Já se sabe desde a segunda-feira passada que o GP da Índia não estará no calendário em 2014, com o próprio Bernie Ecclestone a fazer o anuncio e a justificar a razão dessa supressão por "motivos de agenda". A ideia inicial era que Bernie queria a corrida para o inicio do ano, provavelmente entre as corridas da China e do Bahrein, mas com isso a acontecer poucos meses depois deste Grande Prémio, correria o risco de ser altamente inviável.
Mas este episódio de "abandono temporário" da corrida indiana (eles prometem que regressará em 2015) levanta algumas questões sobre a necessidade - ou a viabilidade, se quiserem - de ter uma corrida no subcontinente indiano. É certo que é um país extremamente populoso - mais de mil milhões de habitantes, pouco menos do que a China - mas ao contrário do Império do Meio, existem imensas diferenças para além do fato de serem mercados com enorme potencial consumidor. Sim, a Índia é felizmente uma democracia, mas têm enormes bolsas de pobreza e a sua administração pública é conhecida por ser enormemente burocrática, ineficaz e corrupta.
E tudo isso é descrito pelos jornalistas que querem acompanhar o GP da Índia: a burocracia para tirar um visto é enorme e não facilita de modo algum. Muitas pessoas conseguem o visto mágico "in extremis", a poucos dias da corrida e é graças a favores de A ou B, através de conhecimentos de este e aquele amigo que lhe deve um favor, etc e tal, e lá conseguem o que querem. O que te faz pensar que muito provavelmente, a intervenção de algumas "verdinhas" não ajudaram a desbloquear a coisa.
Mas não é só esse problema que tem esbranquiçado ainda mais os cabelos do "anãozinho tenebroso". Tem a haver com outro problema. O governo indiano têm uma lei que obriga a todos os espectáculos desportivos que ocorram em solo indiano sejam obrigados a pagar uma taxa, neste caso em particular, 1/19 avos. Só que Ecclestone e as autoridades de Nova Delhi estão em desacordo com a interpretação dessa lei. Eles querem 1/19 avos... de todos os lucros da Formula 1, enquanto que Ecclestone quer, claro, cobrar 1/19 avos dos lucros da corrida indiana.
Sobre isso, o presidente da Federação Indiana, Vicky Chandhok (pai do Karun Chandhok) queixou-se sobre esse assunto numa entrevista à Forbes India:
"Daquilo que eu estou a entender, estão a tentar cobrar 1/19 avos porque existem 19 corridas, do qual se inclui a Índia E o mais estranho no meio disto tudo é que estão a querer taxar 1/19 avos das receitas [da Formula 1] e não dos lucros. Ora, neste campo, ou encorajamos a receber eventos desportivos, ou a largamos, como a que dizer 'vão para o Inferno'. Depois do que aconteceu nos Jogos da Commenwealth [realizados em outubro de 2010 em Delhi], fizemos um bom trabalho quando recebemos a Formula 1. É um motivo de orgulho e deveria ser tratado como tal.", começou por afirmar.
"Um pouco por todo o mundo, todos os governos providenciam dinheiro para receber a Formula 1, com a excepção do Reino Unido e a Índia Eles o fazem porque reconhecem o seu valor em termos turísticos ou uma maneira de promover o seu país no estrangeiro. Aqui na Índia encontramos todas as formas possíveis de cobrar taxas alfandegárias de todo o tipo. Nós não estamos a dar as boas vindas, estamos a dizê-los que não são desejados.", concluiu.
O exemplo dado por Chandhok sénior deu pode-se explicar em poucas linhas: após a realização dos Jogos da Commenwealth, os equivalentes ingleses dos Jogos Olímpicos, toneladas de equipamentos, especialmente vindos da BBC, ficaram retidos na alfândega durante mais de um ano pelo fato de as autoridades alfandegárias locais cobrarem taxas que julgavam à partida que não seriam cobradas nessa altura. Ambos os lados se mostraram irredutíveis durante muito tempo, até que a situação foi desbloqueada, aparentemente com intervenção governamental.
Quanto a quem é que paga as despesas da corrida, é certo que será o Jaypee Group, uma entidade privada, que cobra as despesas de acolher a corrida. Mas Chandhok afirma que isso não acontecerá para todo o sempre: "Eu não espero que a Jaypee Group financie isto para todo o sempre. E sobre o assunto dos apoios governamentais, sinceramente, só com um milagre", declarou.
De uma certa maneira, as queixas sobre esse assunto resumem-se a uma frase: a Formula 1 é um desporto ou um espectáculo? Claro que se pode discutir isso de modo filosófico ou sociológico (do género debordiano do espectáculo contemporâneo), mas na Índia, a questão tem a ver com as taxas. No país que viu nascer Mahatma Gandhi, se for um espectáculo semelhante a um concerto de musica, seja ele ocidental ou de Bollywood, não necessita dos subsídios governamentais e como tal, não necessita de algum tipo de isenção de taxas. Bem pelo contrário. E o que Chandhok sénior quer dizer é que isto... não dá dinheiro. Daí que o Jaypee Group ter chegado a um acordo com Ecclestone para que em 2014, façam uma pausa e voltem em 2015, numa outra data.
