Na semana passada, um dos campeonatos que se esperava ser divulgado pela FIA era o do WEC, o Mundial de Endurance, mas tal não aconteceu. Provavelmente poderá acontecer neste fim de semana, durante as Seis Horas de Austin, mas uma olhadela esta quarta-feira ao site Le Mans Portugal revela algumas coisas sobre o calendário de 2015. Primeiro que tudo, o mal-estar em relação às Seis Horas do Bahrein, e depois, sobre a possibilidade de outras pistas a entrarem no jogo, como Montreal e Monza.
O Circuito Gilles Villeneuve de facto têm alguma tradição de receber outras corridas de outras categorias, como a NASCAR e a CART, e chegou a receber provas do extinto Mundial de Sport-Protótipos, no final dos anos 80 e inicio dos anos 90. Contudo, isso nunca ficou tão profundamente ligado como ficou a Formula 1, mas ver outra categoria por lá seria bem vinda, e poderia complementar, por exemplo, com a corrida de Austin.
Outro rumor que se têm ouvido era que Monza poderia aparecer no calendário. E ao contrário de Montreal, têm imensa tradição, nomeadamente os 1000 km de Monza, onde a par de Spa-Francochamps e Silverstone, para citar alguns, e alguns dos adeptos estranham ainda hoje a razão pelo qual ela não está no campeonato mundial de Endurance. Contudo, há esperança: o novo diretor do circuito é Ivan Capelli e já disse que gostaria de ter uma prova no calendário, umas "Seis Horas de Monza", o que seria ótimo. Resta saber se consegue convencer os responsáveis da FIA para os acolher no calendário, e caso a resposta seja positiva, seria uma excelente adição, em contraste com o Bahrein, que estará até 2017 no Mundial e do qual muitos torcem o seu nariz, devido ao ar de "novo rico", para não falar no registo duvidoso em termos de Direitos Humanos e afins...
Contudo, este não pode ser enorme, como é a Formula 1, por exemplo. Oito corridas de seis horas cada, como está neste momento, é exaustivo, e pensando que não, supera até os quilómetros que a essa categoria faz por temporada. E ter mais duas corridas, por exemplo, poderá ser "um passo dado demasiadamente depressa" por parte da FIA, apesar de ser algo que valha a pena, especialmente se incluir uma corrida numa das clássicas europeias.
E isso poderá vir na melhor altura possivel. As construtoras estão a virar para o WEC com curiosidade e entusiasmo. Se temos Audi, Toyota e Porsche, com a Lotus a aparecer e a partir de 2015, a Nissan, outros construtores poderão fazer a sua aparição, como a Subaru. E isso foi mais do que suficiente para que o jornalista Hayden Berns, do site Motorsport, escrever sobre a ascensão da Endurance, comparando-o com o Grupo C dos anos 80.
É verdade que o Grupo C e o Mundial de Sport-Prototipos nessa altura era algo fantástico, rivalizando com a Formula 1, e que a modificação dos regulamentos, em 1991, por Max Mosley, com a ajuda de Bernie Ecclestone, praticamente destruiu o campeonato, e os apreciadores tiveram de esperar vinte anos para voltar a ver um Mundial de Endurance, graças às ações de Jean Todt, que antes de ser o diretor desportivo da Ferrari, em 1993, ajudou a Peugeot a vencer duas edições das 24 Horas de Le Mans.
Se formos ver, hoje em dia, WEC e Formula 1 têm dois rumos distintos. A primeira dedica-se bastante à tecnologia híbrida nos seus motores e nos seus sistemas de recuperação de energia como o KERS, mas a Formula 1 têm coisas como o DRS e as asas móveis, para facilitar as ultrapassagens e proporcionar mais espetáculo. Claro que são duas coisas diferentes, não se pode comparar o incomparável - falamos de corridas de seis horas contra uma que têm um limite de duas horas, por exemplo - mas o jornalista dá um bom exemplo a favor da Endurance: a relevância dos dispositivos no nosso dia-a-dia.
"[Sobre a relevância no nosso dia-a-dia] Esta é outra área onde atualmente, as corridas de Endurance estão na liderança. As 24 Horas de Le Mans são uma vitrine para marcas novas e futuras tecnologias para o público. 'Está a ver este laser que pode ver muitos quilômetros na escuridão? Ele poderá estar no seu próximo carro de estrada da Audi!' (eu inventei esse exemplo agora). Mas isto é o que a Endurance moderna tem tudo a ver! Para muitos fãs, o som dos carros é um grande sucesso e uma necessidade absoluta para todos os que amam a modalidade. Mas você não acha que também é fantástico ter um Audi R18 E-Tron Quattro a fazer 340 + km/hora sem fazer um pio?"
E nas linhas seguintes, ele fala sobre a tecnologia híbrida e sobre os pneus. Um dos exemplos que dá é sobre a tecnologia que a Michelin está a fazer em relação aos seus pneus, que estão a fazer com que os carros de Endurance estão a poupar gasolina com o seu uso, como o "Michelin Green X Challenge", instituída pela ACO, o Automobile Club De L'Ouest, e já teve consequências: os pneus conseguem aguentar entre quatro e cinco paragens na boxe, o que numa corrida longa como é as 24 Horas de Le Mans, representa uma enorme poupança de pneus, e claro, o ambiente agradece.
