Acompanhei ao longo deste tempo as suas fases de recuperação e reabilitação do talentoso piloto, agora com 28 anos. E ao longo desse tempo, vi muita gente que colocou o seu "caixão" à porta, afirmando que ele "não iria mais correr em lado algum", que "tinha terminado a sua carreira na Formula 1", etc, etc. Se a parte da formula 1 ainda é uma dúvida do qual precisa de ser respondida, podemos afirmar que, dois anos depois, os relatos da sua morte automobilística foram claramente exagerados.
O seu regresso à competição, em setembro passado, ao volante de um carro de ralis - que irónico! - demonstrou que ele estava com fome de competir e que a sua velocidade não tinha sido perdida em lado algum. Primeiro num Subaru Impreza, depois num Citroen C4 WRC, alternou uma condução de "win or wall": se não vencia, acabava na valeta. E isso era demonstrativo de que não tinha ganho qualquer medo de competir.
No inicio deste ano, a Mercedes convidou-o para dar umas voltas no seu carro de DTM. Aparentemente os responsáveis ficaram tão surpreendidos com a sua velocidade e adaptabilidade ao carro de Turismo que os planos iniciais de fazer uma temporada no European Rally Championship foram colocados "em espera" pois a marca de Estugarda poderia propor-lhe uma temporada no campeonato de turismo alemão. É que ele foi 0,8 segundo mais veloz do que Gary Paffett, o piloto mais rápido da marca das três pontas.
Com o tempo, Kubica demonstra que está a recuperar das suas lesões. Contudo, a grande incógnita é a sua mão direita, definitivamente a parte mais afetada no acidente. Também o seu cotovelo direito precisa de ser avaliado, principalmente quando se fala de uma coisa mais apertada em termos de "cockpit" que é um Formula 1. E é por aí que os detratores continuam a dizer que Kubica "não voltará mais a ser o que era" e que lamentarão "o talento que foi perdido".
O que posso dizer são duas coisas: a subestimação das capacidades do piloto e também a tacanhez das pessoas que ainda se agarram ao dogma de que "automobilismo é Formula 1". Posso afirmar que é falta de cultura, mas posso também afirmar outra coisa: Kubica não chegou à Formula 1 totalmente incólume. No final de 2003, sofreu um acidente de estrada no qual deixou-o lesionado no seu braço direito. Andou com uma placa de titânio, para acelerar a cicatrização da área afetada, e foi com essa placa - e mais dezoito parafusos - que Kubica voltou às pistas, em 2004, andava ele na Formula 3 Euroseries. E voltou em grande: venceu em Norisring, mesmo com o braço ligado e os parafusos.
E com essa história toda, começo a convencer-me que o que aconteceu no Canadá, em 2007, foi um mero... arranhão. Ainda falta ele se sentar num carro de Formula 1, mas cada vez mais acredito que será uma questão de tempo. É muito mais um "quando" do que um "se". E nesse dia, cá estarei para o aplaudir.
Já agora: quem também se lembrou de Kubica foi a minha amiga Serena Navarrete. Se quiserem ler o que ela escreveu, sigam através deste link.
Caro Continental Circus
ResponderEliminarSobre o Kubica, que admirava profundamente e que gostaria de ter continuado a observar na fórmula 1, sou um daqueles que espera ver para crer. Até o ver ser regular e rápido, de forma continuada, numa qualquer competição automóvel, vou continuar a ser ceptico.
Li há algum tempo, que ele tinha testado com a equipa Ford do WRC e tinha sido mais rápido do que os pilotos oficiais. Agora afirma aqui que ele foi mais rápido do que o Paffet 0,8 segundos, mas a Mercedes não se apressou a contratá-lo.
Gostaria de saber, se possível, de onde vem essa sua informação sobre a vantagem que ele obteve no teste. Pois a mim custa-me a acreditar primeiro que o tenha feito, e, segundo, que não tivesse logo assinado com a marca.
Caro LMPA:
ResponderEliminarSobre a informação do teste, direi que esse era o rumor que se corria em Valencia, apesar dos tempos não terem sido divulgados oficialmente. E o rumor foi colocado no Twitter por pessoas como o jornalista britânico Adam Cooper.
A unica coisa que se disse foi que ele fez cerca de 114 voltas ao traçado do Ricardo Tormo, em condições de transição (de piso molhado para piso seco) e que ele não teve qualquer queixa em relação ao seu estado fisico.
Sobre o facto da Mercedes ainda não o ter contratado, quero lembrar-lhe que neste momento, a marca de Estugarda somente confirmou três pilotos no seu plantel de DTM - em seis a saber: Gary Paffett, o canadiano Robert Wickens e o espanhol Roberto Merhi.
Como sabe, a Mercedes atravessa um momento de transição, com a chegada de Christian "Toto" Wolff à equipa e eles poderão estar a pensar quem irão colocar nos lugares em falta no DTM. Uma consulta rápida irá ver que a marca de Estugarda é a unica que não definiu toda a sua equipa.
Acresce ao facto de Kubica ainda não ter decidido sobre a sua temporada - aparentemente, tinha planos para correr no Europeu de Ralis, desconhecendo-se em que carro, mas pode ter voltado atrás - é que se coloca a hipótese de ele poder correr no campeonato alemão de Turismos. Caso a Mercedes não o quisesse, já o teria dito, e ele já teria definido a sua temporada.
Como pode entender, coloco tudo no reino da hipótese e não nas certezas, e esse post é escrito dessa forma.
Obrigado pela clarificação, caro Paulo Teixeira.
ResponderEliminarRepito que muito gostaria de o ver a andar bem num campeonato competitivo. Mas, por enquanto, parece-me que muito do que se diz, como é o caso do desempenho nos testes, é exagerado. Vamos ver mesmo o que faz o polaco este ano, na pista ou nos troços, para começar a ter mais certezas.