quinta-feira, 29 de maio de 2014

O pioneiro do dia - Frenc Szisz

O primeiro vencedor de um Grande Prémio não é francês, inglês ou alemão. Não é americano ou italiano, as tradicionais potências do automobilismo desde o inicio do século XX. É certo que guiou uma máquina francesa, mas na realidade, o piloto que venceu pela primeira vez uma corrida que é considerada como “Grande Prémio”, veio de um pais que hoje em dia, não têm muita tradição de automobilismo: a Hungria. Com o seu nome afrancesadamente convertido para “Ferdinand”, Frenc Szisz era um excelente piloto técnico que, sem exagerar, conseguia levar o seu carro até ao fim. E foi graças a isso que conseguiu sobreviver a uma modalidade numa era cujo fascínio e periculosidade andavam de mãos dadas.

Nascido a 20 de setembro de 1873 na localidade húngara de Szeghalom, então no império austro-húngaro, começou por ser ferreiro de cobre, mas o surgimento do automóvel fez com que se interessasse por engenharia mecânica e após passagens por Viena e Munique, instalou-se em Paris no ano de 1900. Lá, encontrou trabalho no atelier dos irmãos Renault, que tinham montado a sua oficina um ano antes, a fabricar automóveis.

Lá, os seus conhecimentos fizeram-no que fosse mecânico e piloto de testes da marca, e em 1902, quando os irmãos Renault começaram a apostar a sério no automobilismo, Szisz tornou-se mecânico de Louis Renault. Em 1903, participou na corrida Paris-Madrid ao lado de Louis Renault, e eram os lideres quando souberam do acidente mortal de Marcel Renault. Louis decidiu abandonar as corridas e cuidar da fábrica, fazendo com que Szisz se tornasse piloto a tempo inteiro. Em 1905, participou da Vanderbilt Cup, onde foi quinto. 

Mas a sua coroa de glória é alcançada em 1906, durante o primeiro Grande Prémio de França, organizado pelo Automóvel Clube de França (ACF). Ao volante do Renault de 90 cavalos, Szisz guiou o carro de uma maneira segura, usando os novos pneus feitos pela Michelin, que permitiam trocá-los em menos de dez minutos. Com isso, alcançou uma vantagem confortável de mais de meia hora, apesar de ter tido uma quebra no eixo do seu carro, na décima volta. Depois, contou que sentiu "ansiedade" nas duas voltas finais: "Temia que algo tão pequeno pudesse me tirar aquela vitória", contou depois. A vitória deu à Renault prestigio e passou de 1600 carros por ano para quatro mil, no final de 1908.

Szisz volta a correr em 1907, no GP de França, onde é segundo, atrás de Felice Nazzarro, e continuou a competir em 1908, nomeadamente nos Grandes Prémios de França e no Grande Prémio da América, em Savannah, mas não chegou a acabar nenhum deles. No final desse ano, decidiu abandonar a Renault e montar a sua própria garagem.

Em 1914, Szisz sai do seu estado de semi-retirada quando Fernand Charron o convence a correr com um Alda, marca do qual ele é representante. Ele aceita o convite e a organização dá-lhe o dorsal numero um em sua honra. Contudo, Szisz sofre um acidente e ele é forçado a retirar-se após a realização de metade da corrida.

A I Guerra Mundial obriga a parar toda a competição na Europa. Szisz acaba por guiar ambulâncias na Argélia francesa, até que contrai febre tifoide e sofre uma longa hospitalização. Com o final da I Guerra, Szisz vai trabalhar para uma companhia de aviação, para depois se retirar para a vila de Auffargis, onde acabará por morrer a 21 de fevereiro de 1944, aos 70 anos.


Hoje em dia, há memoriais a honrar Szisz, quer em França, quer na sua Hungria natal. Em Le Mans, há uma secção dedicada a ele no museu da Renault em Le Mans, enquanto que à entrada do circuito de Hungaroring, em Budapeste, há uma estátua de Szisz guiando o Renault de 90 cavalos, que lhe deu a vitória naquele agora distante GP de França de 1906. O primeiro vencedor de um Grande Prémio.

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