Caro Tony Brise:
O calendário passou o teu dia de nascimento, e confesso que não reparei de todo. Talvez seja por causa do pouco tempo que tenho, por vezes, para olhar as horas - tem dias que mais pareço o coelho do Alice no País das Maravilhas... chegaste a lê-lo quando eras criança? - que sentar-me à frente do meu computador, sem nada por fazer, nestes dias que correm, é quase um feito. Mas cá estou, e mesmo que não seja no teu dia de anos, vou recordar-te a este mundo que deixaste para trás, a uma idade incrivelmente jovem. Tão jovem que deveria ser proíbido levarem-te talentos como tu.
De facto, eras talentoso. No teu tempo não era nada normal ver-se pilotos de 23 anos a correrem na categoria máxima do automobilismo. Era mais "Donohues" e "Brambillas", que corriam com quase 40 anos, ou como o teu patrão, que no inicio de 1975 julgava ainda alcançar as glórias de Fangio, ao correr com 46 anos, muito depois dos seus dias de glória. Ainda continuava a gostar de correr, era esse o seu espírito, mas o seu corpo já tinha sido quebrado demasiadas vezes...
Acho que ficarias espantado com Frank Williams, o primeiro que viu algum talento em ti. O tipo que mendigava dinheiro para manter a sua estrutura de pé, tornou-se campeão do mundo graças à sua persistência. Encontrou meia dúzia de árabes cheios de dinheiro, pintou o carro com as suas cores e foi campeão do mundo em menos de dois anos. Acho que terias gostado de guiar para ele de novo, apesar de da primeira vez, teres ido para substituir o Jacques Laffite. Outro piloto que teve uma excelente carreira depois da tua partida.
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E é isso que acontece em todos os que se foram demasiado cedo: aquela ideia de que poderiam ter dado muito mais do que deram. Hoje em dia não morre ninguém, e podemos ver toda esta nova geração a dar o seu melhor. Isto é, aqueles que conseguem cá chegar. A morte já não é um impedimento, agora é o dinheiro!
Onde quer que estejas, caro Tony, dê um abraço a essa gente toda, e diz que sentimos muito a sua falta. Por aqui, tentaremos recordar-te a ti, que terás sempre 23 anos, e aos outros, sempre que pudermos.
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