Por estes dias, na Europa, vivem-se temos de austeridade, com cortes na despesa, falta de dinheiro para colocar os negócios a funcionar e desemprego a subir em flecha, principalmente entre os jovens. A ironia é que estamos a falar de países onde se investiu imenso na educação - Espanha, Itália, França, Portugal, Grécia, etc..., e com uma juventude altamente preparada, provavelmente a mais e melhor preparada da História.
Porém, este domingo, na Grécia e França, votou-se contra a austeridade. O povo foi soberano e se em terras de Platão e Aristotles, a situação virou um saco de gatos - mas a castigar os partidos pró-troika - em França, Francois Hollande bateu Nicolas Sarkozy numa segunda volta de umas eleições presidenciais. E pela primeira vez em 31 anos - quando Francois Mitterand bateu Valery Giscard D'Estaing - a França não reelegeu um presidente da República.
O que isto tudo tem a ver com a Formula 1? Mais do que se julga. É que com a eleição de Hollande, a Formula 1 pode não regressar à França em 2013, como muitos acreditam que isso aconteça. Isto por duas razões: a primeira será no próximo dia 15, quando tomar posse como Presidente da República. E o segundo acontecerá daqui a um mês, a 10 de junho, quando os franceses voltarão às urnas para votar para a Assembleia Nacional e o Senado, e tudo indica que o Partido Socialista irá vencer com uma confortável maioria, desalojando a UMP, de Nicolas Sarkozy e Francois Fillon (o primeiro-ministro) do poder. E Hollande, em termos de desporto, já avisou que com ele no governo, não haverá Formula 1.
Hollande, de 57 anos, foi jogador de futebol na juventude na sua Rouen natal, e tem opiniões fortes sobre o desporto. Para ele, há "desportos de esquerda e desportos de direita". Gosta de futebol, atletismo e... boxe. E sobre o automobilismo, tem opiniões fortes: "Acho que a Formula 1 não tem lugar no desporto numa era da luta contra o aquecimento global e da redução das emissões perigosas para a atmosfera", disse numa entrevista de campanha, captada no jornal português i.
E sobre a corrida em si, afirmou isto: "Não acho que o Estado deva financiar isto. Há causas urgentes que cheguem, não é preciso contribuir com dezenas de milhões de euros para conseguir este Grande Prémio".
Se o governo de Francois Fillon - um reconhecido admirador de automobilismo - ainda não assinou o acordo, então tem muito pouco tempo para o fazer, pois com o novo poder, muito provavelmente as negociações estarão interrompidas indefinidamente.
E isso será, por exemplo, uma grande desilusão para Jean Todt, o baixinho que é o presidente da FIA, que prometeu durante o seu mandato trazer a Formula 1 de volta a França, afastada desde 2008 do circuito de Magny Cours. E caso voltasse em 2013, o candidato principal seria Paul Ricard, no sul do pais, e iria alternar com o circuito belga de Spa-Francochamps, o que desgostaria os adeptos, cada vez mais revoltados com as escolhas do baixinho Bernie Ecclestone.
É certo que uma coisa é o que se diz em campanha, outra coisa é o que o que se faz quando se chega ao poder. Mas a sensação que se fica é que quando no mês passado, Francois Fillon fez uma conferencia de imprensa, para não dizer muita coisa sobre o Grande Prémio, parece que perdeu uma oportunidade única para fechar o "dossier" e ter o GP francês de regresso, a partir do ano que vêm. E enquanto Ecclestone for vivo, os GP's europeus tendem a ser cada vez mais uma miragem, à medida que os contratos chegam ao fim e a crise económica não dá sinais de abrandamento...
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