(continuação do capitulo anterior)
OS TAXIS DO MARNE
A 2 de agosto, a Alemanha
declarava guerra à França e decidiu colocar em atividade o “plano Schlieffen”,
que em linhas gerais, afirmava que o exército alemão tinha de atravessar
território belga no sentido de cercar o exército francês e os obrigar a
render-se em poucas semanas, numa ofensiva curta, mas suficientemente poderosa
para virar o curso da guerra a seu favor, como tinha acontecido 44 anos antes.
A invasão de Bélgica era algo que
a Grã-Bretanha não poderia tolerar, pois tinha assinado um tratado em 1839, que
garantia a soberania do país em casos como estes, e quando as tropas alemãs a
invadiram, a 4 de agosto, o governo não teve outra opção senão a de entregar a
declaração de guerra em Berlim. As tropas foram colocadas, mas no final de
agosto, as coisas estavam muito complicadas quer para os franceses, quer para
os britânicos, que não conseguiam conter o avanço do exército alemão, sob o
comando de Helmuth von Moltke. a 25 de agosto, as tropas francesas e alemãs, mais a Força Expedicionária britânica, combateram na zona de Mons, no sul da Bélgica, naquela que viria a ser conhecida como a "Batalha das Fronteiras", com resultados desastrosos para as forças aliadas, que no final do mês, tinham se retirado para dentro de território francês.
A partir dessa data, os alemães empurravam os franceses para o mais perto possivel de Paris, no sentido de os derrotar numa grande batalha, no sentido de apressar a capitulação e entrar em Paris sem oposição. O rápido avanço das tropas fez com que o governo evacuasse a capital no inicio de setembro, refugiando-se em Bordéus. A partir de 5 de setembro, com os alemães a 60 km a leste de Paris, ambos os exércitos começaram a confrontar-se no vale do Rio Marne. A defesa da cidade de Paris, comandada pelo general Gallieni, tinha reservas mais do que suficientes para aguentar a ofensiva alemã, e assim ele estabeleceu um plano simples: contra-atacar o avanço alemão, para os fazer recuar e afastar a ameaça de ocupação de Paris.
As coisas, de facto, estavam complicadas. O chefe da expedição britânica, Marechal John French, chegou a delinear um plano de evacuação da força britânica para os portos do canal da Mancha, mas o secretário da Guerra, Lord Kitchner, convenceu-o a cancelar os planos e a ajudar os franceses na ofensiva.
Os franceses já sabiam que os alemães não estavam a seguir o "Plano Schlieffen", à letra, porque o avanço tinha sido tanto e tão veloz que havia brechas que era preciso aproveitar pelo lado francês. Depois de observações aéreas por parte da nascente aviação (foi a primeira vez que se reconheceu o potencial aéreo em campos de batalha), o comandante-em-chefe do Exército, Joseph Joffre, decidiu mandar a 5 de setembro o Sexto Exército, comandado pelo general Manoury. Este tinha 250 mil homens sob o seu comando, e com eles, dois dias mais tarde, pressionou o exército alemão pela ala direita, conseguindo passar pelas brechas, acompanhados pela força expedicionária.
A 6 de setembro, parecia que a ofensiva iria ser bem sucedida, com os franceses a aproveitar a brecha que tinham criado, mas os alemães conseguiram reforçar a sua parte, colocando em perigo a ofensiva. Os franceses precisavam de reforços o mais rapidamente possivel, e Joseph Gallieni, o governador militar, decidiu improvisar uma solução: a requisição de todos os taxis da cidade! Na noite desse dia 6, os militares na reserva decidiram parar os taxis, na sua maioria Renault 8CV, e cada um deles transportava quatro pessoas cada um. Com isso, conseguiu transportar cerca de seis mil soldados para a frente. Apesar do impacto na moral dos franceses, em termos de batalha propriamente dita, não teve assim tanto impacto. Mas ficou no imaginário francês, pois a oito de setembro, o Sexto Exército francês passou à ofensiva, conseguindo quase destruir o exército alemão, ao ponto do comandante-em-chefe do exército alemão, Helmuth von Moltke, ter sofrido um colapso nervoso e teve de ser substituído.
