É sempre interessante saber quanto é que os pilotos de Formula 1 ganham de salário por temporada, mas mais interessante é saber quanto é que as equipas gastam por ano para se manter na Formula 1, e quanto custa na fábrica cada ponto conquistado na pista. É certo e sabido através dos "voxpop" que as equipas da frente têm algum lucro, enquanto que as do meio para baixo custa-lhes bastante acabar a temporada com lucro, sendo que os exemplos conhecidos da Sauber, Renault e da Force India estão espalhados pela imprensa especializada.
Na semana passada, porém, a Autosport britânica falou sobre os custos da Formula 1, algo que não foi muito divulgado. Mas hoje dei por mim a ver um post sobre isso no Formula 1 blog, e achei por bem colocar aqui para terem uma ideia do que se está a lidar.
Primeiro que tudo: os números foram submetidos à Companies House britânica, uma entidade fiscal no qual as equipas têm de submeter os orçamentos, já que muitas destas marcas estão cotadas em bolsas internacionais, como a de Londres. As receitas, despesas e lucros estão devidamente detalhadas, e vale a pena dar uma espreitadela.
Assim sendo (os números são de 2012, os valores estão em libras)
Red Bull:
- 240 milhões em receitas, dos quais 110 milhões vêm da equipa, 70 milhões da FOM, 60 vêm de outros patrocinadores.
- 235,5 milhões de despesas, com um lucro de 5,5 milhões, para um pessoal de 690 pessoas.
Ferrari:
- 260 milhões em receitas, dos quais 20 milhões vêm da equipa, 80 milhões vêm da FOM, 160 milhões de outros patrocinadores.
- 250 milhões de despesas, com um lucro de 10 milhões, para 700 pessoas empregadas.
McLaren:
- 180 milhões em receitas, dos quais 60 milhões vêm da FOM e 120 milhões de outros patrocinadores.
- 160 milhões de despesas, com um lucro de 20 milhões, para 600 pessoas empregadas.
Lotus-Renault:
- 120 milhões em receitas, dos quais 30 milhões vêm da equipa, 45 milhões vêm da FOM e 45 milhões de outros patrocinadores.
- 130 milhões de despesas, com um prejuízo de 10 milhões, para 500 pessoas empregadas.
Mercedes:
- 150 milhões em receitas, dos quais 50 milhões vêm da equipa, 40 milhões vêm da FOM e 60 milhões de outros patrocinadores.
- 160 milhões de despesas, com um prejuízo de 10 milhões, para 930 pessoas empregadas.
Sauber:
- 75 milhões em receitas, dos quais 35 milhões vêm da FOM e 40 milhões de outros patrocinadores.
- 90 milhões de despesas, com um prejuízo de 25 milhões, para 320 pessoas empregadas.
Force India:
- 75 milhões em receitas, dos quais 30 milhões vêm da equipa, 35 milhões vêm da FOM e 10 milhões de outros patrocinadores.
- 100 milhões de despesas, com um prejuízo de 25 milhões, para 300 pessoas empregadas.
Williams:
- 90 milhões em receitas, dos quais 30 milhões vêm da equipa, 32 milhões vêm da FOM e 28 milhões de outros patrocinadores.
- 90 milhões de despesas, para 520 pessoas empregadas.
Toro Rosso:
- 70 milhões em receitas, dos quais 32 milhões vêm da equipa, 30 milhões vêm da FOM e 8 milhões de outros patrocinadores.
- 70 milhões de despesas, para 300 pessoas empregadas.
Caterham:
- 65 milhões em receitas, dos quais 26 milhões vêm da equipa, 30 milhões vêm da FOM e 9 milhões de outros patrocinadores.
- 65 milhões de despesas, para 260 pessoas empregadas.
Marussia:
- 51 milhões em receitas, dos quais 30 milhões vêm da equipa, 6 milhões vêm da FOM e 15 milhões de outros patrocinadores.
- 51 milhões de despesas, para 200 pessoas empregadas.
As conclusões são simples: as equipas conseguem ter orçamentos equilibrados, e qualquer prejuízo, desde que seja pequeno, consegue ser cobrado. Pode-se ver o peso que têm as receitas da FOM nos seus orçamentos nos quais, excepto a Marussia, são uma parte importante nas equipas do meio para a cauda do pelotão. E como seria de esperar, as três equipas da frente (McLaren, Red Bull e Ferrari) tiveram lucro.
Fica-se algo surpreso por se ver que a McLaren não injeta dinheiro diretamente da sua estrutura, o que implica que não dependem das vendas dos seus automóveis de estrada (que são um negócio recente, a propósito), mas isso não qualquer influência no resultado final, pois tiveram lucro, que é guardado, provavelmente, para as próximas temporadas.
