A noticia da semana em terras brasileiras era de que a Rede Globo, que transmite a Formula 1 em sinal aberto, iria desistir de transmitir a partir de 2015, passando para o cabo. As pessoas agitaram-se, ainda por cima quando viram que a origem da noticia foi na revista Quatro Rodas e o jornalista que o divulgou é credível. Tudo certo, mas eu sabia de uma matéria feita não há muito tempo na Warm Up, a revista do site brasileiro Grande Prêmio, em que garantia a Formula 1 em sinal aberto até 2020.
Tive amigos meus a perguntarem via Facebook e Twitter para saber se isto era verdade, e muitos lamentaram o fim de uma tradição que já ia desde 1972, com uma interrupção em 1980, quando passou para a Rede Bandeirantes, por falta de interesse Brasileiro não ganhava, por isso...
Azar dos azares, foi precisamente nesse ano que Nelson Piquet começou a vencer corridas... e a Rede Globo pediu as transmissões de volta.
Mas, com isso na minha mente, eu disse às pessoas para terem calma, que poderia haver desenvolvimentos. Tenho experiência suficiente para saber que não se deve reagir de imediato, dar um tempo para ver como é que isto evolui. E foi em dois dias que as coisas ficaram esclarecidas: não iria haver uma migração para o cabo em 2015, e que qualquer modificação nos contratos teria de se haver com o "anãozinho" em pessoa.
E foi o que aconteceu. Lendo hoje de manhã o "Grande Prêmio" (GP), é o que esperava: tudo se mantêm na mesma e qualquer modificação das coisas tem de ser feito pessoalmente com o octogenário Bernie Ecclestone. Falando ontem à noite, à Globo Esporte, colocou tudo em pratos limpos: "O que me disseram foi que um advogado nosso disse que não há contrato com a Globo depois de 2013 ou algo assim. Primeiro, eu gostaria de dizer que não temos advogado no Brasil. Até talvez tenhamos para outras questões, mas eu trato disso pessoalmente".
Citado como advogado da FOM no Brasil e principal fonte na noticia da 'Quatro Rodas', o presidente do São Paulo Futebol Clube (SPFC) e advogado da Confederação Brasileira de Futebol, Carlos Miguel Aidar, também negou tais declarações. "Não sou advogado desta empresa. Não sei nem que empresa é essa. Então, se a matéria saiu desse jeito, está completamente equivocada", afirmou.
De fato, lendo a matéria do GP, pode-se ver que as transmissões em sinal aberto são lucrativos: Este ano, a Globo fechou negócio com quatro empresas, conseguindo um total de 412 milhões de reais, cerca de 137,4 milhões de euros. Mesmo quando eles deixam de transmitir grande parte da qualificação, e mesmo sabendo que a qualidade das suas transmissões deixa a desejar - pelo menos comparado com o que podemos ver na Sky Sports ou na BBC - podemos dizer que é um negócio lucrativo.
Em suma, foi "barriga", como se diz no jargão jornalistico brasileiro, quando querem dizer que tal noticia é falsa. Mas apesar das coisas não irem lá muito bem para o Ibope (firma brasileira que mede as audiências), a Globo não é parva para rasgar contrato a meio, ainda mais quando sabe que continua a ser algo lucrativo. E ainda por cima, vamos imaginar que Massa volta a ganhar com os Williams em 2015. Voltam a cometer o erro de 34 anos antes? Pois é.
No final, cito Victor Martins, um dos jornalistas do Grande Prêmio, na sua coluna: "A Globo, goste-se ou não dela ou de seu formato de transmissão, não virou manicômio para rasgar ou jogar dinheiro fora". Concordo plenamente.
Martins matou a pau.
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