Faltam 14 dias para o GP do Bahrein, e a cada dia que passa, as coisas parecem extremadas. Se as autoridades barenitas, apoiadas por Bernie Ecclestone, querem passar a imagem de "business as usual", um incidente neste final de semana de Páscoa veio lembrar a mim e ao resto do mundo que as manifestações desportivas não passam imunes aos desejos de qualquer "maluco" de dar nas vistas. Não aconteceu no Bahrein, mas sim... em Londres.
Quem viu a famosa regata entre Oxford e Cambridge viu o episódio da pessoa que se atirou ao rio Tamisa e conseguiu interrompe-la, colocando-se a meio dos dois barcos, arriscando a sua vida, pois o perigo de levar com uma pazada de um dos remos era bem real. Retirado da água, foi detido por momentos, e a regata foi reatada com algum atraso. Claro, o incidente foi importante, pois estamos a falar de uma cidade que dentro de alguns meses, no final de julho, irá receber os Jogos Olímpicos.
E isso fez-me lembrar outro incidente, bem mais antigo, mas com os mesmos objetivos: o rapto de Juan Manuel Fangio, em Cuba, em 1958, pelos revolucionários do Movimento 26 de julho, comandados por Fidel Castro. O rapto pode ter durado pouco menos de 48 horas, mas foi mais do que suficiente para que Fangio não pudesse largar para a corrida. Corrida essa que cedo foi interrompida devido a um acidente que matou oito espectadores.
Com os incidentes e as ameaças por parte dos grupos locais, a cada dia que passa, os receios são maiores e mais fundados. A chegada da Formula 1 ao pequeno emirado do Golfo Pérsico fará mais mal do que bem, isso todos nós sabemos. Atrairá um povo em raiva - na sua maioria, xiita - contra a família real - que é sunita - e causará má reputação à categoria máxima do automobilismo, que passará a ideia de que está atrelada aos mandos e desmandos de um baixote de 81 anos, que estará ali porque a família real dá 40 milhões de dólares só para passar ao resto do mundo uma aparência normal.
Todos sabemos que não é assim, e o que mais receamos é que aconteçam estes dois incidentes que referi acima: ou alguém a correr na pista, para perturbar os treinos ou a corrida, ou um grupo que tente raptar - ou pior, matar - alguém ligado às equipas, manchando irremediavelmente o final de semana automobilistico. E é esse o maior receio, a menos de duas semanas do Grande Prémio.
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