Quinze dias depois do mundo ter visto Nigel Mansell a sagrar-se campeão do mundo em Budapeste, máquinas e pilotos rumavam a Spa-Francochamps para o GP da Belgica, a primeira de cinco provas que ainda tinham de correr para cumprir calendário até ao final daquela época. Nessa altura, tinha havido muitas modificações no pelotão. A primeira novidade tinha sido o desaparecimento da Brabham, afogada em dívidas, ela que tinha alinhado na corrida anterior apenas com Damon Hill.
No lado dos pilotos, também havia novidades. A March tinha substituido Paul Belmondo pelo italiano Emanuelle Naspetti, enquanto que na Minardi, Christian Fittipaldi estava de regresso, após três corridas de ausência para se recuperar de uma acidente que tinha causado uma fissura na sua coluna vertebral.
Com estas ausências, isso significava que não era necessária uma pré-qualificação, colocando os Andrea Moda no meio do resto do pelotão. Mas isso era uma pequena boa noticia, porque por essa altura, os problemas de Andrea Sassetti eram sobejamente conhecidos e a equipa era mais uma comédia de enganos do que propriamente algo profissional. E a gota de água foi a prisão de Sassetti devido a dividas.
Mas a comédia teve depois elementos de drama, quando na sexta-feira, o Ligier de Eric Comas se despistou violentamente na zona de Blanchimont. O primeiro carro a chegar foi o de Ayrton Senna, que parou e foi a correr para desligar o carro acidentado, salvando a vida do piloto francês. O gesto foi aplaudido por muitos.
Na qualificação propriamente dita, o Williams-Renault de Nigel Mansell foi o melhor, seguido pelo McLaren-Honda de Ayrton Senna, enquanto que na segunda linha estavam o Benetton de Michael Schumacher e o segundo Williams de Riccardo Patrese. Jean Alesi era o quinto, no seu Ferrari, na frente do segundo McLaren-Honda de Gerhard Berger. Thierry Boutsen era o sétimo, no unico Ligier que acabou por participar no fim de semana belga, seguido do Lotus de Mika Hakkinen. A fechar o "top ten" ficou o segundo Benetton de Martin Brundle e o segundo Lotus de Johnny Herbert.
Os quatro que ficaram de fora, para além dos Andrea Moda de Roberto Moreno e Perry McCarthy, ficaram também o Minardi de Christian Fittipaldi e o Ligier do acidentado Eric Comas, pois ele não tinha sido autorizado pelos médicos a alinhar na corrida. Pouco depois dessa qualificação, Bernie Ecclestone e Max Mosley tomaram a decisão de excluir a Andrea Moda do pelotão da Formula 1.
A corrida começou com ameaça de chuva, mas na partida, o piso estava seco. Senna a partir melhor do que Mansell, enquanto que atrás, Berger partia a embraiagem e acabava a corrida nas primeiras centenas de metros. O britânico da Williams deixa Senna liderar por volta e meia antes de o passar na Blanchimont. Contudo, pouco depois, a chuva cai e o piso fica progressivamente molhado, fazendo com que os pilotos trocassem os pneus para chuva. Com isso, Patrese - que tinha passado Senna - ficou com o comando.
Pouco depois, foi a vez de Patrese, com Senna a ficar com o comando. O brasileiro pensava que a chuva iria passar em breve, mas tal não aconteceu. Assim, também teve de ir às boxes, perdendo posições. O comando voltou para Mansell, com Patrese e Schumacher logo a seguir. As coisas ficaram assim até à 30ª volta, altura em que a pista começou a secar.
Nessa altura, Schumacher sofre um pequeno despiste na zona de Stavelot e decide ir imediatamente para as boxes, colocando pneus para seco. A aposta tinha sido bem sucedida, pois a partir dali, o alemão passou a ganhar tempo em relação aos Williams, que não reagiram de imediato. Quando o fizeram a troca, o alemão passa para a frente da corrida. Mansell carrega para tentar apanhar o alemão, mas tem problemas com o escape do seu carro e abranda o ritmo. Patrese tenta apanhá-los mas o seu carro também sofre alguns problemas e o máximo que faz é apanhar Martin Brundle para o terceiro posto.
No final, Michael Schumacher, aos 23 anos e um ano depois da sua estreia na Formula 1, naquele mesmo local, conseguia a sua primeira vitória na categoria, com Nigel Mansell e Riccardo Patrese a ladearem-no no pódio. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram o Benetton de Martin Brundle, o McLaren de Ayrton Senna e o Lotus de Mika Hakkinen.
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