sexta-feira, 6 de junho de 2014

O homem do dia - Maurice Philippe

Durante mais de vinte anos, ajudou a desenhar um dos carros mais icónicos da Formula 1. Trabalhando ao lado de Colin Chapman e depois, de Ken Tyrrell, fez “nascer” carros icónicos como o Lotus 49, 56 e 72, ajudando a construir um estilo de carro na categoria máxima do automobilismo. Vinte e cinco anos após o seu desaparecimento, falo hoje de Maurice Philippe.

Nascido em abril de 1932 em Londres, foi criado em Edmonton, na parte leste da cidade. Depois de ter trabalhado numa escola técnica, o seu primeiro emprego foi na empresa de aviação De Havilland, onde ajudou no projeto do avião de passageiros Comet 4. Foi nessa altura que conheceu outras pessoas que mais tarde passaram pela Formula 1, como Brian Hart e Frank Costin, ambos preparadores de motores. Em 1955, nos tempos livres, Philippe constrói o seu primeiro carro, o MPS (Maurice Philippe Special), um carro de 750cc para correr nas “club races”.

No final da década de 50, junta-se a Hart e a outro futuro projetista, Len Terry, para construir um carro de Formula Junior, o Delta. Infelizmente, o destino do projeto foi curto, pois foi destruído no seu primeiro teste, guiado por outra futura personagem de relevo no automobilismo, Peter Warr.

No inicio da década de 60, Philippe sai da De Haviland e vai para a Ford, desenhando os motores dos modelos Anglia, enquanto corria nos tempos livres, com o Lotus 7, do qual aproveitava para o redesenhar. Ele modificou o carro de tal forma que chamou a atenção de Colin Chapman, que o convida em setembro de 1965 para ir trabalhar no departamento de design. O primeiro projeto é o Lotus 39 de Formula 2, seguido pelo desenho do modelo 43, com motor BRM, para a temporada de 1966.

Mas o primeiro chassis do qual ele ganha fama é o modelo 49, desenhado para a temporada de 1967, e do qual acolherá o novo motor Cosworth DFV V8 de três litros. Um projeto financiado pela Ford, e desenvolvido pela Cosworth, através de Mike Costin (irmão de Frank, seu colega na universidade) e Keith Duckworth (a marca é a junção dos dois apelidos), o carro fica pronto no GP da Holanda, onde têm uma vitória estrondosa às mãos de Jim Clark

A seguir, Philippe ajuda Chapman a projetar o carro para as 500 Milhas de Indianápolis, o modelo 56. Propulsionado a turbina, era a tentativa de Chapman de aproveitar os regulamentos americanos, que tinha permitido a introdução de carros desse tipo, sem muito sucesso. Dois anos depois, em 1970, ajuda a projetar o modelo 72, provavelmente um dos modelos mais bem sucedidos de sempre da marca britânica.

O envolvimento de Philippe na Lotus é bem sucedido, mas no inicio de 1972, decide sair para abraçar um melhor projeto. A Parnelli era uma equipa americana que tinha o italo-americano Mário Andretti, que queria poder correr nos dois lados do Atlântico. A ideia de Philippe era de projetar os carros da USAC, com o objetivo de preparar o carro para a Formula 1, no final de 1974. Com isso em mente, ele desenha o VPJ4, e a equipa estreia-se no final desse ano, com Andretti ao volante, depois de Parnelli Jones ter abdicado de construir o seu chassis na USAC, a favor dos Eagle de Dan Gurney.

A aventura da Parnelli continua até ao final de 1975, quando sai e dedica-se a ser um consultor “freelance” nos dois anos seguintes, nomeadamente na Copersucar, primeiro como consultor no desenho do FD04, e depois no F5, que aparecerá a meio da temporada de 1977. Nessa altura, é anunciado como o novo desenhista da Tyrrell, em substituição de Derek Gardner.

O seu primeiro projeto é o 008, cujo desenho tinha sido feito para Willi Kahusen, em meados de 1976, para o seu projeto de Formula 1. Aproveitando o projeto, e fazendo modificações para melhorar a sua aerodinâmica, por causa do aproveitamento do efeito-solo o carro torna-se num sucesso, dando a Patrick Depailler uma vitória no GP do Mónaco. Nos anos seguintes, ele continua na Tyrrell, onde desenha os chassis da marca, mas só voltará a ter sucesso em 1982, com o chassis 011, através de Michele Alboreto, que vence em Las Vegas. No ano seguinte, volta a vencer em Detroit, dando a Tyrrell e ao motor Cosworth DFV V8 a sua última vitória de sempre na Formula 1.

A meio de 1983, Philippe desenha o modelo 012, que mostra imenso sucesso, pois tratava-se de um carro equipado com motor Cosworth, num pelotão povoado por motores Turbo. Consegue alguns pódios com Martin Brundle e Stefan Bellof, mas a meio do ano, verifica-se que a equipa procede a truques para baixar o peso e é excluída da Formula 1.

A equipa volta em 1985, com o chassis 014 e com motores Renault Turbo, mas os resultados quer em 1985 e 86, com mos motores Turbo, não foram aqueles dos quais esperavam, às mãos de Brundle, Bellof, o italiano Ivan Capelli, o inglês Jonathan Palmer e o francês Philippe Streiff. Não conseguiram qualquer pódio nesse período, e em 1987, voltaram aos motores Ford Cosworth, e com o modelo 016, já que o regulamento da FISA já previa que os motores Turbo iriam ser banidos no final da temporada de 1988.


Contudo, no final de 1988, e com os resultados decepcionantes do chassis 018, Philippe sai da Tyrrell, substituído por Harvey Postlethwaithe, e estabelece o seu estúdio de consultadoria. Decide desenhar o March-Alfa Romeo, para a temporada de 1989 da Indycar, mas a 5 de junho desse ano, antes do carro começasse a rolar pela primeira vez, Philippe morre em sua casa, aparentemente vítima de suicídio. Tinha 57 anos.

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