial de Turismo. Um
patrocinador convidou-o a ir à Maratona de Nova Iorque para um evento. "Eu
disse-lhes: 'Já que tenho de ir lá fazer um discurso de dez minutos, posso
já agora fazer a maratona'. Foi algo que disse na brincadeira, mas que
depois decidi realmente tentar. Organizei-me num par de semanas, fui a Nova
Iorque e terminei em quarto. Foi um excelente resultado, mas fiquei a quase 20
minutos do vencedor", recordou o ex-piloto, com uma gargalhada.
"Mas foi
divertido, e foi quando decidi que o handcycling era uma excelente forma de me
manter em forma", continuou Alessandro Zanardi, explicando que em 2010,
ano em que não teve uma proposta no desporto automóvel que satisfizesse as suas
expectativas, decidiu dedicar-se à nova paixão. "Fiz a escolha e decidi
deixar as corridas automóveis. Comecei a dedicar mais atenção ao meu treino, e
dois anos depois aqui estou. Estou muito feliz por ter tomado esta
decisão", reconheceu.
Era o momento para
apostar nesta nova modalidade, admitiu o ex-piloto: "Vou ter 46 anos a
seguir aos Jogos Paraolímpicos de Londres, por isso não vale a pena alimentar
expectativas de ir ao Rio de Janeiro em 2016. É algo que tenho de fazer neste
momento."
Zanardi destacou a
importância do trabalho com a selecção paraolímpica italiana de ciclismo na sua
evolução, e confessou ao PÚBLICO que "continua a não saber muito sobre
ciclismo". "Tive de fazer muitos, muitos quilómetros na bicicleta. A
mãe natureza não nos deu músculos da mesma qualidade nos braços e nas pernas.
Para fazer uma actividade física contínua com os braços, durante mais de uma
hora, temos de tornar as fibras dos músculos de brancas em vermelhas. E isto é
algo que só se consegue com muito exercício, fazendo muito trabalho com os
braços", acrescentou Zanardi.
Nos treinos diários
faz uma média de 50 ou 60 quilómetros. "Mas nos três meses antes do
Campeonato do Mundo a minha rotina chegava a ser de 120 quilómetros. É algo
semelhante ao que os ciclistas fazem. Por vezes, costumo treinar com eles e
consigo acompanhá-los, porque as velocidades são semelhantes. Claro que, quando
a estrada sobe, para mim é ligeiramente mais difícil, mas é um bom exercício
tentar acompanhá-los", disse.
A qualificação para
Londres 2012 é o culminar de "uma aventura muito interessante" e
Zanardi conclui que seja qual for o resultado alcançado nos Jogos
Paraolímpicos, o saldo é positivo: "Se for a Londres e ganhar uma medalha,
será um final feliz. Mas mesmo que não consiga uma medalha, só vou perder o
final feliz. Foi uma bela jornada."
Siempre tuvo y tendrá toda mi admiración, y no solo por lo que pasó y de lo que se repuso, sino porque era y es un enorme piloto.
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