Não sei se o Mónaco é a corrida mais aguardada do ano, mas que é a mais conhecida de todas, é. O lugar, as pessoas, o circuito... é tudo diferente, e provavelmente é a unica corrida do clanedário do qual Bernie Ecclestone perfere cortejar o Principe Alberto e dar um desconto no preço. Afinal de contas, a Formula 1 precisa do Mónaco para dar um ar de respeitabilidade, e atrair o jet-set mundial. É assim desde 1955 e tem de continuar a ser assim até ao dia do Juízo Final.
Depois da pole-position que não foi - Michael Schumacher fez o melhor tempo, mas foi Mark Webber que ficou com o lugar - as expectativas da corrida eram algumas, como por exemplo, a possibilidade de chuva à hora da corrida. De facto, os céus estavam encobertos, mas a pista estava seca à hora da partida. E até o sol fez a sua aparição, para assistir à habitual confusão na primeira curva.
Isso aconteceu com o Lotus de Romain Grosjean, que acabou por largar muito mal e acabou espremido por Fernando Alonso, que por sua vez apertou Michael Schumacher, e acabou com a suspensão quebrada, devido ao pião que efectuou e colocou fora de pista o japonês Kamui Kobayashi. Pedro de la Rosa e Pastor Maldonado também acabaram no muro, mas noutro incidente diferente. Resultado final: Safety Car em pista nas primeiras voltas.
Quando o Mercedes saiu da pista e deu lugar aos carro de corrida, as coisas ficaram relativamente chatas, com Webber na liderança e os outros a ter de aguentar, em fila indiana, numa corrida que todos esperavam fazer com duas paragens. Enquanto isso, o sol desapareceu e deu lugar às nuvens que ficaram progressivamente carregadas, e fazendo com que todos começassem a vigiar os radares Doppler, vendo se iria chover ou não. A meio da corrida, um aviso: que iria chover nos próximos cinco minutos. Esse tempo esgotou e... nada. Nada aconteceu. Os céus decidiram aguentar-se por mais um bocado, enquanto que as mudanças nas primeiras posições aconteciam depois das trocas de pneus.
Nas voltas finais, as coisas começaram a movimentar-se. O céu, já de si escuro, piorou bastante, e a chuva fez uma - muito tímida - aparição. E de repente, lembrei-me de 1982 e das suas três voltas finais, onde uma fina camada de chuva causou uma hecatombe. Mas na pista, a disposição era de outra corrida clássica: Jarama 1981, onde Mark "Villeneuve" Webber aguentava os ataques de Nico Rosberg, Fernando Alonso, Sebastian Vettel e Lewis Hamilton, com Felipe Massa não muito distante. Com a incerteza da chuva, houve quem arriscasse, como Jean-Eric Vergne. A aposta fracassou, mas valeu pela tentativa. Apostou, falhou.
As coisas pareciam crescer de expectativa, mas no final, a chuva não apareceu em força para baralhar as coisas e Mark Webber tornou-se no sexto vencedor diferente no campeonato do mundo de Formula 1 de 2012. Foi a segunda vitória do ano para a Red Bull, fazendo com que seja a primeira equipa a repetir as vitórias nesta temporada, mas o equilibio é, e continua a ser, a nota dominante. Adrian Newey acompanhou-o ao pódio para ouvir os hinos e cumprimentar o Principe Alberto, e depois fugiu do champanhe.
Para fechar o "top ten", Massa foi sexto e Bruno Senna o décimo. Pela primeira vez nesta temporada, ambos acabaram nos pontos, e provavelmente já podem respirar um pouco melhor dentro das suas equipas. Aliás, Bruno Senna compensou largamente as asneiras de Pastor Maldonado na primeira volta... e por falar em retiradas, esta foi a corrida mais penalizadora até agora: apenas 15 carros chegaram ao fim. E o senhor da volta mais rápida é pela segunda vez nesta temporada, um piloto da Sauber: Sergio Perez acabou na 11ª posição e tornou-se no primeiro mexicano a consegui-lo desde o GP de França de 1968, com Pedro Rodriguez ao volante.
Com isto, a classificação continua assustadoramente equilibrada. Fernando Alonso, que sobe ao pódio pela terceira vez nesta temporada - segunda consecutiva - é o lider do campeonato, mas apenas com três pontos de diferença sobre Sebastian Vettel e Mark Webber. Lewis Hamilton tem menos dez pontos do que a dupla da Red Bull, mas tudo está em aberto. Ainda por cima, a próxima corrida é o GP do Canadá, dentro de duas semanas, a 10 de junho, e esta normalmente é agitada, quer faça sol ou chuva...
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