Esta é uma semana para lembrarmos de todos os pilotos que fazem - ou faziam anos. E são quatro, pelo menos: Alain Prost, Francois Cevért, Sebastien Löeb e Mário Andretti. Três franceses e um italo-americano, e hoje, como é dia para celebrarmos os 39 anos do alsaciano, era uma boa altura de lembrar de alguém que dominou os ralis durante mais de uma década e venceu nove títulos mundiais, todos seguidos.
O palmarés de Löeb é impressionante: sendo fiel à Citroen, em 165 ralis - deverá fazer mais dois ate fechar a sua carreira em 2013 - conseguiu 77 vitórias, 115 pódios, 864 triunfos em classificativas e 1594 pontos. Tudo isto desde o Rali da Catalunha de 1999, local da sua estreia no WRC, quando existiam monstros sagrados como Carlos Sainz, Didier Auriol, Juha Kankkunen, Colin McRae, Richard Burns, Tommi Makkinen, entre outros.
Quando no final de 2012, após o seu nono título mundial, decidiu que era altura de passar das classificativas para as pistas. Ao tomar tal decisão, afirmou isto: “Já não havia nada para ganhar”. Em suma, resumiu-se a velha questão da motivação. Quem conhece o automobilismo sabe que a sua atração baseia-se no factor da imprevisibilidade. Alguém que ande por ali nunca será uma pessoa que goste de trabalhos burocráticos, que fique sentado num escritório das nove da manhã até às cinco da tarde. Nem os pilotos, nem os mecânicos, nem até os espectadores que seguem os ralis - ou outro desporto qualquer - o seguem porque gostam da rotina.
Confesso que, de uma certa forma, senti um alivio quando Löeb disse que iria competir na Endurance e os Ralis passariam a ser mais um "hobby" do que outra coisa. Mas pelos vistos, parece que o "timing" da sua retirada arrisca a ser azarada. É que o quase quarentão poderá estar a privar-nos do maior duelo nos ralis desde os tempos de Marcus Gronholm, com o seu Ford Focus.
Outro Sebastien, Ogier de apelido, aparece nesta temporada de 2013 com um Volkswagen Polo R intensamente testado ao longo do ano anterior para poder entrar nesta temporada a marcar mais do que um mero figurante no Mundial WRC de Ralis. Mais novo que Löeb (29 anos), ele teve uma carreira fulgurante pois cinco ano antes, andava num mero Citroen C2, carro com que se sagrou campeão do mundo Junior.
E bastou temporada e meia para ser provavelmente o maior rival interno que Sebastien Löeb teve. A sua primeira vitória foi no Rali de Portugal de 2010, com o Citroen C4 WRC da Junior Team, e em 2011 estava na equipa principal. Quando viu que a possibilidade de ser superado pelo piloto mais novo podia ser real, fez valer os seus direitos e isso foi mais do que suficiente para que Ogier decidisse rumar para outras paragens, nomeadamente o projeto da Volkswagen.
E pelos vistos, a aposta compensou. Apesar de termos apenas dois ralis disputados em 2013, vimos que o unico rival de Ogier foi... Löeb. Nem Dani Sordo, nem Mikko Hirvonen, nem até o companheiro de equipa de Ogier, Jari-Matti Latvala, foram capazes de acompanhar o piloto da Volkswagen. E sem Löeb pelo caminho, Ogier arrisca a ser o campeão de 2013 sem grande concorrência. Nem da Citroen, nem dos Ford, já que temos de esquecer a Prodrive, vítima da falta de dinheiro para desenvolver o seu Mini.
De uma certa maneira, é uma pena não vermos Löeb em 2013 a tempo inteiro. Creio que um "duelo de Sebastiões" teria sido épico, tal como teve com Marcus Gronholm ou com Mikko Hirvonen. Os adeptos de rali teriam ficado deliciados, mesmo existindo 50 por cento de hipótese do vencedor ser o mesmo. Mas um último duelo da história dos ralis teria sido excepcional.
De qualquer forma... Joyeux Anniversaire, Monseiur Löeb!
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