Mas isso levanta outra questão: como é que eles chegaram a este tipo de acordo, algo que seria impensável na Europa ou em certas partes da Ásia? A razão é simples: porque Ecclestone quer mais a Índia do que os indianos querem a Formula 1. Resta saber até quando é que vai continuar a suportar as burocracias e as taxas indianas.
Mas este episódio de "abandono temporário" da corrida indiana (eles prometem que regressará em 2015) levanta algumas questões sobre a necessidade - ou a viabilidade, se quiserem - de ter uma corrida no subcontinente indiano. É certo que é um país extremamente populoso - mais de mil milhões de habitantes, pouco menos do que a China - mas ao contrário do Império do Meio, existem imensas diferenças para além do fato de serem mercados com enorme potencial consumidor. Sim, a Índia é felizmente uma democracia, mas têm enormes bolsas de pobreza e a sua administração pública é conhecida por ser enormemente burocrática, ineficaz e corrupta.
E tudo isso é descrito pelos jornalistas que querem acompanhar o GP da Índia: a burocracia para tirar um visto é enorme e não facilita de modo algum. Muitas pessoas conseguem o visto mágico "in extremis", a poucos dias da corrida e é graças a favores de A ou B, através de conhecimentos de este e aquele amigo que lhe deve um favor, etc e tal, e lá conseguem o que querem. O que te faz pensar que muito provavelmente, a intervenção de algumas "verdinhas" não ajudaram a desbloquear a coisa.
Mas não é só esse problema que tem esbranquiçado ainda mais os cabelos do "anãozinho tenebroso". Tem a haver com outro problema. O governo indiano têm uma lei que obriga a todos os espectáculos desportivos que ocorram em solo indiano sejam obrigados a pagar uma taxa, neste caso em particular, 1/19 avos. Só que Ecclestone e as autoridades de Nova Delhi estão em desacordo com a interpretação dessa lei. Eles querem 1/19 avos... de todos os lucros da Formula 1, enquanto que Ecclestone quer, claro, cobrar 1/19 avos dos lucros da corrida indiana.
Sobre isso, o presidente da Federação Indiana, Vicky Chandhok (pai do Karun Chandhok) queixou-se sobre esse assunto numa entrevista à Forbes India:
"Daquilo que eu estou a entender, estão a tentar cobrar 1/19 avos porque existem 19 corridas, do qual se inclui a Índia E o mais estranho no meio disto tudo é que estão a querer taxar 1/19 avos das receitas [da Formula 1] e não dos lucros. Ora, neste campo, ou encorajamos a receber eventos desportivos, ou a largamos, como a que dizer 'vão para o Inferno'. Depois do que aconteceu nos Jogos da Commenwealth [realizados em outubro de 2010 em Delhi], fizemos um bom trabalho quando recebemos a Formula 1. É um motivo de orgulho e deveria ser tratado como tal.", começou por afirmar.
"Um pouco por todo o mundo, todos os governos providenciam dinheiro para receber a Formula 1, com a excepção do Reino Unido e a Índia Eles o fazem porque reconhecem o seu valor em termos turísticos ou uma maneira de promover o seu país no estrangeiro. Aqui na Índia encontramos todas as formas possíveis de cobrar taxas alfandegárias de todo o tipo. Nós não estamos a dar as boas vindas, estamos a dizê-los que não são desejados.", concluiu.
O exemplo dado por Chandhok sénior deu pode-se explicar em poucas linhas: após a realização dos Jogos da Commenwealth, os equivalentes ingleses dos Jogos Olímpicos, toneladas de equipamentos, especialmente vindos da BBC, ficaram retidos na alfândega durante mais de um ano pelo fato de as autoridades alfandegárias locais cobrarem taxas que julgavam à partida que não seriam cobradas nessa altura. Ambos os lados se mostraram irredutíveis durante muito tempo, até que a situação foi desbloqueada, aparentemente com intervenção governamental.
Quanto a quem é que paga as despesas da corrida, é certo que será o Jaypee Group, uma entidade privada, que cobra as despesas de acolher a corrida. Mas Chandhok afirma que isso não acontecerá para todo o sempre: "Eu não espero que a Jaypee Group financie isto para todo o sempre. E sobre o assunto dos apoios governamentais, sinceramente, só com um milagre", declarou.
De uma certa maneira, as queixas sobre esse assunto resumem-se a uma frase: a Formula 1 é um desporto ou um espectáculo? Claro que se pode discutir isso de modo filosófico ou sociológico (do género debordiano do espectáculo contemporâneo), mas na Índia, a questão tem a ver com as taxas. No país que viu nascer Mahatma Gandhi, se for um espectáculo semelhante a um concerto de musica, seja ele ocidental ou de Bollywood, não necessita dos subsídios governamentais e como tal, não necessita de algum tipo de isenção de taxas. Bem pelo contrário. E o que Chandhok sénior quer dizer é que isto... não dá dinheiro. Daí que o Jaypee Group ter chegado a um acordo com Ecclestone para que em 2014, façam uma pausa e voltem em 2015, numa outra data.
Mas isso levanta outra questão: como é que eles chegaram a este tipo de acordo, algo que seria impensável na Europa ou em certas partes da Ásia? A razão é simples: porque Ecclestone quer mais a Índia do que os indianos querem a Formula 1. Resta saber até quando é que vai continuar a suportar as burocracias e as taxas indianas.
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