A coisa boa de ver corridas pelo Twitter é que depois andas a discutir com o pessoal que segue. E o Japão não é excepção, especialmente quando tu as recebes em tempo real e começas a especular uns com os outros. Hoje calhou, entre alguns outros, o Humberto Corradi, o Márcio Kohara (quando é que volta o Col de Turini?) o Rafael Lopes, do Voando Baixo e uma reincidente, a venezuelana Serena Navarrete.
Falavamos sobre as especulações do momento, e foram três: Fernando Alonso, Pastor Maldonado e Nico Hulkenberg. E foi nessa altura que soube de duas coisas: que Maldonado estava de saída da Williams e a Honda deu ordens à McLaren para contratar Alonso para 2015, naquilo que seria um regresso, oito anos depois da sua passagem atribulada por Woking.
Primeiro que tudo, a Renault. A cada dia que passa, leio com crescente interesse os posts que o Corradi coloca no seu blog, e digo isto porque em 80 a 90 por cento dos rumores, especulações e casos que ele traz à baila, ele acerta. E ele diz que a equipa de Eric Boullier está prestes a acertar não um, mas sim dois acordos de patrocínio, bem gordos. O grupo Infinity é o esperado, porque as negociações têm vindo a ocorrer há diversos meses, mas o segundo veio mais recentemente e têm aura de mistério. Qual seria? Pois bem, Eddie Jordan "contou tudo". É a PDVSA, a companhia estatal de petróleo.
E coloco "contou tudo" entre aspas porque na realidade, ele anunciou que Maldonado iria embora da Williams, com mais um adendo: aparentemente, equipa chamou os seus advogados. Dito por outras palavras, a patrocinadora decidiu ir embora antes de tempo. E claro, Maldonado tem de ir com eles, afinal de contas está lá - ou mantêm-se na Formula 1 - porque está dependente deles.
A Lotus seria o lugar ideal, por causa da sua competitividade, mas Eric Boullier está indeciso. O seu alvo era Nico Hulkenberg, apesar da "oferta" de Felipe Massa, mas com a entrada em cena dos venezuelanos, as coisas complicaram-se, e quer ele, quer a Genii, hesitam no "lineup" para 2014. Por um lado, precisam do dinheiro, mas por outro, não querem "pilotos pagantes" que desperdicem o potencial e o capital que a Lotus-Renault acumulou esta temporada. E essa indecisão está a dar cabo dos nervos de Hulkenberg, que já avisou à equipa de Enstone para que decidam o mais depressa possível.
Claro que alguns dirão "mas então, o Grosjean está fora". Não creio, e não digo por causa do patrocínio da Total, do qual ainda não sei como é que iria encaixar com outra petrolífera, mas é por causa dos motores Renault, do qual eles precisam de receber ao menor custo possível. E ter um piloto francês numa equipa que outrora se chamava Renault, é uma mais valia tão boa como arranjar dois grandes patrocinadores que tapem os buracos que a operação custa, não é? Para além disso, o piloto francês cresceu bastante nesta temporada, e a fama do francês arruaceiro é bem mais distante...
Quanto à Williams... sem Maldonado, como sobreviverá? A ironia é que vai chegar a 2014 com motores Mercedes, que tudo indica, serão mais potentes do que os Renault, e sobretudo os Ferrari. A eventual saída da PDVSA significaria uma perda de quase 35 a 50 milhões de dólares, dinheiro bem importante para equilibrar as contas da equipa de Grove, que este ano está a ter uma temporada infernal, com apenas um ponto e um carro que definitivamente é mau, comparado com o carro de 2012. Como seria de esperar, Maldonado é ambicioso e quer o melhor, especialmente depois do que aconteceu na temporada anterior, e a Lotus será o sitio ideal. Mas não é ele que decide: é uma marioneta da PDVSA.
Claro que as pessoas colocam dúvidas sobre a sobrevivência da equipa. Mas ela é feita de sobreviventes: Frank Williams já "raspou o fundo" e para ele, tudo isto não são mais do que "patacos". E agora têm algumas boas pessoas, como Pat Symmonds e Rob Smedley, o engenheiro de pista de... Felipe Massa. Pode querer dizer que o brasileiro poderia ser o sucessor de Maldonado, e ajudar o finlandês Valtteri Bottas a ser um melhor piloto, mas essas ligações são ainda parcas. Mas caso a Williams faça um bom chassis em 2014, o motor poderá ajudar a colocar a equipa de volta às glórias do passado.
E chegamos à parte Alonso/McLaren. A parte interessante do piloto espanhol é que ele resolve o seu futuro com dois anos de avanço. Foi assim em 2005, quando foi para a McLaren, e em 2009, quando anunciou a sua passagem para a Ferrari. E com o regresso da Honda, em 2015, esta quer tudo: para além de Alonso - que foi falado pela imprensa espanhola ao longo desta semana - também se especulou que Ross Brawn poderia sair da Mercedes, o que seria um regresso, dado que trabalhou com eles no inicio de 2008, e tinha feito um bom chassis para 2009 quando a marca japonesa abandonou abruptamente a Formula 1. Como sabem, este se viu obrigado a fazer a Brawn GP, com a equipa a vencer o campeonato do mundo.
Brawn, como sabem, está na Mercedes. Mas ele já perdeu espaço para Christian "Toto" Wolff e mesmo Niki Lauda, que têm uma função não-executiva, tem mais espaço e mais "tempo de antena" do que Brawn, o que poderá dizer que ele será colocado à parte no final deste ano. Sem muito com que fazer no próximo ano, pode ou ir para a reforma ou para outra equipa, como a McLaren. Mas também poderá querer ir para a Williams, que foi uma chance especulada há algumas semanas, num negócio que envolveria ele ficar com as ações pertencentes de Wolff.
Mas para além de Alonso e Brawn, especulados, a McLaren poderá ter conseguido esta semana uma contratação interessante: o projetista Peter Prodromou. Quem é esse senhor? Nada mais, nada menos do que o braço-direito de Adrian Newey, especialista em aerodinâmica. A ser verdade, seria um regresso à McLaren - começou por lá em 1991 - e seria um grande golpe para a Red Bull, pois o próprio Newey o considera como o seu sucessor natural.
Quanto aos pilotos atuais, é muito provável que a equipa de Woking não fique com nenhum deles para 2015, fazendo com que o ano de 2014 seja de transição. Isso poderá significar que nem Jenson Button, nem Sergio Perez, ficarão para experimentar os novos Honda. Para Button, poderá ser a altura ideal para ir embora, e para Perez, a não ser que mostre que é o bom piloto que era na Sauber, muito provavelmente será considerado como um enorme "flop". E se ele não ficar em 2014, quem ocuparia o lugar? Bom, vasmos supor que Nico Hulkenberg vai parar à Force India e assina um contrato de uma temporada...
Em suma, a McLaren e a Honda estão a gastar muito dinheiro com um único objetivo: voltar a ser campeões, o mais depressa possivel. E todos estes capítulos vão ser interessantes de seguir nos dias e semanas a seguir.
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