Existente desde o inicio dos anos 60, formado como campeonato europeu em 1967 e durando até 1984, altura em que mudou de nome para Formula 3000, a Formula 2 regressou ao ativo em 2009 por obra e graça de Max Mosley, no sentido de reduzir custos, uniformizando tudo: chassis, pneus e até organizadores, fazendo com que fosse a Motorsport Vision, firma dirigida pelo ex-piloto Jonathan Palmer, a tomar conta do negócio.
E a ideia era, também, que a Formula 2 fosse uma maneira mais barata dos jovens puderem prosseguir na formação até à Formula 1. O vencedor estava garantido um teste com a Williams de Formula 1, e quem sabe, chegasse à categoria máxima do automobilismo. O primeiro ano foi um sucesso, apesar da sombra que foi o acidente mortal de Henry Surtees, na ronda de Brands Hatch, a 18 de julho desse ano. O espanhol Andy Soucek foi o grande vencedor, e em 2010, continuou a mesma coisa, com o britânico Dean Stoneman o campeão, antes deste interromper a sua carreira para tratar de um cancro testicular.
Este final de semana, no meio da Formula 1, IndyCar ou WTCC, a Formula 2 vai ter o seu começo no circuito de Silverstone. E pela lista de inscritos, está-se a ver que a ideia de correr a baixo custo já não é por si só, uma fator atraente. Apenas dezasseis carros irão alinhar na corrida britânica, e é muita coisa, menos normal: há quatro suiços, quatro britânicos, e outros pilotos vêm de sítios... estranhos. Há um iraniano, Kourosh Khani, um romeno, Mihai Marinescu, e Axcil Jeffires, um piloto britânico de 17 anos que corre sob licença... do Zimbabwe.
Mas mais interessante é ver dois repententes: o bulgaro Plamen Kralev e o indiano Parthiva Sureshwaren. Digo isto porque pela idade que têm, já deveriam estar longe disto: Kralev tem 39 anos, Sureshwaren tem 31. O primeiro é mais um "gentleman driver" com dinheiro e que tem espírito para correr. O segundo tem experiência de A1GP, sem grandes resultados. E os dois não são grandes pilotos nesta categoria: ambos vão para a sua terceira temporada, e o melhor que conseguiram foi três décimos postos, dois para o bulgaro, um para o indiano.
Claro, esta lista de inscritos não está fechada. Nada impede que outros carros apareçam nas jornadas seguintes, mas isto demonstra duas coisas: primeiro, a crise que se vive na Europa e um pouco pelo resto do mundo, que se verifica em grelhas de partida cada vez mais mirradas, quer na Formula 2, quer também na Formula 3, na GP2, na GP3 e na Formula Renault. A Formula 3 britânica teve 14 carros a correr na sua jornada inaugural, na semana passada, a GP2 tem um pelotão de fraca qualidade, e a GP3, apesar de ainda faltar um mês para o inicio da temporada, ainda não encheu o pelotão e já viu uma das suas equipas, a Tech 1, ir embora e a ser substituída pela Ocean Racing.
E chegamos a este ponto: não haverá categorias a mais nesta rampa de acesso à Formula 1? E os custos não começam a ser astronómicos? E mais: que garantia é que se dá para que o vencedor chegue ao seu sonho, que é a Formula 1? No caso da Formula 2, muito pouco: não está agarrada à Formula 1, como estão a GP2 e a GP3, e nenhum dos vencedores chegou lá. Soucek bem tentou, mas não conseguiu. E Stoneman ainda está em processo de tratamento. O italiano Mirko Bortollotti foi o campeão de 2011. Ainda é cedo para se dizer se vai para a Formula 1, mas é um protegido da Ferrari. Pode ser que sim, mas as garantias são efémeras.
Em suma: ao chegar à sua quarta temporada, a nova Formula 2 parece não conseguir ser bem sucedida na sua missão de recrutar as maiores esperanças automobilísticas. A falta de uma quota real na Formula 1 parece ser o principal motivo, mas também, com tantas categorias existentes e a combater umas contra as outras, que hipóteses terá?
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