O desfecho das 500 Milhas de Indianápolis, ontem à tarde, causou e está a causar - como seria de esperar - discussões nas redes sociais e noutros sítios. Há quem achou que a manbora foi tremendamente estúpida e acusou Sato de não ter cérebro e de ter estragado uma corrida perfeita. Vi no Twitter a quantidade de pessoas que chamaram de "burro" e "idiota" a Takuma Sato, imediatamernte a seguir à sua manobra na Curva 1, no inicio da última volta, quando quis ultrapassar Dario Franchitti e resultou num pião que o fez bater no muro, destruindo o seu carro e terminando a corrida em bandeiras amarelas, com a vitória do escocês de 39 anos, a terceira da sua carreira, depois de ter conseguido o mesmo em 2007 e 2010.
Sobre isso, o Emerson Fittipaldi colocou no Facebook sobre o que aconteceu: "Achei a manobra do Takuma Sato ousada mas impaciente, ele poderia ter segurado mais uma reta para passar o Dario, e provávelmente venceria a prova, a situação lembrou um pouco o meu final lá em 1989..."
Há quem ache que a manobra de Sato é de loucos, e há quem também diz que o acidente foi causado por um ligeiro toque de Franchitti no japonês, que o fez desequilibrar e entrar em despiste. A verdade é que o escocês não o toca em momento algum. As rodas estiveram próximas, é certo, mas Sato pisou a linha branca, e isso foi-lhe fatal para o equilibrio do carro.
Muitos dizem que é por isso e outras coisas que os japoneses não ganham nada no automobilismo. Isso é verdade, mas depois vejo qual é a foto do dia, o "meme" do momento. É o carro de Kamui Kobayashi com as rodas no ar, na Curva Ste. Devote, no Mónaco, com ele a terminar de forma muito permatura a sua participação na edição deste ano do Grade Prémio. E pensando um pouco mais, chego à seguinte conclusão: isto tem a ver com a mentalidade japonesa. No final, tem a ver com o samurai que está dentro deles, essa mentalidade que está intrincada desde crianças, desde os seus tempos de karting.
Os japoneses são assim: ou venço ou vou contra a parede. Eles tentarão sempre, porque sabem à partida que as suas hipóteses de sucesso serão de 50 por cento. E essa percentagem é melhor do que zero, como sabem. E não se conformam, pensando cerebralmente que o segundo lugar é ótimo e fico por ali, ou que poderei ter uma chance mais adiante. Apareceu, vou aproveitar, não importam as consequências. Provavelmente, é a unica coisa que chamo a atenção no caso de Sato, que poderia ter esperado mais adiante para atacar, na Reta Oposta, por exemplo, e assim entrava nos livros de história como o primeiro japonês a vencer as 500 Milhas de Indianápolis.
Mas depois... pensamos assim. Porque é que gostamos de sujeitos como Gilles Villeneuve? Porque é que gostamos do Kamui Kobayashi e o chamaos de "mito"? Porque foram e são verdadeiros e adoram correr, não desistem nunca. É como dizia o Ayrton Senna: "Compito para vencer, e se ver uma chance, aproveito-a. Se não aproveitar a chance para passar, deixo de ser um piloto de corridas". É por isso que Senna se tornou num ídolo para os japoneses: porque pensava como eles.
Quanto ao Sato? Apesar de tudo, aplaudo de pé pela sua manobra ousada. Ao menos tentou, e isso deve ser valorizado. Acabou mal, mas se acabasse bem, hoje todos falariam unanimemente da sua vitória e da manobra arrojada que tinha feito na Curva 1, afirmando que seria tão mítica como o pião do Danny Sullivan em 1985, por exemplo. Contudo, vai para a galeria dos "quases", como o do J.R. Hildebrand, no ano passado, que deu a Dan Wheldon uma vitória caída do Céu.
"To finish first, you must first to finish", mas agradeço ao Takuma Sato pela sua manobra. É por isso que gostamos do automobilismo.
Contudo, a diferença entre Ayrton Senna e os japoneses nas categorias de ponta é que o brasileiro foi tricampeão.
ResponderEliminarApesar disso, não me lembro de manobra de Ayrton semelhante à de Sato. A batida com Alain Prost em Suzuka, 1989?
Talvez, mas isso aconteceu por outras circunstâncias, alheias à competição em pista. E Alain fechou a porta também, colaborou para o fato.
Sato foi afobado. Ele tinha mais uma chance, na reta oposta, lá ele teria mais chances de conseguir vencer a prova.
Sobre Takuma, Daniel Médice foi lapidar (de novo)
ResponderEliminarVencer ou bater tentando.