No seu tempo, chegar a velho era um feito digno de subir o Monte Evereste. Chegar ao final da carreira sem morrer era como se tivesse ganho a lotaria. E se calhar foi isso: mais do que vencer títulos mundiais - que não conquistou - Froilan Gonzalez passou para a história como sendo o primeiro piloto a dar uma vitória à Ferrari na Formula 1, em Silverstone, e hoje em dia é o último sobrevivente de uma geração já distante para todos nós.
No dia em que ele faz 90 anos, recupero uma entrevista que o jornal português i fez a ele no ano passado, quando se comemoraram os 60 anos da primeira vitória da Ferrari na Formula 1. Enzo Ferrari tinha conseguido o seu primeiro grande objetivo na vida, bater os Alfa Romeo, marca onde começou a sua carreira e onde quis mostrar a eles que o génio era ele e não a marca. Quando o conseguiu, após muito tempo de lutas nas pistas um pouco por toda a Europa, o Commendatore afirmou que "foi como se tivesse matado a minha própria mãe".
Mas Froilan Gonzalez tinha outro estado de espírito, como afirmou nessa entrevista: "A diferença é que o Alonso [vencedor do GP da Grã-Bretanha de 2011] voltou de avião, com certeza, e eu de carro, um Alfa 1900, guiado pelo Juan [Fangio]. Além de nós, a minha mulher. Fomos até Milão. Lá, onde vivíamos, agarrei no Fiat Millecento e desci até Modena para saudar o 'viejo' Ferrari. Ele estava animado, diz que chorou de alegria, e enviou um telegrama de ''condolências'' a Orazio Satta-Puglia, director desportivo da Alfa Romeo."
- E o Froilán, como se sentia?
- "Mais contente que o Diabo."
Os ingleses dessa geração reverenciam Gonzalez. Há uma história que se conta que, quando Jackie Stewart desembarcou em Buenos Aires, no inicio de 1972, para disputar o GP da Argentina, foi à procura de Froilan Gonzalez, com uma fotografia na mão, no sentido de lhe pedir um autógrafo. Ele, campeão do mundo no ano anterior, pela segunda vez na sua carreira, ainda sentia reverência por ele, mesmo com todos os títulos ganhos, todas as vitórias conquistadas, todo o respeito alcançado pela sua geração.
Hoje em dia, apesar dos seus 90 anos, ainda é reverenciado na sua Argentina natal, por tudo que conquistou e por ser um dos últimos de uma geração que já pertence aos livros de história. Uns, como Farina, Ascari, Hawthorn, Collins e outros, foram embora com estrondo, enquanto que outros, como Fangio, Jack Brabham e Maurice Trintignant, chegaram à velhice como uns "Elder Statesman" do automobilismo, com as novas gerações a descobrirem-nos e a afirmarem a sua admiração. Destes, só ele, Moss, Brabham e pouco mais é que estão vivos. E o tempo está a acabar para eles.
Assim sendo, feliz aniversário, Froilan Gonzalez!
Salve Froilan!
ResponderEliminarLonga vida Campeão!
Grande Froilán!
ResponderEliminarGracias por el recuerdo.
Abrazos!