É preocupante ver os prejuízos nas equipas do meio do pelotão, como a Lotus, Sauber e a Force India. Apesar de serem equipas diferentes em termos de estrutura - o primeiro é uma aventura independente de Peter Sauber, outra é a paixão de Vijay Mallya, um dos homens mais ricos da Índia - os seus problemas estão devidamente publicitados nos últimos dois anos, e pensa-se que a injeção de dinheiro vindo da Rússia para a Sauber (fala-se em cem milhões por ano, em troca de um assento para o local Serguei Sirotkin) poderá resolver os seus problemas para os fornecedores, por exemplo.
Ainda no campo dos prejuízos, os números da Mercedes são surpreendentes, mas sendo uma equipa de fábrica, entende-se isso como o preço a pagar para colocar a equipa no quadro dos vencedores. É que uma equipa de fábrica vale-se pela velha frase de Henry Ford: vencer no domingo para vender mais carros na segunda-feira.
Vistos estes números, pode-se pensar que as equipas de Formula 1 estão bem de saúde. De uma certa forma, é uma ilusão, pois o esforço e o preço a pagar é grande. Eles dependem da FOM para sobreviver, e o bolo distribuído não passa dos 50 por cento do total captado por Bernie Ecclestone. A sua captação de patrocínios é limitada, e de uma certa forma, as contas estão equilibradas graças a várias coisas como a regulamentação do desenvolvimento de peças cruciais, como o motor. E no fundo da tabela, a luta é "mortal": se alguma dessas duas equipas, Caterham ou Marussia, não conseguir o décimo posto e o dinheiro da FOM, no ano seguinte, terão problemas em achar o dinheiro necessário. Afinal de contas, são 24 milhões de libras de diferença...
Em 2014, a Formula 1 dará um alto com os novos motores 1.6 Turbo, e estes prometem ser caros, o que fará com que as equipas se tenham de esforçar para conseguir mais dinheiro (patrocínios ou um maior bolo da FOM) para pagar as despesas desses motores. Fala-se que um contrato com os motores Renault vale à volta de 25 milhões...
Em jeito de conclusão: vale a pena estar na Formula 1. Se for rico, (ou um construtor) e estiver disposto a colocar imenso dinheiro para tirar algum lucro disto tudo, ou não acabar o ano com prejuízos, consegue sobreviver e criar história na categoria. Mas terá de lutar muito para ir buscar todos os tostões necessários para preencher os "buracos", e cobrar a toda a gente. Não admira que estas pessoas desejem os pilotos pagantes, não é?
Primeiro que tudo: os números foram submetidos à Companies House britânica, uma entidade fiscal no qual as equipas têm de submeter os orçamentos, já que muitas destas marcas estão cotadas em bolsas internacionais, como a de Londres. As receitas, despesas e lucros estão devidamente detalhadas, e vale a pena dar uma espreitadela.
Assim sendo (os números são de 2012, os valores estão em libras)
Red Bull:
- 240 milhões em receitas, dos quais 110 milhões vêm da equipa, 70 milhões da FOM, 60 vêm de outros patrocinadores.
- 235,5 milhões de despesas, com um lucro de 5,5 milhões, para um pessoal de 690 pessoas.
Ferrari:
- 260 milhões em receitas, dos quais 20 milhões vêm da equipa, 80 milhões vêm da FOM, 160 milhões de outros patrocinadores.
- 250 milhões de despesas, com um lucro de 10 milhões, para 700 pessoas empregadas.
McLaren:
- 180 milhões em receitas, dos quais 60 milhões vêm da FOM e 120 milhões de outros patrocinadores.
- 160 milhões de despesas, com um lucro de 20 milhões, para 600 pessoas empregadas.
Lotus-Renault:
- 120 milhões em receitas, dos quais 30 milhões vêm da equipa, 45 milhões vêm da FOM e 45 milhões de outros patrocinadores.
- 130 milhões de despesas, com um prejuízo de 10 milhões, para 500 pessoas empregadas.
Mercedes:
- 150 milhões em receitas, dos quais 50 milhões vêm da equipa, 40 milhões vêm da FOM e 60 milhões de outros patrocinadores.
- 160 milhões de despesas, com um prejuízo de 10 milhões, para 930 pessoas empregadas.
Sauber:
- 75 milhões em receitas, dos quais 35 milhões vêm da FOM e 40 milhões de outros patrocinadores.