Nos dois últimos parágrafos, lê-se mais um "whishful thinking" - ou seja, um desejo - do que uma realidade: que a Endurance poderá chegar ao pináculo do automobilismo e ser a melhor categoria, desalojando do lugar a Formula 1. Não que tal seja uma impossibilidade - o impossível não existe, como sabem - mas a Endurance têm apenas duas temporadas e há ainda algum caminho a percorrer. É certo que em 2015, haverá quatro marcas na LMP1 e outras virão, e claro, não poderemos expluir as privadas.
E também teremos que ver as categorias. São quatro neste momento (e em breve haverá a LMP3 para a Ásia), e todos têm em média 15 a 20 carros. Ter 50 carros em Le Mans ou Sebring pode não ser problema, mas em pistas mais pequenas, com tempos bem diferentes - em norma, quatro segundos por volta - é complicado. Berns fala que uma das categorias de GT poderá desaparecer, caso haja um excesso de procura por parte da LMP1, apesar de em 2015, teremos no máximo, 12 a 14 carros.
Talvez essa pergunta possa ter uma resposta dentro de cinco anos, mas é sabido que a Endurance está a viver o inicio de um período de ouro, e a Formula 1 está a alcançar o final de uma era, com Bernie e os demais atores a chegarem à terceira idade, como já expliquei há uns dias. Mas mesmo assim, temos de ter cautela. Muitos já disseram nos últimos vinte anos que iriam desalojar a Formula 1 na popularidade, e até agora, não tiveram sucesso.
Se formos ver, hoje em dia, WEC e Formula 1 têm dois rumos distintos. A primeira dedica-se bastante à tecnologia híbrida nos seus motores e nos seus sistemas de recuperação de energia como o KERS, mas a Formula 1 têm coisas como o DRS e as asas móveis, para facilitar as ultrapassagens e proporcionar mais espetáculo. Claro que são duas coisas diferentes, não se pode comparar o incomparável - falamos de corridas de seis horas contra uma que têm um limite de duas horas, por exemplo - mas o jornalista dá um bom exemplo a favor da Endurance: a relevância dos dispositivos no nosso dia-a-dia.
"[Sobre a relevância no nosso dia-a-dia] Esta é outra área onde atualmente, as corridas de Endurance estão na liderança. As 24 Horas de Le Mans são uma vitrine para marcas novas e futuras tecnologias para o público. 'Está a ver este laser que pode ver muitos quilômetros na escuridão? Ele poderá estar no seu próximo carro de estrada da Audi!' (eu inventei esse exemplo agora). Mas isto é o que a Endurance moderna tem tudo a ver! Para muitos fãs, o som dos carros é um grande sucesso e uma necessidade absoluta para todos os que amam a modalidade. Mas você não acha que também é fantástico ter um Audi R18 E-Tron Quattro a fazer 340 + km/hora sem fazer um pio?"
E nas linhas seguintes, ele fala sobre a tecnologia híbrida e sobre os pneus. Um dos exemplos que dá é sobre a tecnologia que a Michelin está a fazer em relação aos seus pneus, que estão a fazer com que os carros de Endurance estão a poupar gasolina com o seu uso, como o "Michelin Green X Challenge", instituída pela ACO, o Automobile Club De L'Ouest, e já teve consequências: os pneus conseguem aguentar entre quatro e cinco paragens na boxe, o que numa corrida longa como é as 24 Horas de Le Mans, representa uma enorme poupança de pneus, e claro, o ambiente agradece.
Nos dois últimos parágrafos, lê-se mais um "whishful thinking" - ou seja, um desejo - do que uma realidade: que a Endurance poderá chegar ao pináculo do automobilismo e ser a melhor categoria, desalojando do lugar a Formula 1. Não que tal seja uma impossibilidade - o impossível não existe, como sabem - mas a Endurance têm apenas duas temporadas e há ainda algum caminho a percorrer. É certo que em 2015, haverá quatro marcas na LMP1 e outras virão, e claro, não poderemos expluir as privadas.
E também teremos que ver as categorias. São quatro neste momento (e em breve haverá a LMP3 para a Ásia), e todos têm em média 15 a 20 carros. Ter 50 carros em Le Mans ou Sebring pode não ser problema, mas em pistas mais pequenas, com tempos bem diferentes - em norma, quatro segundos por volta - é complicado. Berns fala que uma das categorias de GT poderá desaparecer, caso haja um excesso de procura por parte da LMP1, apesar de em 2015, teremos no máximo, 12 a 14 carros.
Talvez essa pergunta possa ter uma resposta dentro de cinco anos, mas é sabido que a Endurance está a viver o inicio de um período de ouro, e a Formula 1 está a alcançar o final de uma era, com Bernie e os demais atores a chegarem à terceira idade, como já expliquei há uns dias. Mas mesmo assim, temos de ter cautela. Muitos já disseram nos últimos vinte anos que iriam desalojar a Formula 1 na popularidade, e até agora, não tiveram sucesso.
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