Por estes dias, o veterano Stirling Moss viu-se envolvido numa polémica na Grã-Bretanha. O ex-piloto de 83 anos foi acusado de "homofóbico" por ter afirmado que não queria que o seu papel fosse interpretado por um ator homossexual. Numa entrevista ao jornal "Daily Mirror", Moss usou uma expressão pejorativa para afirmar a sua oposição:
“Gostaria que o ator que me interpretasse fosse masculino, não uma "bicha" ou algo do género. Acho que seria difícil para alguém que é homossexual ser persuasivo nesse papel, porque eu passei a minha vida a conduzir carros e a correr atrás de mulheres”, começou por afirmar.
As suas declarações surgiram quando estava a ser entrevistado sobre o filme "Rush", que vai ser estreado em setembro deste ano e que fala sobre o duelo entre Niki Lauda e James Hunt, na temporada de 1976. As reações a tais declarações não se fizeram esperar, com um deles, Peter Thatchel, ter afirmado que Moss usou uma "linguagem homofóbica e vulgar": “É uma pena que um herói do desporto britânico tenha usado essa linguagem vulgar e homofóbica. Preconceito não tem lugar no desporto”, afirmou.
Pouco tempo depois, Moss pediu desculpa pelas suas afirmações: “Peço desculpa se ofendi alguém, mas estou dececionado por alguém ser tão pobre de espírito e tomar isso como uma ofensa. Não tive essa intenção.”, comentou.
Sem querer justificar as afirmações de Moss, procuro entender aquilo que ele afirmou na seguinte forma: estamos a ver alguém que foi educado num determinado tempo. No seu tempo, para terem uma ideia, a homossexualidade era proíbida, com o risco dessas pessoas terem de passar por uma pena de prisão. Somente em 1969 é que esse banimento foi levantado no reino de Sua Majestade. E Moss é o produto de um tempo em que as pessoas que gostam de outras do mesmo sexo eram vistos como "doentes", e que deveriam ser tratados. E claro, essas pessoas eram vistas - ou pretendiam que fossem retratados como - seres efeminados, magros, até cobardes, quando sabemos que em muitos aspectos, são o contrário. E o velho Moss ainda pensa assim, e temia que fosse ao cinema e o seu papel fosse interpretado por um... "larilas".
Na realidade, é um preconceito terrivelmente errado. Há homens encorpados e fortes que são homossexuais. Há até jogadores de rugby que o são, sejam eles assumidos ou não. Há "petrolheads" que são "gays" na própria Grã-Bretanha. O exemplo mais evidente é o ator Stephen Fry, um dos mais conhecidos cómicos britânicos, que adora carros e é homossexual assumido. E muitos sabem que já tivemos, pelo menos, um piloto de Formula 1 "gay" na pessoa de Mike Beuttler, que correu pela March em 1972 e 1973, e que morreu em 1988 em São Francisco, vítima de HIV.
Em suma, o preconceito, quer de Moss, quer de muitos outros, assumidos ou encapotados, existe. E no desporto, o supra-sumo do macho, que se senta na frente de televisão, comendo batatas fritas e bebendo cerveja, por ser o último reduto dos machos viris, tem dificuldade em entender que os homossexuais são mais normais do que ele julga. E está a ver muitos deles a jogar debaixo das suas barbas...
na verdade qualquer tipo de preconceito é errado, não só esse. mas, enfim, bacana ver um texto assim num meio em que esse assunto é quase tabu qnd pululam comentários homofóbicos e machistas todo tempo. a postura do automobilismo nunca foi muito boa quem não atende os modelos heteronormativos. seja o gay, o efeminado que, se não sai comendo todas como o hunt logo é chamado de britney (e não, o fato de rosberg ~não se importar ~ com os comentários não lhes diminui o teor por que: 1. ele mesmo pode introjetar o discurso machista; 2.a questão não é como o alvo das brincaediras se comporta mas sim como se articula o discurso do ~piadista) ou a mulher que quando aparece ou é vista como de qualidade inferiror enquanto pilota (apesar de que isso sumiu um pouco) mas, quase sempre tem seu corpo objetificado: quantas vezes me irritei ao ler um artigo sobre, sei lá, a maria de villota e tinha que ler o jornalista falando de suas ~curvas ou destacando qqr outra parte de seu corpo. e todos nós sabemos que ngm comenta isso sobre o vettel ou o alonso. enfim, já estamos em 2013 e automobilismo ainda é associado a imagem do macho dominador opressor james hunt pego geral. triste. e revoltante.
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