Podem faltar cinco dias para o GP do Bahrein, mas já lá estão alguns jornalistas para ver com os seus próprios olhos a realidade. E de facto, confirmam algumas das coisas que se falava antes: os "cocktails molotov", as manifestações diárias, as balas de borracha, as bastonadas. Ando a seguir, via Twitter, as aventuras de jornalistas como Byron Young, Will Buxton e Ian Parkes, que contam sobre as manifestações e as angustias de um país que quer passar a ideia de que nada se passa e os incidentes são obra de "gangues armados".
Claro, todos eles falam de um dilema moral no jornalismo. Will Buxton, por exemplo, fala disso no seu mais recente post do seu blog. Eis um extrato desse post:
"O jornalista que tenho dentro de mim, e o estudante de politica também dentro de mim, diz-me que devo ir ao Bahrain e ver os dois lados da história, para ouvir os argumentos do lado do governo e dos protestantes. Os meus colegas Ian Parkes, Byron Young e Kevin Eason estão a fazer isso esta semana. E estão a fazer isso não como jornalistas políticos, mas como jornalistas de desporto. E de uma certa maneira, tenho vergonha que estas pessoas foram colocadas nesta posição pelos seus empregadores, e de uma certa maneira, pelo desporto em si. Porque são obrigados a arriscar as suas vidas. Eles estão aqui para falar de automobilismo... não sobre protestos, motins, gás lacrimogéneo e 'cocktails molotov'".
Eu diria que eles fazem bem em ver como é a situação pelos seus próprios olhos, para terem uma ideia do que se passa. E se há algum exagero nos relatos de violência - até eu reconheço isso - sejamos honestos: eles existem. E continuo a defender que a ida da Formula 1 para aquele sítio não é mais do que uma "sarna" para se coçar. É um magneto que se agravará a cada hora que se passa, à medida que contaremos os minutos para a realização do Grande Prémio. Não ficaria surpreendido se na sexta feira saiam centenas de milhares de pessoas nas ruas e marchassem para o circuito, para mostrar ao mundo que o país não está em paz. E a mesma coisa no sábado e no domingo. É disso que tenho receio e provavelmente, caso se tente isso, os confrontos serão inevitáveis.
E isso vai em claro contraste com a noticia que a Vanessa Ruiz contou esta tarde no Twitter, que Felipe Massa irá levar a sua mulher e filho para a "boca do lobo", o Bahrein. O piloto brasileiro pode não estar nas boas graças na Ferrari, e isso poderá estar a perturbar os seus pensamentos. Mas mandar a sua família para lá quase denota irresponsabilidade. Ou será ele a pagar a segurança da sua família?
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