A segunda encarnação da Alfa Romeo na Formula 1 tornou-se num "case study" sobre como é que uma equipa não deveria ser organizada. Dispondo de recursos típicos de uma equipa de fábrica, que faz carros de estrada, a marca de Varese esteve entre 1979 e 1985 a colocar todos os seus recursos na construção dos seus carros de Formula 1 e dos seus motores, primeiro os flat-12, depois os V12 e por fim os Turbo V8, para tentar o que não conseguiu: vencer.
Houve bons chassis e bons momentos, poucos. Pois os maus momentos foram mais e mais prolongados, especialmente durante o tempo dos Turbo, pois o seu motor V8, além de ser pouco potente, tinha fama de "glutão", e os seus chassis não ajudavam. Hoje, 30 anos depois, falo sobre o chassis 184T, que não sendo muito bom, teve uma existência tão prolongada que se tornou no último chassis usado pela marca na Formula 1.
Desenhado por Mário Tolentino, com a ajuda de Luigi Marmiroli, o modelo 184T (de Turbo) era uma evolução do modelo 183T, de uma forma mais aerodinâmica em relação ao modelo anterior, para aproveitar a potência do motor V8 Turbo. Contudo, esse motor, que dava uma potência aproximada de 680 cavalos, começava a ser pouco competitivo em relação aos restantes modelos V6 Turbo, que já começavam a rondar os 800 cavalos de potência. Para além disso, surgiu um novo problema: o consumo. O motor V8 Turbo era bem mais guloso do que os V6, e no inicio de 1984, a FISA decidiu abolir os reabastecimentos e reduzir aos depósitos de gasolina para 225 litros, o que fazia com que as performances em corrida estariam perigosamente próximos da pane seca. E com isso, os pilotos estavam bem perto de encostar à berma porque não tinham gasolina suficiente para cruzar a meta.
Em 1984, a marca tinha um dupla totalmente nova: o italiano Riccardo Patrese e o italo-americano Eddie Cheever, e um patrocinador novo, a marca de roupas Benetton. Os resultados iniciais foram encorajadores, com um quarto lugar para Eddie Cheever, no Brasil, e outro quarto posto para Riccardo Patrese, no circuito sul-africano de Kyalami. Mas a partir dali, os carros não chegavam ao fim devido às várias quebras do motor ou os problemas de consumo. E até no Mónaco, Eddie Cheever falhou a qualificação.
Os bons resultados só voltariam no final da época com um terceiro lugar de Riccardo Patrese em Monza - e irónicamente à custa de... Eddie Cheever, que ficou sem gasolina a duas voltas do fim - e um sexto posto em Nurburgring, na corrida seguinte. No final da temporada, os onze pontos e o oitavo lugar na classificação dos Construtores deixaram as pessoas na marca um pouco desiludidas, depois das expectativas em 1983.
Contudo, no inicio de 1985, as coisas foram de mal a pior. Construido o 185T, revelou-se um mau chassis - tão mau que anos depois, Patrese ter dito que "tinha sido o pior chassis que jamais corri", a equipa decidiu trazer de volta o 184T no GP da Grã-Bretanha, em Silverstone, modificando-o para as especificações daquele ano. Apesar dessa opção algo desesperada, os resultados não aconteceram e a equipa acabou por abandonar a Formula 1 no final daquela temporada, sem conseguir qualquer ponto. Uma saída pela porta pequena do qual ninguém queria que acontecesse.
Ficha Técnica:
Chassis: Alfa Romeo 184T
Projetista: Mário Tolentino
Motor: Alfa Romeo V8 Turbo de 1.5 litros
Pneus: Goodyear
Pilotos: Riccardo Patrese e Eddie
Cheever
Corridas: 25
Vitórias: 0
Pole-Positions: 0
Voltas Mais Rápidas: 0
Pontos: 11 (Patrese 8, Cheever 3)
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