- 90 milhões de despesas, com um prejuízo de 25 milhões, para 320 pessoas empregadas.
Force India:
- 75 milhões em receitas, dos quais 30 milhões vêm da equipa, 35 milhões vêm da FOM e 10 milhões de outros patrocinadores.
- 100 milhões de despesas, com um prejuízo de 25 milhões, para 300 pessoas empregadas.
Williams:
- 90 milhões em receitas, dos quais 30 milhões vêm da equipa, 32 milhões vêm da FOM e 28 milhões de outros patrocinadores.
- 90 milhões de despesas, para 520 pessoas empregadas.
Toro Rosso:
- 70 milhões em receitas, dos quais 32 milhões vêm da equipa, 30 milhões vêm da FOM e 8 milhões de outros patrocinadores.
- 70 milhões de despesas, para 300 pessoas empregadas.
Caterham:
- 65 milhões em receitas, dos quais 26 milhões vêm da equipa, 30 milhões vêm da FOM e 9 milhões de outros patrocinadores.
- 65 milhões de despesas, para 260 pessoas empregadas.
Marussia:
- 51 milhões em receitas, dos quais 30 milhões vêm da equipa, 6 milhões vêm da FOM e 15 milhões de outros patrocinadores.
- 51 milhões de despesas, para 200 pessoas empregadas.
As conclusões são simples: as equipas conseguem ter orçamentos equilibrados, e qualquer prejuízo, desde que seja pequeno, consegue ser cobrado. Pode-se ver o peso que têm as receitas da FOM nos seus orçamentos nos quais, excepto a Marussia, são uma parte importante nas equipas do meio para a cauda do pelotão. E como seria de esperar, as três equipas da frente (McLaren, Red Bull e Ferrari) tiveram lucro.
Fica-se algo surpreso por se ver que a McLaren não injeta dinheiro diretamente da sua estrutura, o que implica que não dependem das vendas dos seus automóveis de estrada (que são um negócio recente, a propósito), mas isso não qualquer influência no resultado final, pois tiveram lucro, que é guardado, provavelmente, para as próximas temporadas.
É preocupante ver os prejuízos nas equipas do meio do pelotão, como a Lotus, Sauber e a Force India. Apesar de serem equipas diferentes em termos de estrutura - o primeiro é uma aventura independente de Peter Sauber, outra é a paixão de Vijay Mallya, um dos homens mais ricos da Índia - os seus problemas estão devidamente publicitados nos últimos dois anos, e pensa-se que a injeção de dinheiro vindo da Rússia para a Sauber (fala-se em cem milhões por ano, em troca de um assento para o local Serguei Sirotkin) poderá resolver os seus problemas para os fornecedores, por exemplo.
Ainda no campo dos prejuízos, os números da Mercedes são surpreendentes, mas sendo uma equipa de fábrica, entende-se isso como o preço a pagar para colocar a equipa no quadro dos vencedores. É que uma equipa de fábrica vale-se pela velha frase de Henry Ford: vencer no domingo para vender mais carros na segunda-feira.
Vistos estes números, pode-se pensar que as equipas de Formula 1 estão bem de saúde. De uma certa forma, é uma ilusão, pois o esforço e o preço a pagar é grande. Eles dependem da FOM para sobreviver, e o bolo distribuído não passa dos 50 por cento do total captado por Bernie Ecclestone. A sua captação de patrocínios é limitada, e de uma certa forma, as contas estão equilibradas graças a várias coisas como a regulamentação do desenvolvimento de peças cruciais, como o motor. E no fundo da tabela, a luta é "mortal": se alguma dessas duas equipas, Caterham ou Marussia, não conseguir o décimo posto e o dinheiro da FOM, no ano seguinte, terão problemas em achar o dinheiro necessário. Afinal de contas, são 24 milhões de libras de diferença...
Em 2014, a Formula 1 dará um alto com os novos motores 1.6 Turbo, e estes prometem ser caros, o que fará com que as equipas se tenham de esforçar para conseguir mais dinheiro (patrocínios ou um maior bolo da FOM) para pagar as despesas desses motores. Fala-se que um contrato com os motores Renault vale à volta de 25 milhões...
Em jeito de conclusão: vale a pena estar na Formula 1. Se for rico, (ou um construtor) e estiver disposto a colocar imenso dinheiro para tirar algum lucro disto tudo, ou não acabar o ano com prejuízos, consegue sobreviver e criar história na categoria. Mas terá de lutar muito para ir buscar todos os tostões necessários para preencher os "buracos", e cobrar a toda a gente. Não admira que estas pessoas desejem os pilotos pagantes, não é?
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