Montreal e o Canadá têm um lugar especial no coração dos adeptos. É a corrida que acontece uma pista que é demasiado curta para os padrões "tilkeanos", é a corrida que acontece sob tempo instável (uns anos debaixo de chuva, outros com um sol abrasador) e uma corrida onde tudo pode ser imprevisível, mesmo que o resto da temporada seja uma chatice pegada. Historicamente, já tivemos pilotos que venceram na última volta, já tivemos erros imperdoáveis (e vitórias orgásticas) e já tivemos vencedores muito populares. É como se por esta altura, o espírito de Gilles Villeneuve descesse ao circuito e decidisse baralhar as coisas. Aliás, o melhor exemplo disso foi quando em 2007 vi um Super Aguri, o de Takuma Sato, a passar um Ferrari, o de Fernando Alonso, e conseguir o seu melhor lugar de sempre, um sexto posto...
E neste ano, a qualificação trouxe um pouco esse espirito: debaixo de tempo instável, vimos Sebastian Vettel a quebrar a sequência de Nico Rosberg e da Mercedes e conseguir aquela que é a sua 39ª pole-position da sua carreira, e vimos também o finlandês Valtteri Bottas a mostrar-se, na sexta prova da sua carreira, algum do seu talento, ao levar o seu Williams-Renault ao terceiro lugar da grelha de partida. A partida para a corrida de hoje, o tempo estava nublado, mas as nuvens faziam a sua aparição, reduzindo as hipótese de chuva para o minimo.
Na partida, Sebastian Vettel conseguiu afastar-se de Lewis Hamilton, enquanto que Valtteri Bottas era engolido pelo pelotão. Atrás, Felipe Massa recuperava posições, chegando em relativamente pouco tempo à zona dos pontos, em algumas das vezes à custa dos erros dos outros, como Adrian Sutil que quando tentou passar Bottas, fez um "360" sem, contudo, bater no muro ou em alguém mais. Pior sorte teve ele mais tarde quando foi batido pelo Williams de Pastor Maldonado, danificando a sua asa traseira. Resultado final: Maldonado foi penalizado... mais uma vez.
As paragens nas boxes foram calmas, com a excepção de Kimi Raikkonen, que viu o seu macaco traseiro a cair quando não devia, custando segundos preciosos. Atrás, Adrian Sutil e Felipe Massa batalhavam por um lugar, com o alemão (de origem uruguaia) a aguentar os ataques do Ferrari do piloto brasileiro. Na frente, Rosberg, Webber e Alonso lutavam pelo terceiro posto. Na volta 30, Rosberg foi superado, primeiro por Webber, depois pelo espanhol da Ferrari.
Na volta 36, um desentendimento entre Webber e o Caterham de Giedo van der Garde fez com que a asa da frente do piloto australiano tivesse partido e ele tivesse perdido. E por causa disso, o piloto holandês levou uma penalização de dez segundos por ter ignorado as bandeiras azuis. Seis voltas depois, o piloto espanhol passou-o e ficou com a terceira posição.
E tivemos de esperar até à volta 46 até que vissemos as primeiras desistências, quando Giedo Van der Garde não aprendeu a lição e bateu em Nico Hulkenberg. Por causa disso, ambos os carros terminaram a sua corrida mais cedo. Mas por esta altura, todos perguntavam: será que Paul di Resta iria aguentar toda a corrida com o mesmo jogo de pneus? Numa altura em que os Pirelli têm fama de maus pneus, ver um piloto aguentar com o mesmo jogo de pneus durante dois terços da corrida era um feito. No final, após 57 voltas, Di Resta parou para colocar um jogo novo. E compensou: no final foi sétimo classificado, em contraste com Adrian Sutil, que para piorar a tarde miserável que teve, ignorou bandeiras azuis e foi penalizado.
Mas nessa altura, as atenções estavam concentradas em Lewis Hamilton e Fernando Alonso. O piloto espanhol lutava para apanhar o piloto inglês da Mercedes, e aos poucos, o Ferrari conseguia. No inicio da volta 64, depois de várias batalhas e tentativas, Alonso conseguiu passar Hamilton e ficar com a segunda posição. Mas o britânico não desistiu e tentou recuperar a segunda posição, mas não conseguiu.
Contudo, adiante de todos, e sem ser incomodado, Sebastian Vettel dominou a corrida. Graças ao seu ritmo, do qual ninguém o apanhou e deu uma volta a toda a gente desde o sexto classificado (!) algo que já não se via há muitos anos. Por fim, Vettel vencia a sua terceira corrida da temprorada, e vencia num circuito onde nunca tinha conseguido, vingando o que aconteceu em 2012, quando viu a vitória escapar na última volta a favor de Jenson Button.
Fernando Alonso era o segundo e Hamilton era o terceiro, no seu Mercedes, enquanto que Jean-Eric Vergne dava à Toro Rosso a sua melhor classificação desde 2008, com um sexto lugar, na frente de Paul di Resta, que mesmo com a penalização, tinha terminado no sétimo posto. Felipe Massa era o oitavo, na frente de Kimi Raikkonen (nos pontos pela 24ª vez consecutiva) e Romain Grosjean. Isso fez com que, pela primeira vez em 65 corridas, um McLaren ficasse fora dos pontos de uma corrida. E Valtteri Bottas, que tinha começado tão bem, acabou a corrida num pálido 14º posto, a uma volta do vencedor.
Agora há mais, daqui a duas semanas, em Silverstone.
Parece que o alemão está as vias do Tetra. Ainda existe muita coisa para acontecer, mas se a regularidade dele continuar junto as vitórias, será complicado alcança-lo.
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