Mas isso deixo para outra altura. Esta semana carrego de novo no teclado do Bahrein, pois a cada semana que passa, novos desenvolvimentos aparecem sobre este caso, e sobre o fato de as dúvidas sobre a realização do Grande Prémio continuarem presentes, apesar das garantias que o governo barenita dá, semana após semana, que tudo está a correr de feição naquela ilha do Golfo Pérsico. Isto porque na terça-feira, o Departamento de Estado americano - o equivalente ao Ministerio dos Negócios Estrangeiros - emitiu um aviso recomendando os seus nacionais a evitar, até meados de abril, a visita ao pequeno emirado.
As razões? "Movimentações espontâneas e manifestações antigovernamentais podem ocorrer em alguns bairros [de Manama, a capital], especialmente à noite e aos finais de semana. Estas demonstrações incluem bloqueios de estradas, caixotes do lixo a arder, e o establecimento de barricadas improvisadas, onde os manifestantes poderão atirar pedras e 'cocktails molotov'. O Ministério do Interior local mantêm barreiras policiais e utiliza frequentemente várias medidas dissuasoras para acalmar os protestos como grandas de gás lacrimogéneo. Estes confrontos poderão fazer perigar a viagem e a estadia no Bahrein", lê-se no aviso.
"A Embaixada Americana desaconselha os seus funcionários de viajar para áreas específicas e aconselha os seus cidadãos a fazerem o mesmo. As crescentes manifestações na Budaiya Highway tem levado a constantes interrupções do transito, reduzindo a mobilidade daqueles que vivem na área, cansando crescentes preocupações com a segurança. Assim sendo, os funcionários da embaixada e respectivos familiares estão a ser deslocados para vizinhanças mais seguras. Aconselhamos vivamente os cidadãos dos EUA a seguir estas recomendações.", conclui o comunicado.
Isto tudo li ontem no blog do Joe Saward, e o facto do Departamento de Estado americano ter desaconselhado os seus cidadãos a passear por lá não afeta muito a caravana da Formula 1, mas as coisas mudam de figura caso o "Foregin Office" britânico decida emitir um aviso semelhante e que afete o período do Grande Prémio, pois a maior parte das equipas, mecânicos - e claro, pilotos - são subditos de Sua Majestade, e as seguradoras ficariam certamente nervosas caso a corrida prossiga conforme planeado. E nisso, as equipas encontram-se atentas, porque sabem que caso haja um aviso por essas bandas, as seguradoras poderão fazer o seu trabalho e decidir persuadir as equipas de aparecerem por lá, citando "force majeure".
Mas também há outro sinal de que nem tudo é tão cor de rosa como parece. O governo barenita afirmou que tinha readmitido todos os funcionários demitidos durante os protestos, incluindo os funcionários do circuito de Shakir. Só que aparentemente, esses funcionários, à excepção de uma meia dúzia, recusaram essa oferta. Aparentemente, fala-se que houve condições e também parece que eles não iriam ter todas as condições que tinham antes. E assim, decidiram recusar a oferta. E estamos a falar de algumas dezenas de pessoas.
E claro, para finalizar, aproxima-se o primeiro aniversário das manifestações, que começaram no dia 14 de fevereiro. Os xiitas, etnia maioritária mas com pouco poder no emirado, não esquecem dessa data e poderão aparecer em força, provavelmente com novos "Dias de Raiva" e continuar a manifestar-se para uma mudança, como seja a deposição da família real, de origem sunita.
Sendo assim, a pouco mais de três meses do Grande Prémio própriamente dito, existem mais dúvidas do que certezas acerca desta corrida. É certo que haverão corridas em fevereiro e março por aquelas bandas, mas provavelmente os manifestantes poderão até deixar que as coisas decorram normalmente até aos dias anteriores à chegada da Formula 1. E é certo que ambos os lados, os manifestantes e as autoridades, estarão em alerta e tudo farão para que isto seja inesquecível. Para o mal e para o bem.
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