terça-feira, 23 de outubro de 2012

GP Memória - Japão 1992

Um mês depois de terem corrido em paragens portuguesas, máquinas e pilotos estavam do outro lado do mundo, mais concretamente no circuito de Suzuka, para correr o GP do Japão, penúltima prova de uma temporada dominada pela Williams. Nos dias que tinham antecipado a corrida japonesa, havia muitas jogadas de bastidores, com os rumores a correrem fluidos pelo "paddock".

Primeiro que tudo, o britânico Nigel Mansell, que tinha dito que iria para os Estados Unidos, estava em negociações avançadas para correr na principal equipa da categoria, a Newman-Haas, ao lado do seu ex-companheiro de equipa nos tempos da Lotus, Mário Andretti. Na McLaren, com a Honda a anunciar que iria embora de vez da Formula 1, Ron Dennis queria assegurar os motores da Renault, ficando com o contrato da Ligier, enquanto que negociava com o americano Michael Andretti, filho de Mário, e com o finlandês Mika Hakkinen, da Lotus. Isto porque... Ayrton Senna pensava em fazer o mesmo que Alain Prost: um ano sabático.

Mas no meio dos rumores, as certezas: a Ferrari tinha dispensado Ivan Capelli das duas últimas corridas do ano, subsituindo-o pelo seu compatriota Nicola Larini, piloto de testes da marca, ao mesmo tempo que anunciava ter voltado a contratar Gerhard Berger, depois de uma primeira passagem entre 1987 e 1989. Na Benetton, Riccardo Patrese iria ficar ao lado de Michael Schumacher na temporada seguinte, indo para o lugar de Martin Brundle.

Na March, a falta de dinheiro fez com que decidiram dispensar mais cedo o austriaco Karl Wendlinger (que já tinha assinado para o novo projeto da Sauber) e no seu lugar contrataram o veterano holandês Jan Lammers, que regressava à Formula 1 batendo um recorde: era o piloto que tinha ficado mais tempo ausente entre corridas, dez anos ao todo.

A qualificação foi decidida na primeira sessão, porque na segunda, que decorreu no sábado, aconteceu debaixo de chuva torrencial. E assim sendo, o melhor foi Nigel Mansell, que foi melhor do que Riccardo Patrese. A segunda fila tinha os McLaren de Ayrton Senna e Gerhard Berger, enquanto que na terceira estavam o Benetton de Michael Schumacher e o Lotus de Johnny Herbert, que conseguira ficar na frente do seu companheiro, Mika Hakkinen. Eric Comas era o oitavo, no seu Ligier-Renault, enquanto que a fechar o "top ten" estavam o Tyrrell-Ilmor de Andrea de Cesaris e o segundo Ligier-Renault de Thierry Boutsen.

Os Ferrari tinham batido em baixo: Nicola Larini era 11º, usando um carro com suspensão ativa, enquanto que Jean Alesi não tinha passado do 15º posto na grelha.

A corrida começou com Mansell a afastar-se velozmente do resto do pelotão. Tão velozmente que no final da primeira volta tinha um avanço de três segundos sobre Patrese. Senna era o terceiro, mas no inicio da terceira volta, o seu motor Honda explode e a sua corrida termina muito mais cedo do que previa. Berger herda o terceiro lugar, mas pouco depois, vai às boxes, acabando por voltar à pista atrás de Schumacher e dos dois pilotos da Lotus. Contudo, foi por pouco tempo, porque Berger viu Schumacher (na volta 13) e Herbert (na 15ª volta) a abandonarem devido a problemas na caixa de velocidades.

Na volta 22, Mauricio Gugelmin bateu forte com o seu Jordan-Yamaha perto da zona das boxes e Mansell passou por cima dos destroços, correndo o risco de furo. Parou imediatamente nas boxes e isso foi seguido por mais alguns dos pilotos da frente, beneficiando Berger e o Benetton de Martin Brundle, que tinham ido mais cedo às boxes e ficaram na pista. Mas isso não afetou os que iam na frente, pois Mansell e Patrese já tinham um avanço considerável.

Mas na volta 36, Mansell começa a ter problemas com o funcionamento do seu carro. Primeiro veio lentamente, e Patrese aproveitou para ficar com o primeiro lugar. O carro de Mansell voltou a funcionar e tentou apanhar o piloto italiano, mas na volta 42, o motor foi-se de vez e Patrese ficou mais confortável na liderança.

No final, Patrese conseguia por fim a sua primeira vitória da temporada, na frente de Berger e de Martin Brundle. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram o Tyrrell de Andrea de Cesaris, o Ferrari de Jean Alesi e o Minardi de Christian Fittipaldi, que conseguia assim o seu primeiro ponto da sua carreira.

2 comentários:

  1. Paulo,

    o ano de 1992 foi um massacre das Williams...

    e como é bom recordar boas provas como foi essa aí no Japão...

    abs...

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  2. Com o 6º lugar de Christian Fittipaldi no GP do Japão, ele marca o primeiro ponto na categoria e também o único da Minardi em 1992. A última vez que um represente da família Fittipaldi pontuou foi há 12 anos, 5 meses e 7 dias com o Emerson Fittipaldi no GP de Mônaco de 1980 (6º lugar).

    Ayrton Senna teve a "despedida" curta em Suzuka com problemas no motor Honda na 2ª volta. O piloto brasileiro não teve a chance de homenagear o público japonês no autódromo como queria.


    Notas:

    - Riccardo Patrese venceu pela 6ª e última vez na Fórmula 1. Com a vitória, ele reassumia a 2ª posição (de forma definitiva) com 56 pontos no campeonato e ultrapassando dois pilotos que também brigava pela posição de honra e abandonaram a prova japonesa: Ayrton Senna com 50 pontos (3ª posição) e Michael Schumacher com 47 pontos (4ª posição);

    - 30ª pole de Nigel Mansell e também a 30ª volta mais rápida na prova (última na carreira);
    - 30º pódio de Gerhard Berger na Fórmula 1;
    - 61ª vitória da Williams e
    - 41ª vitória do motor Renault.

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Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...