Os alemães conseguiram, contudo, fazer uma retirada ordenada até às margens do rio Aisne, abandonando assim o Plano Schlieffen, e começaram a cavar trincheiras no sentido de marcar a sua posição e esperar para atacar na primavera seguinte. O que não sabiam era que as coisas iriam ser assim para os quatro anos seguintes. Mas nessa batalha, havia dois heróis: o general Joffre e um taxi, simbolizando a rapidez em colocar tropas no lugar certo, à hora certa.
(continua no capitulo seguinte)
A partir dessa data, os alemães empurravam os franceses para o mais perto possivel de Paris, no sentido de os derrotar numa grande batalha, no sentido de apressar a capitulação e entrar em Paris sem oposição. O rápido avanço das tropas fez com que o governo evacuasse a capital no inicio de setembro, refugiando-se em Bordéus. A partir de 5 de setembro, com os alemães a 60 km a leste de Paris, ambos os exércitos começaram a confrontar-se no vale do Rio Marne. A defesa da cidade de Paris, comandada pelo general Gallieni, tinha reservas mais do que suficientes para aguentar a ofensiva alemã, e assim ele estabeleceu um plano simples: contra-atacar o avanço alemão, para os fazer recuar e afastar a ameaça de ocupação de Paris.
As coisas, de facto, estavam complicadas. O chefe da expedição britânica, Marechal John French, chegou a delinear um plano de evacuação da força britânica para os portos do canal da Mancha, mas o secretário da Guerra, Lord Kitchner, convenceu-o a cancelar os planos e a ajudar os franceses na ofensiva.
Os franceses já sabiam que os alemães não estavam a seguir o "Plano Schlieffen", à letra, porque o avanço tinha sido tanto e tão veloz que havia brechas que era preciso aproveitar pelo lado francês. Depois de observações aéreas por parte da nascente aviação (foi a primeira vez que se reconheceu o potencial aéreo em campos de batalha), o comandante-em-chefe do Exército, Joseph Joffre, decidiu mandar a 5 de setembro o Sexto Exército, comandado pelo general Manoury. Este tinha 250 mil homens sob o seu comando, e com eles, dois dias mais tarde, pressionou o exército alemão pela ala direita, conseguindo passar pelas brechas, acompanhados pela força expedicionária.
A 6 de setembro, parecia que a ofensiva iria ser bem sucedida, com os franceses a aproveitar a brecha que tinham criado, mas os alemães conseguiram reforçar a sua parte, colocando em perigo a ofensiva. Os franceses precisavam de reforços o mais rapidamente possivel, e Joseph Gallieni, o governador militar, decidiu improvisar uma solução: a requisição de todos os taxis da cidade! Na noite desse dia 6, os militares na reserva decidiram parar os taxis, na sua maioria Renault 8CV, e cada um deles transportava quatro pessoas cada um. Com isso, conseguiu transportar cerca de seis mil soldados para a frente. Apesar do impacto na moral dos franceses, em termos de batalha propriamente dita, não teve assim tanto impacto. Mas ficou no imaginário francês, pois a oito de setembro, o Sexto Exército francês passou à ofensiva, conseguindo quase destruir o exército alemão, ao ponto do comandante-em-chefe do exército alemão, Helmuth von Moltke, ter sofrido um colapso nervoso e teve de ser substituído.
Os alemães conseguiram, contudo, fazer uma retirada ordenada até às margens do rio Aisne, abandonando assim o Plano Schlieffen, e começaram a cavar trincheiras no sentido de marcar a sua posição e esperar para atacar na primavera seguinte. O que não sabiam era que as coisas iriam ser assim para os quatro anos seguintes. Mas nessa batalha, havia dois heróis: o general Joffre e um taxi, simbolizando a rapidez em colocar tropas no lugar certo, à hora certa.
(continua no capitulo seguinte)
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