Uma carreira que poderia ter sido maior do que foi na realidade. Esta poderia ser a melhor frase para definir o que foi a carreira de Chris Irwin no automobilismo. Um dos produtos britânicos do seu tempo, chegou á Formula 1 onde mostrou as suas potencialidades a bordo da BRM, chegando até à equipa principal. Contudo, numa prova da Endurance, sofreu um grave acidente nos 1000 km de Nurburgring sofrendo graves danos físicos, e sobretudo psicológicos, ao pontos de durante anos, nada se saber dele. No dia em que faz 70 anos, falo sobre a breve carreira de Chris Irwin.
Nascido a 27 de junho de 1942 em plena "blitz" londrina, Irwin vinha de uma familia que detinha uma firma de impressão e encadernação de livros. A sua chegada ao automobilismo, em 1960, aos 18 anos, veio ao acaso, quando decide tentar a sua sorte num fim de semana em Snetterton, como "hobby" para os seus estudos no London College of Printing. Vendo que tinha jeito para a coisa, decide inscrever-se na Jim Russell Racing School, conseguindo bons resultados e cedo inscreve um Lotus 18 para correr na Formula 2 e Formula 3.
Nos anos seguintes, as suas performances melhoram ao ponto de, na temporada de 1965, ao serviço da equipa "Chequered Flag", que corria com chassis Brabham. Os seus bons resultados no campeonato, contra pilotos como Piers Courage e Peter Gethin, fazem com que comece a ser notado por Jack Brabham, que o convida para correr na sua equipa de Formula 2 na temporada de 1966. Os bons resultados fazem com que a Brabham o convide para correr num dos seus carros no GP da Grã-Bretanha, ao lado de Dennis Hulme e Jack Brabham. Em Brands Hatch, Irvin faz uma boa corrida, acabando na sétima posição, à porta dos pontos.
No final desse ano, com a experiência nas Formulas, mas sem sinal de ser contatado pela Brabham, Irwin foi abordado pela BRM com um contrato para correr com eles. A ideia era simples: iria correr a temporada de 1967 na Reg Parnell Racing, como um "estágio", para aprender, e caso os resultados fossem positivos, iria para a equipa principal na temporada de 1968. Um contrato a longo prazo e sem pressões que Irwin aceitou de pronto. Tinha o apoio da Shell, o suficiente para que John Surtees o convidasse para correr na sua equipa de Formula 2
Estreando-se na terceira corrida do ano, em Zandvoort - com um Lotus 25 - Irwin adaptou-se rapidamente à competição, conseguindo os seus primeiros pontos em Le Mans, palco do GP de França, ao ser quinto classificado num BRM P83. A corrida francesa foi o seu grande momento de glória, quando nos treinos de sexta-feira, com um motor V8 mais velho, conseguiu ser melhor do que Stewart. No dia a seguir o escocês, algo zangado, trocou de lugar, fazendo com que Irwin ficasse com o H16, mais susceptível de falhas. E mesmo assim, foi melhor do que Stewart, ao ficar no nono lugar da grelha, à frente do escocês. Na corrida, andou muito tempo no quarto posto, até que uma falha de motor na última volta o faz baixar para o quinto posto. No final da temporada, os dois pontos alcançados na prova francesa lhe deram a 16ª posição final.
Na temporada de 1968, a BRM decidiu cumprir a sua parte no trato, dando-lhe um lugar na equipa, já que Jackie Stewart tinha ido para a Matra, apesar da entrada de Pedro Rodriguez na equipa. Contudo, Irwin também participava noutras corridas, nomeadamente na Endurance. E Irwin tinha decidido participar nos 1000 km de Nurburgring a bordo do novo Ford P68, que seria o sucessor do GT40, inscrito pela equipa de Alan Mann.
O carro era bonito, mas pouco competitivo. E para piorar as coisas, era instável. Nos treinos, Irwin estava a guiar na Flugplatz quando perdeu o controle do seu carro, virando-se no ar e aterrando de cauda, destruindo-se. Irwin sofreu um grave traumatismo craniano, que o colocou no hospital por vários meses. E isso viria numa má altura para a Formula 1 e para a marca, pois poucas semanas antes, Mike Spence tinha morrido e um lugar na equipa oficial da BRM era mais do que inevitável...
Irwin não mais voltou a competir e desapareceu dos radares por muitos anos, muitos julgando que nem teria sobrevivido ao acidente. Contudo, em 2006, reencontrou um velho parceiro de corridas e voltou de uma certa maneira aos seus contactos longamente perdidos. Dois anos depois, em 2008, a revista britânica Motorsport fez uma matéria sobre Irwin, onde afirmou que vive os seus dias em Rutland e que por vezes tem pesadelos sobre o seu acidente em Nurburgring. Mas de uma certa maneira, está bem de saúde.
Caro Amigo:
ResponderEliminarSeu blog é sempre uma aula de automobilismo, parabéns. Muito bom reencontrá-lo.