O Mundial de Ralis vive tempos agitados. Não tanto em termos de marcas - Ford, Citroen e Volkswagen estão confirmados para 2013, enquanto que a Mini também está comprometida, mas não se sabe a que nível - mas sim em termos de patrocinadores e pilotos. Na última semana e meia, dois importantes patrocinadores decidiram retirar-se de cena, primeiro o organismo de turismo de Abu Dhabi e agora a gigante de telefones móveis de origem finlandesa, a Nokia.
Esta terça-feira, depois do Rali da Acrópole, a FIA juntou os organizadores dos vários ralis do mundial e lhes pediu, com máxima urgência, um plano financeiro de um ano, caso quisessem manter as suas provas no calendário de 2013. Segundo o jornalista Martin Holmes, esta exigência era particularmente dura: para além dos 140 mil euros necessários para garantir o seu lugar no calendário, a FIA exige mais cem mil euros para a cronometragem, acompanhamento e custos televisivos. Algo completamente diferente dos tempos da North Sport One, onde para além de não pagarem nada disso, ainda recebiam 25 mil euros pela cedência de direitos televisivos à companhia.
Estes quase 250 mil euros que a FIA está agora a exigir aos organizadores, num curto espaço de tempo possivel - onde dias, mais concretamente - está a causar revolta entre alguns dos organizadores, pois surge na pior altura possivel. Muitos deles lutam para ter dinheiro suficiente para pagar as despesas, e mais este encargo está a ser visto como um pretexto para excluir alguns ralis para colocar no seu lugar pelo menos dois ralis que se avizinham e que fazem parte dos famosos BRICS: Brasil e Africa do Sul, já apalavrados.
Um dos organizadores, que perferiu ser não identificado, afirmou que estas exigências são incompatíveis: “Obviamente que são tempos difíceis para a FIA, depois de ter perdido o apoio do Abu Dhabi e agora da Nokia. Temos estado na cena do WRC há cerca de 40 anos e nunca conhecemos tempos como estes. Se o campeonato continuar na sua forma atual, não faz sentido. Cada organizador está a perder dinheiro nos eventos de WRC atualmente. Quem é que pode estar à espera de pagar esta verba suplementar – e especialmente quem é que consegue comprometer-se [com o acordo] em menos de duas semanas?”, referiu.
E continua, em tom de ameaça: “Penso que se eles [a FIA] esperam que todos assinem e fiquem satisfeitos estão muito enganados”.
Jarno Hahonen, o presidente da comissão do WRC, afirmou à Autosport britânica que a taxa suplementar é a consequência da perda de uma entidade como a North One Sport: “Com a atual ausência de um promotor, o campeonato precisa de investimento dos construtores, organizadores e da FIA. É também necessário para cobrir os custos de cronometragem, acompanhamento e produção de televisão”, afirmou.
A FIA deseja publicar uma lista provisória a 15 de junho, data do próximo conselho mundial, provavelmente com a inclusão da Africa do Sul e do Brasil no calendário, mas sobre esse último, caem dúvidas sobre a sua realização. Pelo menos no pensamento de um dos participantes no Mundial, Paulo Nobre.
“Se tivermos de contar com a federação brasileira, esqueçam o WRC no Brasil. Eles não dão qualquer suporte para os ralis nem mesmo para o Todo-o-Terreno. O campeonato nacional de ralis no Brasil está gravemente doente. Portanto penso que se um dia o WRC for para o Brasil será porque um grande patrocinador assim o quer. As pessoas gostam de ralis, mas esperar pela federação, esqueçam.", comentou para a Autosport portuguesa.
Em suma, a tempestade rebentou inesperadamente no Mundial de Ralis. Como será que isto irá acabar?
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