(...) no final de 1991, a Coloni estava à venda. A equipa nunca tinha alcançado a qualificação desde meados de 1989, quando teve dois carros e Roberto Moreno como piloto. Tentativas em 1990, com o "boxer" da Subaru e com pilotos como Bertrand Gachot, Pedro Matos Chaves e Naoki Hattori deram em zero e Coloni decidiu vender a sua equipa - menos competitiva que as melhores equipas da Formula 3000 - a preço de desconto a Sassetti.
Andrea Sassetti era um jovem industrial, então com 32 anos, com interesses na industria do calçado, mas que também tinha casas noturnas em Itália. Personalidade algo controversa, achava que a Formula 1 seria o melhor canal para publicitar o seu nome. Com a compra da equipa Coloni, ficou com grande parte do "staff" e o chassis C4, alargando-a para dois carros. Adquiriu motores V10 da Judd e dois pilotos italianos: Alex Caffi e Enrico Bertaggia. (...)
(...) Entretanto, Sassetti mandou os carros para Kyalami, e montou um deles para Alex Caffi porque... não havia peças suficientes para o segundo carro. E mecânicos também. Mas apesar de ter dsado umas voltas na quinta-feira da corrida, a FIA excluiu-os por causa da história dos cem mil. Sassetti, contrariado mas não vencido, pagou. E pediu à Simtek para que encomendasse um novo chassis a Nick Wirth, porque ele sabia que com aquele C4 da Coloni, não ia a lado algum.
Wirth aproveitou o chassis desenhado para o projeto abortado da BMW em 1990 - que depois se batizaria de S921 - e modificou o suficiente para estar conforme os regulamentos de segurança de então. Em pouco tempo, os carros foram feitos e enviados às peças para o México, mas não ficaram prontos a tempo de darem umas voltas no Autódromo Hermanos Rodriguez. Caffi e Bertaggia, que aproveitaram o fim de semana para apanhar sol nas bancadas mexicanas, acharam que aquela brincadeira foi longe demais e foram embora. Mas como Sassetti não queria dar de vencido, afirmou que os tinha despedido. E foi sem testes, "shakedowns" ou pilotos que a equipa foi ao Brasil, a terceira prova do ano. (...)
Faz agora vinte anos que surgiu aquela que é, provavelmente, a pior equipa da história da Formula 1. Quem cresceu nessa altura certamente conhece as histórias da Onyx, Coloni, Eurobrun ou Life. Mas nenhuma destas equipas, por mais má que seja a sua história, consegue bater nos pontos a história da Andrea Moda, um projeto liderado por um excêntrico italiano, Andrea Sassetti, que quis aproveitar a Formula 1 como montra para se mostrar ao resto do mundo.
E de facto mostrou: a sua falta de profissionalismo, bem como os desempenhos pífios dos seus carros, do qual os pilotos tentavam fazer milagres atrás do volante, como fez Roberto Moreno no Mónaco, deram nas vistas no "paddock". E as coisas foram assim durante mais de meia época, até ao GP da Belgica, altura em que Sassetti foi preso por fraude fiscal, e a FIA excluiu de vez a equipa na Formula, 1, pois segundo eles, tinha manchado a reputação da mesma. A partir de hoje, no Portal F1, conto em duas partes a história da pior equipa da história da categoria máxima do automobilismo.
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