quinta-feira, 19 de setembro de 2013

5ª Coluna: Porque desejo o sucesso de "Rush"

Ainda faltam duas semanas para a estreia de "Rush" nas salas de cinema portuguesas, mas o "feedback" que tenho tido das pessoas que o foram ver, no Brasil, onde o filme se estreou na semana passada, é muito positivo. Pelas conversas que tenho tido, a esmagadora maioria elogia o filme, apesar de apontarem algumas falhas e inconsistências em termos históricos. Mas é por isso que eles avisam de inicio: "Baseado numa história real". E isso diferencia de um documentário, por exemplo.

Mas no cômputo geral, toda a gente está a sair do cinema com um sorriso nos lábios. Isto porquê Hollywood fez o filme que eles esperavam sobre automobilismo. Digo até, com alguma ousadia da minha parte, que as pessoas esperaram quase 50 anos por um filme destes, desde "Grand Prix", o filme de John Frankenheimer sobre a fictícia temporada de 1966, com Frank Gardner e Yves Montand nos principais papéis. 

Claro, outros se lembrarão de "Le Mans", com Steve McQueen no principal papel, mas esse filme é mais de deleite visual, já que os diálogos são escassos. Mas têm uma frase memorável: "Racing is important for men to do it well. Racing is... life. Anything that happens before of after... is just waiting". (Correr é importante para os pilotos que querem fazê-lo bem. Correr... é vida. Tudo que acontece antes ou depois, é apenas uma longa espera)

Hoje em dia, quer "Grand Prix", quer "Le Mans" são filmes de culto para os cinéfilos, e pelo que se ouve da parte dos que foram ao cinema, parece que "Rush" já está nesse pódio, pela riqueza das cenas, pela sua fidelidade, e pela interpretação dos atores que fazem de James Hunt e de Niki Lauda. O que é ótimo, porque isto pode significar algo que gostaria que Hollywood fizesse: dar luz verde a mais projetos automobilísticos.

Desde que comecei a fazer este blog, há quase sete anos, sou confrontado com projetos cinematográficos baseados em periodos e pilotos especificos. E desses, só vi dois a serem realizados: o documentário sobre Ayrton Senna e o "Rush". Mas sei de outros cinco, pelo menos, que estão em diferentes estágios de pré-produção. Há quase três anos que conheço o projeto "Go Like Hell", o livro do A.J. Baime que fala sobre o duelo entre a Ford e a Ferrari pela supremacia em Le Mans, nos anos 60. O livro está bem contado e está recheado de grandes personagens como Henry Ford II, Enzo Ferrari, Carrol Shelby, John Surtees, Ken Miles, entre outros. Soube no inicio de 2012 que um dos estúdios, do qual não recordo o nome, tinha escolhido Michael Mann para o realizar, mas que em meados de 2012, soube que o projeto ficou congelado porque por essa altura já se filmava "Rush" e eles queriam ver como é que este filme se comportaria nas bilheteiras.

Um dos atores do qual se falava que estaria no filme seria o australiano Eric Bana. É "petrolhead" e acho que daria um excelente Carrol Shelby...  

Outro projeto que sei que está em andamento é o que Manish Pandey, o argumentista de "Senna", quer fazer sobre a relação entre Mike Hawthorn e Peter Collins, entre 1957 e 58, e também entre Enzo Ferrari e o seu filho Dino, que estava a agonizar devido à sua doença degenerativa. Sei que o argumento está pronto e que já têm uma produtora para colocar o filme em andamento. Falta ainda duas coisas: um diretor e orçamento para isso. Se as coisas se adiantarem, talvez em dois ou três anos teremos filme.


Outro projeto que já ando a ouvir desde o ano passado, pelo menos, é um filme sobre Richard Seaman, o primeiro grande piloto britânico, que correu nos Grand Prix dos anos 30, ao volante de um Mercedes oficial. Ter um britânico a correr uma máquina alemã em tempos muito delicados (falamos de 1938, com a II Guerra Mundial a delinear-se no horizonte...) e contra a vontade de tudo e todos na sua família e na sua terra (falamos de um inglês numa equipa 'nazi') certamente daria um excelente filme.

A última vez que soube alguma coisa sobre esse filme veio de uma conversa com Peter Windsor, onde me afirmou que o filme está em "development hell", ou seja, aguarda por melhores dias. Que podem não vir nunca. O que é pena, porque acho que o Michael Fassbender daria um excelente Richard Seaman. E é "petrolhead" e tudo!


E pode ser que aconteça aos outros dois projetos que conheço: um sobre a relação entre Jackie Stewart e Francois Cevért, (e que há um argumento escrito) e uma adaptação do livro de Michael Cannell, "The Limit", que o autor disse, no inicio de 2012, que a Columbia Pictures chegou a adquirir os direitos para o cinema, com o ator Tobey Maguire em mente. Só que depois, estes foram libertados, e não se sabe mais qualquer desenvolvimento.

No final, quero deixar uma frase que o Renan do Couto escreveu ontem no seu blog sobre este assunto e sumariza a razão porque desejo (e acredito que vão aparecer) mais filmes de carros. É para que os "leigos" entendam a paixão que nós, "petrolheads" temos por este desporto. 

"Precisamos de mais filmes como Rush porque queremos sentir mais e mais toda essa paixão que envolve o automobilismo. Queremos nos emocionar com o que tanto gostamos. E também para que o público em geral, que não tem acompanhado tanto as corridas, entenda que trata-se de muito mais do que carros andando em círculos. É uma relação que transcende a barreira do explicável."


Espero que nos próximos anos se mostrem mais exemplos. O automobilismo têm uma história demasiado rica para ser simplesmente ignorada. 

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