Como sabem, este é o final de semana do inicio da Formula 1, no outro lado do mundo, em terras australianas. Andamos ansiosos por ver aquelas máquinas a funcionar e a rolar em pista, ver seis campeões do mundo a correr uns contra os outros, para ver quem é o melhor, e ver se alguma das onze equipas presentes conseguirá beter a Red Bull, que vence ambos os títulos de pilotos e construtores desde 2010. Mas eu quero neste local e nesta coluna remar contra a maré, porque neste final de semana acontecerá as 12 Horas de Sebring.
E não é só sobre o evento em si que quero falar. É que no sábado se assinalará algo importante: pela primeira vez em vinte anos, a Endurance volta a ter o seu próprio campeonato do mundo, sancionado pela FIA. Depois de em 1992, a FIA, liderada então por Max Mosley e Bernie Ecclestone, ter "desincentivado" os Construtores a participarem na competição, com o objetivo de atrai-los para a Formula 1, não mais houve uma competição mundial dedicada à Endurance, e do qual reunissem todas as grandes competições, como as 12 horas de Sebring, as 24 Horas de Le Mans e outras provas de 1000 km ou de Seis Horas, como Silverstone, Monza, Spa-Francochamps ou Mont Fuji.
É certo que nos últimos anos houve a American Le Mans Series ou a Le Mans Series europeia, do qual os construtores podiam participar nos dois ao mesmo tempo, mas eram competições sancionadas pelo Automobile Club de L'Ouest, o ACO. Agora, com um novo homem no leme da FIA, Jean Todt - ele mesmo um ex-diretor desportivo da Peugeot em Le Mans, onde conseguiu duas vitórias na clássica da Endurance - houve uma aposta no regresso de um campeonato do mundo dessa categoria, pois interessa atrair os construtores para aqui, especialmente num mundo onde existem novos desafios em termos de resistência e fiabilidade, como os motores híbridos.
E foi isso que fez atraír um construtor como a Toyota, que dois anos e meio depois de se ter ido embora da Formula 1, sem honra nem glória, decidiu reusar as suass enormes instalações em Colóna para construir o seu TS030, de tecnologia híbrida, para conseguier algo que tentou imenso, mas que nunca conseguiu: vencer em Le Mans. Contratou alguns ex-pilotos da Peugeot, como Alexander Wurz, foi também buscar pilotos recém-desempregados da Formula 1, como Sebastien Buemi, ou empregados fiéis da marca, como Kazuki Nakajima. Apesar de não se estrearem em Sebring, a sua entrada é aguardada com expectativa, em maio, nos 1000 km de Spa-Francochamps. Que servirá de ensaio para as 24 horas de Le Mans.
Enquanto isso, a Peugeot decidiu retirar-se da competição de modo algo surpreendente, no inicio de 2012, devido aos problemas de vendas que a marca tinha. Havia prejuízos enormes para serem contabilizados em termos de vendas e havia de se fazer sacrifícios, e o bode expiatório foi o seu programa de competição, especialmente a sua equipa na Endurance. Outra retirada sem grande honra e com pouca glória, pois eles quase nunca conseguiram bater a Audi em Le Mans, apesar das vitórias em Sebring e nas corridas de 1000 km, como Spa-Francochamps. Apesar de terem deixado no ar a promessa de um regresso, a maneira como eles decidiram ir embora não deixpou ninguém muito contente.
E por fim, a dominadora Audi. Sim, dominam o panorama da Endurance desde o final do século passado, com modelos como o R8, R10 e o R15, agora com o R18 no seu segundo ano de existência, terá um novo rival à altura, com os Toyotas. A maioria dos pilotos ficaram, como Alan McNish, André Lotterer ou Mike Rockenfeller, mas poderão ter uma temporada mais calma, agora sem os Peugeot e os Toyota ainda na sua fase inicial. Mas não deixam os créditos por mãos alheias, poisa construirão um carro híbrido, um sinal para o futuro da competição.
E ainda tempos a Lola, com a Rebellion Racing, e a Pescarolo, que se aliou à Dome, recuperando o projeto de 2008 e da qual existem grandes expectativas. E o famoso Delta Wing, construido pela Highcroft Racing e a All American Racers, de Dan Gurney, agora associado à Nissan, que lhe forneceu o motor 1.6 a gasolina, e do qual será acompanhado com alto interesse em junho, quando se estreará em La Sarthe.
Se é este o panorama na LMP1, a LMP2 também tem muitos motivos para ser seguida. Os chassis da Lola, sejam eles próprias ou compradas pela Lotus e rebatizadas com o seu nome, vai ser uma categoria que valerá a pensa ser seguida, ainda mais que existirão mais alguns construtores, como a ORECA, a Zytek e até a novata Morgan, graças à OAK Racing, do britânico Lord Dryson. E claro, a Honda, com a sua marca HPD, onde se espera que haja muita competição, embora muitos desses chassis façam uma visita à europeia Le Mans Series. Para não falar dos carros de GT que andarão por aí. Corvettes, McLarens, Ferraris e Porsches marcarão a sua presença, apesar de existirem categorias próprias, como o Mundial de GT1.
Cavalheiros, liguem as máquinas. A temporada vai começar!
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