Esta foto junta três famílias, três nomes automobilísticos do qual o Brasil descobriu ao longo de 40 anos serem sinónimos de vitória. De colocarem o país nas bocas do mundo e em troca receber a admiração e o respeito de toda a gente. E claro, os seus descendentes sofrem com a pressão de milhões para que sejam iguais aos pais, ou seja, vencerem corridas e serem campeões. Afinal de contas, foram oito títulos mundiais que o Brasil comemorou, que os coloca na terceira posição do "ranking", atrás da Grã-Bretanha e da Alemanha.
Mas por incrivel que pareça, apenas por duas vezes é que um Senna, um Piquet e um Fittipaldi estiveram juntos numa mesma pista. A primeira foi num teste em Jacarépaguá, em 1984, com Emerson num Spirit, Ayrton num Toleman e Nelson num Brabham. Emerson voltava a experimentar um carro de Formula 1, Ayrton dava os primeiros passos na categoria máxima do automobilismo e Nelson era recém-bicampeão. E a segunda vez, 29 anos depois, aconteceu... num evento de karting.
Aqui podem ver Nelson Piquet Jr., filho de Nelson, Bruno Senna, sobrinho de Ayrton, e Pietro Fittipaldi, neto de Emerson. Pietro é o mais novo, tem 15 anos, mas com uma grande experiência na NASCAR, onde foi bem sucedido. Bruno tem 29 anos e Nelson Jr. com 27, e ambos com passagens pela Formula 1 mais ou menos sucedidas. Se Bruno ainda luta para conseguir um lugar para 2013, Nelson Jr. deixou a categoria em 2009 e é feliz na NASCAR, a construir o seu caminho para ser dos primeiros estrangeiros a serem bem sucedidos numa categoria "redneck", o último reduto dos pilotos americanos.
Os três estiveram juntos este fim de semana no Desafio Internacional das Estrelas, uma competição criada por Felipe Massa no kartódromo Beto Carreiro, em Santa Catarina. Uma coisa levada na brincadeira, mas a cada ano que passa, é abrilhantada por pilotos estrangeiros de Formula 1: Fernando Alonso, Kamui Kobayashi, Jaime Alguersuari, Sebastien Buemi...
Os brasileiros sempre tiveram altas, quase exageradas expectativas sobre eles. Eles queriam que os filhos, sobrinhos e netos repitam os feitos dos pais, tios, avôs, para voltarem a viver as manhãs de domingo, onde acordavam para ver a bandeira brasileira flutuando no ar, no lugar mais alto do pódio, para poderem gritar ao resto do mundo que eram brasileiros com muito orgulho e muito amor. Quando viram que eles não iam cumprir o destino dos pais, ficaram naturalmente desiludidos pelos resultados. Mas isso já seria de esperar, depois de se ver que Piquet Jr. teve um percurso exatamente contrário ao do pai e Bruno Senna pagou a fatura de estar dez anos sem competir após a morte do tio.
Nelson Piquet Jr. virou costas à Formula 1 e tenta ser feliz à sua maneira na NASCAR. Quanto a Bruno Senna, tenta mostrar que não é um piloto mediano na Formula 1, mas não tem muitas hipóteses. E não acredito que tenha lugar em 2013, mesmo com a carteira recheada que têm. Creio que ele vai para o DTM, e não volta mais à Formula 1. Mas acho que não deveria encarar isso como um fracasso, mas sim como uma libertação: ser feliz noutra categoria, cumprir o destino de ser piloto.
Quanto ao Fittipaldi neto, ainda tem muito para percorrer. Julgava que iria ficar na NASCAR, a fazer uma carreira longe dos monolugares. Mas parece que o avô e a família este ano decidiu que, vendo o talento do neto e o "feedback" que teve com as vitórias na América, irá tentar a sua sorte nos monolugares. Veremos no que vai dar, e desejo-lhe sorte. Mas espero que seja forte psicologicamente porque os brasileiros estão ansiosos - continuam ansiosos - para poder gritar ao mundo que são os maiores no automobilismo, num "complexo de vira-lata" do qual temo que nunca será resolvido...
Enfim... é melhor olhar para esta foto e apreciar a raridade do momento.
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