Praticamente um mês depois dos
Williams terem dominado o GP do Brasil, com Nigel Mansell e Riccardo Patrese a
darem uma volta a praticamente toda a concorrência, máquinas e pilotos estavam
em Barcelona para disputarem a quarta prova do ano, e a primeira em terras
europeias.
A FIA tinha decidido antecupar
naquele ano a corrida tinha de Setembro para Maio, para não coincidir muito com
os Jogos Olímpicos, que naquele ano eram realizados naquela cidade espanhola,
apesar de oficiosamente ter recebido o nome de “Grande Prémio dos Jogos
Olímpicos”. É que nessa altura, Bernie Ecclestone tentava seduzir o Comité
Olímpicos Internacional para que incluísse a Formula 1 na festa olímpica…
Nos cabeçalhos não estavam só a
Williams e as aventuras da Andrea Moda, mas também estava a Brabham, que se
arrastava para os seus agonizantes dias, que muitos temiam ser os do fim.
Devido ao incumprimento do pagamento de uns patrocinadores, Giovanna Amati foi
dispensada – e assim acabava a aventura da piloto italiana na Formula 1 – e no
seu lugar ia Damon Hill, filho de Graham Hill e piloto de testes da Williams.
Mas a caminho da pista, parte da
carga da Brabham fora retida na fronteira franco-espanhola, pois a equipa tinha
dívidas por pagar e os credores tentaram parar os camiões para servir de penhor
para as dívidas existentes. Contudo, os carros tinham conseguido entrar em
Espanha e participar no fim de semana de Grande Prémio.
Quem já lá estava e a tentar a
sua sorte, era a Andrea Moda, que resolvidos os problemas que tivera com a
Super-Licença do britânico Perry McCarthy, iria tentar a qualificação para o
Grande Prémio. Roberto Moreno fez o seu melhor, mas o motor rebentou após
apenas dez voltas, enquanto que McCarthy andou apenas… 18 metros , porque o seu
motor também explodiu.
Como seria de esperar, Nigel
Mansell fez o melhor tempo na qualificação, mas o Benetton de Michael
Schumacher estava ao seu lado na grelha de partida. Ayrton Senna, no seu
McLaren, foi o terceiro, seguido pelo segundo Williams de Riccardo Patrese.
Ivan Capelli era o quinto, conseguindo a rara proeza de superar o seu
companheiro, Jean Alesi, que era apenas o oitavo. Entre eles estava o segundo
Benetton de Martin Brundle, o sexto, e o McLaren-Honda de Gerhard Berger, o
sétimo. A fechar os dez primeiros estavam o March-Ilmor de Karl Wendlinger e o
Ligier-Renault de Eric Comas.
Dos quatro infelizes que iriam
ver a corrida das boxes, dois deles eram surpreendentes: o Jordan-Yamaha de
Stefano Modena e o Larrousse-Lamborghini de Ukyo Katayama. Eric Van De Poele e
Damon Hill não tinha conseguido qualificar os seus Brabham para a corrida.
No domingo, dia da corrida, o
tempo estava nublado, com chuva torrencial e fazendo alagar a pista. Numa época
onde o Safety Car não existia, a corrida começou com Patrese a conseguir passar
Senna e Schumacher para ficar com o segundo lugar, enquanto que atrás, Alesi
conseguia também uma partida-canhão, para ficar com o terceiro posto. Senna,
que se dava bem na chuva, teve uma má largada e caíra para sétimo, mas depois
passou dois pilotos e no final da primeira volta, era quinto.
Na volta sete, Schumacher passou
Alesi e ficou com o terceiro posto, e depois Berger tentou a mesma manobra.
Contudo, o austríaco toca no piloto da Ferrari e provoca um pião, fazendo com
que o francês caísse duas posições, atrás de Senna e Capelli. As coisas se
mantiveram assim nas voltas seguintes, até à 20ª passagem pela meta, quando
Patrese despistou-se e ficou preso na gravilha. Por essa altura, a chuva era
mais intensa e os pilotos tinham dificuldades em se manter em pista.
Mansell mantinha-se na frente,
mas não era incomodado por Schumacher, que tinha Senna e Berger atrás de si.
Pouco depois, Alesi foi às boxes e encetou uma corrida de recuperação, no
sentido de recuperar o maior numero de lugares possível. Em pouco tempo,
aproximou-se e passou sem problemas o McLaren de Berger, e depois passou a
pressionar o outro McLaren de Senna. A batalha pelo terceiro posto fora dura,
mas a duas voltas do final, ficou resolvida quando o brasileiro cometeu um raro
erro e acabou na gravilha, ao mesmo tempo que Ivan Capelli também acabava da
mesma forma. Apesar de tudo, ambos os pilotos classificavam-se,
respectivamente, no nono e décimo posto.
Indiferente ao que se passava com
os seus adversários, Nigel Mansell dominava a seu bel-prazer, conseguindo a sua
quarta vitória consecutiva, um recorde na altura. Schumacher chegava no segundo
lugar, a sua melhor posição até então, e o seu terceiro pódio consecutivo. Jean
Alesi era o terceiro e conseguia o primeiro pódio do ano para a Ferrari. Nos
restantes lugares pontuáveis ficaram o McLaren de Gerhard Berger, o Footwork de
Michele Alboreto e o Dallara de Pierluigi Martini.
Logo na estreia do Benetton B192, Michael Schumacher consegue um bom 2º lugar.
ResponderEliminarAté a terceira prova do campeonato (África do Sul, México e Brasil), a Williams fez três dobradinhas (1-2 com Mansell e Patrese) e a prova na Espanha foi a primeira que não aconteceu em 1992.
Não fosse a rodada de Ayrton Senna e Jean Alesi vinha com tudo para "atropelar" o McLaren número 1 do capacete amarelo e conquistar (com justiça) o 3º lugar nas últimas três voltas da prova.
Notas:
- 25ª vitória de Nigel Mansell 50º pódio (até então);
- 55ª vitória e 140º pódio da Williams e
- 100º grande prêmio da Benetton.