É tendência dos que correm que os vários desportos, principalmente os que atraem mais gente, se tente por parte das entidades que os organizam, em algo cada vez mais rentável. Desde o mershandising até aos canais pagos e exclusivos, tudo está a ser feito para que os desportos sejam lucrativos, e esses lucros sejam distribuidos pelos clubes - quer sejam futebol, basebol ou basquetebol, no caso da NBA - e a tendência está a ser seguida, desde há mais de dez anos a esta parte, por parte da Formula 1, e em particular, de Bernie Ecclestone.
Foi ele que, no inicio dos anos 70, quando era apenas mais um empresário de pilotos e dono da Brabham, se apercebeu do poder da televisão, que transmitia estes grandes prémios para dezenas - e depois centenas - de milhões de pessoas um pouco por todo o mundo, quer na Europa, quer nos Estados Unidos e depois na Ásia. Cedo se assegurou de negociar esses direitos televisivos em nome das equipas, daí a criação da FOCA em 1978, que depois como se viu, serviu de "lobby" e testa de ferro para realizar as ambições de Ecclestone em controlar o negócio da categoria máxima do automobilismo.
Desde meados da década de 80 do século XX se viu o poder da televisão por cabo, onde se podia caber dezenas de canais graças a um sistema de fios, em vez das ondas hertezianas que levavam os canais tradicionais, que tinham de ser em número limitado devido a questões fisicas - Leis da Física, leia-se. Mas a partir da década de 90, na Europa, com o fim dos monopólios estatais nessa área, a explosão dos canais privados e das operadoras de TV por Cabo, novas oportunidades surgiram para a publicidade, de uma era de expansão. E ao mesmo tempo, novas experiências, como a dos canais pagos, em que se paga um extra para ter conteúdos exclusivos, começaram a surgir.
O futebol, sendo o desporto numero um um pouco por todo o mundo, era o alvo mais fácil, e de uma certa forma, é o sustentáculo de todos os canais pagos existentes um pouco por toda a Europa, pois são eles que têm os direitos dos principais campeonatos: inglês, espanhol, italiano, francês, alemão, etc... mas os outros desportos, à excepção talvez do basket, não tem muitas hipóteses de sobrevivência se transferirem os seus direitos para os canais pagos. Podem fazê-lo, claro, mas o dinheiro que conseguem é uma parte infima do que pagam pelo futebol, e só dá muito certo se os grandes clubes europeus tiverem secções de determinada modalidade.
Contudo, Bernie Ecclestone tem um velho sonho: quer colocar a Formula 1 em canais pagos, pois acha que a multidão certa, que esteja disposta a pagar mais um extra pela exclusividade, daria para aumentar os fluxos de dinheiro que tanto deseja. É certo que hoje em dia, isso valha cerca de um terço das receitas, tanto quanto o dinheiro que é dado pelos proprietários dos circuitos e os seus respectivos governos locais. aos poucos e poucos, isso vai acontecendo, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, e a partir deste ano, isso foi alargado para a Grã-Bretanha, onde a BBC achou que os custos eram demasiado altos e cedeu parte desse direitos à Sky, que fez um canal pago dedicado à Formula 1, onde os seus assinantes pagam cerca de 440 libras por ano.
Até agora, os resultados tem sido interessantes. Apesar do inevitável decrescimo de audiência, esta estancou-se em cerca de 40 por cento daquilo que a BBC tem normalmente, quando transmite as corridas em sinal aberto. Não foi a catástrofe anunciada, mas assegurou um mínimo aceitável. E achou que a experiência é um sucesso tal que vai fazer a mesma coisa a partir de 2013 na Sky Italia, fazendo com que pela primeira vez desde que há TV em Itália, as corridas não sejam mais transmitidas na pátria de Enzo Ferrari.
Se há sucesso a curto prazo, isto vai ter consequências a médio e longo prazo. A primeira delas é que isto, para além de enxotar os anunciantes, vai transformar este desporto num gueto, do qual só os fãs mais "hardcore" irão acompanhar isto. O desaparecimento da Formula 1 dos canais de televisão mais "mainstream", quer em termos de noticias, quer em termos de transmissão direta, não vai fazer com que todos esses fãs emigrem para os canais pagos, desembolsando determinada quantia para ver corridas em direto. Na realidade, creio até que muitos deles perferem ver as transmissões "piratas" do que a gastar dinheiro para tal. Se por aqui, em Portugal, muitos juram que "nunca darei um tostão por estes chulos", quando se refere à Sport TV, imagina então os britânicos ou no futuro, os italianos, quando tiverem de pagar para ver as corridas de Formula 1?
Aliás, o Joe Saward fazia esta semana uma pergunta, quando observou os pilotos, mecânicos e jornalistas, colados nos ecrãs de Montreal, a ver os jogos daquele dia: O Euro 2012 estava a ver a Formula 1? O que ele queria perguntar era se as seleções que estavam nos seus centros de estágio, os Torres, os Pirlos, os Cristianos Ronaldos, os Rooneys, etc, estavam ansiosos por ver o GP do Canadá, como estava toda aquela gente no "paddock"? Provavelmente, 90 por cento daqueles que estariam nos seus centros de estágio, ou os jornalistas que os acompanham, não estavam tão ansiosos para ver o GP canadiano. E isso, provavelmente, poderá ser porque a Formula 1 está crescentemente - pelo menos na Europa - está a virar as costas às massas, em busca de mais dinheiro...
