O Rali de Portugal acontecerá só na semana que vêm, mas este sábado, dezenas de milhares de pessoas vieram a um ponto em particular para ver carros de ralis literalmente... a voar. Tinha visto fotos ontem à tarde, na preparação na zona do Confurco, onde desde as habituais roulotes das tasquinhas até caravanas, e os mirones a encherem aquilo, lentamente, a relembrar tempos já idos.
Fafe-Lameirinha e o seu salto é tão importante para o imaginário como Ouninpohja, na Finlândia, ou o Col de Turini, nos Alpes franceses, a caminho do Mónaco. Se forem ver os videos editados do Antti Kalhola, podemos ver que os três locais estão muito bem representados em todos eles. E com Jean Todt na FIA e Michele Mouton a representar a Federação nos Ralis, há essa esperança no passado. E o espectáculo de hoje é um primeiro ensaio nesse sentido. Um ensaio muito bem sucedido, diga-se.
Para os adeptos "hardcore", um Rali de Portugal "a sério" tem de passar pelo Norte, tem de passar por Arganil, por Fafe e por Figueiró dos Vinhos, tem de ter classificativas de madrugada, porque foi aí que a fama do rali como sendo um dos melhores do mundo, nos anos 70 e 80, se acentuou e que hoje em dia, com o rali concentrado no Alentejo e Algarve, só demonstra, para essa gente, que o rali só tem nome e muito pouco de carisma e que foram para lá como forma de preservá-lo no quadro do Mundial de Ralis. Como se tivesse de pagar um preço para conseguir esse lugar tão precioso no Mundial.
O resultado é um pouco secundário, diga-se. Mas ver aquela gente toda a saltar, Löeb, Latvala, Solberg, Hirvonen, Al-Attiyah, Armindo... onze anos depois da última vez, foi um momento altamente vivido por aquela gente. E a esperança de que Carlos Barbosa, o homem atrás do ACP - Automóvel Clube de Portugal - refaça o percurso do rali para Norte e convença as equipas que vale a pena regressar ao passado, ficou viva. E os adeptos "harcore" reviveram tudo outra vez.
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