Durante mais de vinte anos,
ajudou a desenhar um dos carros mais icónicos da Formula 1. Trabalhando ao lado
de Colin Chapman e depois, de Ken Tyrrell, fez “nascer” carros icónicos como o
Lotus 49, 56 e 72, ajudando a construir um estilo de carro na categoria máxima
do automobilismo. Vinte e cinco anos após o seu desaparecimento, falo hoje de
Maurice Philippe.
Nascido em abril de 1932 em
Londres, foi criado em Edmonton, na parte leste da cidade. Depois de ter
trabalhado numa escola técnica, o seu primeiro emprego foi na empresa de
aviação De Havilland, onde ajudou no projeto do avião de passageiros Comet 4.
Foi nessa altura que conheceu outras pessoas que mais tarde passaram pela
Formula 1, como Brian Hart e Frank Costin, ambos preparadores de motores. Em
1955, nos tempos livres, Philippe constrói o seu primeiro carro, o MPS (Maurice
Philippe Special), um carro de 750cc para correr nas “club races”.
No final da década de 50,
junta-se a Hart e a outro futuro projetista, Len Terry, para construir um carro
de Formula Junior, o Delta. Infelizmente, o destino do projeto foi curto, pois
foi destruído no seu primeiro teste, guiado por outra futura personagem de
relevo no automobilismo, Peter Warr.
No inicio da década de 60, Philippe
sai da De Haviland e vai para a Ford, desenhando os motores dos modelos Anglia,
enquanto corria nos tempos livres, com o Lotus 7, do qual aproveitava para o
redesenhar. Ele modificou o carro de tal forma que chamou a atenção de Colin
Chapman, que o convida em setembro de 1965 para ir trabalhar no departamento de
design. O primeiro projeto é o Lotus 39 de Formula 2, seguido pelo desenho do
modelo 43, com motor BRM, para a temporada de 1966.
Mas o primeiro chassis do qual
ele ganha fama é o modelo 49, desenhado para a temporada de 1967, e do qual
acolherá o novo motor Cosworth DFV V8 de três litros. Um projeto financiado
pela Ford, e desenvolvido pela Cosworth, através de Mike Costin (irmão de Frank, seu colega na universidade) e Keith
Duckworth (a marca é a junção dos dois apelidos), o carro fica pronto no GP da
Holanda, onde têm uma vitória estrondosa às mãos de Jim Clark.
A seguir, Philippe ajuda Chapman
a projetar o carro para as 500 Milhas de Indianápolis, o modelo 56.
Propulsionado a turbina, era a tentativa de Chapman de aproveitar os regulamentos
americanos, que tinha permitido a introdução de carros desse tipo, sem muito
sucesso. Dois anos depois, em 1970, ajuda a projetar o modelo 72, provavelmente
um dos modelos mais bem sucedidos de sempre da marca britânica.
O envolvimento de Philippe na
Lotus é bem sucedido, mas no inicio de 1972, decide sair para abraçar um melhor
projeto. A Parnelli era uma equipa americana que tinha o italo-americano Mário
Andretti, que queria poder correr nos dois lados do Atlântico. A ideia de
Philippe era de projetar os carros da USAC, com o objetivo de preparar o carro
para a Formula 1, no final de 1974. Com isso em mente, ele desenha o VPJ4, e a
equipa estreia-se no final desse ano, com Andretti ao volante, depois de
Parnelli Jones ter abdicado de construir o seu chassis na USAC, a favor dos
Eagle de Dan Gurney.
A aventura da Parnelli continua
até ao final de 1975, quando sai e dedica-se a ser um consultor “freelance” nos
dois anos seguintes, nomeadamente na Copersucar, primeiro como consultor no
desenho do FD04, e depois no F5, que aparecerá a meio da temporada de 1977.
Nessa altura, é anunciado como o novo desenhista da Tyrrell, em substituição de
Derek Gardner.
O seu primeiro projeto é o 008,
cujo desenho tinha sido feito para Willi Kahusen, em meados de 1976, para o seu
projeto de Formula 1. Aproveitando o projeto, e fazendo modificações para
melhorar a sua aerodinâmica, por causa do aproveitamento do efeito-solo o carro
torna-se num sucesso, dando a Patrick Depailler uma vitória no GP do Mónaco.
Nos anos seguintes, ele continua na Tyrrell, onde desenha os chassis da marca,
mas só voltará a ter sucesso em 1982, com o chassis 011, através de Michele
Alboreto, que vence em Las Vegas. No ano seguinte, volta a vencer em Detroit,
dando a Tyrrell e ao motor Cosworth DFV V8 a sua última vitória de sempre na
Formula 1.
A meio de 1983, Philippe desenha
o modelo 012, que mostra imenso sucesso, pois tratava-se de um carro equipado
com motor Cosworth, num pelotão povoado por motores Turbo. Consegue alguns
pódios com Martin Brundle e Stefan Bellof, mas a meio do ano, verifica-se que a
equipa procede a truques para baixar o peso e é excluída da Formula 1.
A equipa volta em 1985, com o
chassis 014 e com motores Renault Turbo, mas os resultados quer em 1985 e 86,
com mos motores Turbo, não foram aqueles dos quais esperavam, às mãos de
Brundle, Bellof, o italiano Ivan Capelli, o inglês Jonathan Palmer e o francês
Philippe Streiff. Não conseguiram qualquer pódio nesse período, e em 1987,
voltaram aos motores Ford Cosworth, e com o modelo 016, já que o regulamento da
FISA já previa que os motores Turbo iriam ser banidos no final da temporada de
1988.
Contudo, no final de 1988, e com
os resultados decepcionantes do chassis 018, Philippe sai da Tyrrell,
substituído por Harvey Postlethwaithe, e estabelece o seu estúdio de
consultadoria. Decide desenhar o March-Alfa Romeo, para a temporada de 1989 da
Indycar, mas a 5 de junho desse ano, antes do carro começasse a rolar pela
primeira vez, Philippe morre em sua casa, aparentemente vítima de suicídio.
Tinha 57 anos.
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