Em jeito de conclusão, hoje em dia, as coisas podem estar mais desenvolvidas, mas arrisca-se a que isto, a médio prazo, seja mais prejudicial do que benéfico. A Formula 1 de hoje em dia não é mais um desporto, é mais um espectáculo, como a luta livre. E se os mais novos não vêm isto, arrisca-se no futuro a uma bomba-relógio demográfica. Cortando no acesso livre aos espectadores, via televisão, só o "guetizará" ainda mais porque o automobilismo nunca foi um desporto de massas. Como se já não bastasse os custos cada vez mais exorbitantes, este é outro passo no rumo deste desporto ser cada vez mais uma brincadeira de ricos, que acontecem em sitios obscenamente luxuosos nas arábias, porque serão os unicos que estarão dispostos a pagar as cada vez mais exorbitantes somas exigidas por Ecclestone. Porque por essa altura, não terá nem espectadores ou patrocinadores que sustentem o espectáculo.
O futebol, sendo o desporto numero um um pouco por todo o mundo, era o alvo mais fácil, e de uma certa forma, é o sustentáculo de todos os canais pagos existentes um pouco por toda a Europa, pois são eles que têm os direitos dos principais campeonatos: inglês, espanhol, italiano, francês, alemão, etc... mas os outros desportos, à excepção talvez do basket, não tem muitas hipóteses de sobrevivência se transferirem os seus direitos para os canais pagos. Podem fazê-lo, claro, mas o dinheiro que conseguem é uma parte infima do que pagam pelo futebol, e só dá muito certo se os grandes clubes europeus tiverem secções de determinada modalidade.
Contudo, Bernie Ecclestone tem um velho sonho: quer colocar a Formula 1 em canais pagos, pois acha que a multidão certa, que esteja disposta a pagar mais um extra pela exclusividade, daria para aumentar os fluxos de dinheiro que tanto deseja. É certo que hoje em dia, isso valha cerca de um terço das receitas, tanto quanto o dinheiro que é dado pelos proprietários dos circuitos e os seus respectivos governos locais. aos poucos e poucos, isso vai acontecendo, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, e a partir deste ano, isso foi alargado para a Grã-Bretanha, onde a BBC achou que os custos eram demasiado altos e cedeu parte desse direitos à Sky, que fez um canal pago dedicado à Formula 1, onde os seus assinantes pagam cerca de 440 libras por ano.
Até agora, os resultados tem sido interessantes. Apesar do inevitável decrescimo de audiência, esta estancou-se em cerca de 40 por cento daquilo que a BBC tem normalmente, quando transmite as corridas em sinal aberto. Não foi a catástrofe anunciada, mas assegurou um mínimo aceitável. E achou que a experiência é um sucesso tal que vai fazer a mesma coisa a partir de 2013 na Sky Italia, fazendo com que pela primeira vez desde que há TV em Itália, as corridas não sejam mais transmitidas na pátria de Enzo Ferrari.
Se há sucesso a curto prazo, isto vai ter consequências a médio e longo prazo. A primeira delas é que isto, para além de enxotar os anunciantes, vai transformar este desporto num gueto, do qual só os fãs mais "hardcore" irão acompanhar isto. O desaparecimento da Formula 1 dos canais de televisão mais "mainstream", quer em termos de noticias, quer em termos de transmissão direta, não vai fazer com que todos esses fãs emigrem para os canais pagos, desembolsando determinada quantia para ver corridas em direto. Na realidade, creio até que muitos deles perferem ver as transmissões "piratas" do que a gastar dinheiro para tal. Se por aqui, em Portugal, muitos juram que "nunca darei um tostão por estes chulos", quando se refere à Sport TV, imagina então os britânicos ou no futuro, os italianos, quando tiverem de pagar para ver as corridas de Formula 1?
Aliás, o Joe Saward fazia esta semana uma pergunta, quando observou os pilotos, mecânicos e jornalistas, colados nos ecrãs de Montreal, a ver os jogos daquele dia: O Euro 2012 estava a ver a Formula 1? O que ele queria perguntar era se as seleções que estavam nos seus centros de estágio, os Torres, os Pirlos, os Cristianos Ronaldos, os Rooneys, etc, estavam ansiosos por ver o GP do Canadá, como estava toda aquela gente no "paddock"? Provavelmente, 90 por cento daqueles que estariam nos seus centros de estágio, ou os jornalistas que os acompanham, não estavam tão ansiosos para ver o GP canadiano. E isso, provavelmente, poderá ser porque a Formula 1 está crescentemente - pelo menos na Europa - está a virar as costas às massas, em busca de mais dinheiro...
Em jeito de conclusão, hoje em dia, as coisas podem estar mais desenvolvidas, mas arrisca-se a que isto, a médio prazo, seja mais prejudicial do que benéfico. A Formula 1 de hoje em dia não é mais um desporto, é mais um espectáculo, como a luta livre. E se os mais novos não vêm isto, arrisca-se no futuro a uma bomba-relógio demográfica. Cortando no acesso livre aos espectadores, via televisão, só o "guetizará" ainda mais porque o automobilismo nunca foi um desporto de massas. Como se já não bastasse os custos cada vez mais exorbitantes, este é outro passo no rumo deste desporto ser cada vez mais uma brincadeira de ricos, que acontecem em sitios obscenamente luxuosos nas arábias, porque serão os unicos que estarão dispostos a pagar as cada vez mais exorbitantes somas exigidas por Ecclestone. Porque por essa altura, não terá nem espectadores ou patrocinadores que sustentem o espectáculo.
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