E por fim, chegamos ao termino da temporada. Num lugar novo e artificial, um sinal dos tempos sobre onde está agora o dinheiro, e claro, a Formula 1, sempre sedenta das verdinhas, segue onde ele está. E nestes novos tempos, adapta-se, fazendo uma pontuação a dobrar, quebrando mais uma vez uma tradição, desta vez a do principio de igualdade entre as corridas. Estou certo que Bernie Ecclestone, ao ter a ideia - e da FIA a sancionar, claro - encarregou de sacar mais alguns dólares desses poços sem fundo do Golfo Pérsico, apesar de agora, as coisas andarem um pouco mais aflitas, já que o preço do petróleo anda a baixar muito...
Debaixo do céu de um lugar sem estações do ano, máquinas e pilotos preparavam-se para marcar pela última vez no ano um lugar na grelha de partida, sabendo mais ou menos que, naquele lugar, nada se pode esperar de novo ou de surpreendente. Mas a grande novidade foi o regresso dos Caterham, com outro piloto, o britânico Will Stevens, no lugar do sueco Marcus Ericsson. Apesar de ter experimentado o carro em sessões de testes, neste teste a sério, acabou por ficar no último lugar, a mais de 3,8 segundos dos dominantes Mercedes. Mas aplaude-se o esforço, pois já se sabia que ele não iria sair do último lugar: Romain Grosjean tinha sido penalizado em... vinte lugares (!) e iria largar do último lugar da grelha.
No final, a acompanhar estes três pilotos estava o outro Lotus de Pastor Maldonado e o Sauber de Esteban Gutierrez. Agora percebe-se as proezas dos camiões saltitantes no Youtube: servem para que nós esqueçamos as más exibições na grelha de partida...
Na segunda parte da qualificação, os dois pilotos da Mercedes brigavam pelo melhor tempo, com alguns excessos pelo caminho, Nico Rosberg fez um deles e perdeu tempo, tal como Lewis Hamilton, mas foram mais uns "fait divers" desta qualificação, quando a realidade dizia que entre os pilotos que ficaram de fora da Q2, para além dos Force India, do Toro Rosso de Jean-Eric Vergne ou do Sauber de Adrian Sutil, também estava o McLaren de Kevin Magnussen, a grande surpresa. Em contraste, Daniil Kvyat mostrava o seu talento e colocava o seu carro no oitavo lugar da grelha provisória.
A terceira parte costuma ser o mais sumarento - em eras passadas, claro - e haveria a expectativa da Williams marcar um tempo que incomodasse a toda-poderosa Mercedes, quebrando os monopólios dos últimas corridas. Mas apesar dos esforços, não deu. E Nico Rosberg conseguiu pela terceira vez consecutiva bater Lewis Hamilton numa qualificação, mostrando que neste campo, é o melhor. O chato é o que acontece na corrida, onde ele claramente têm um ritmo superior do que o alemão.
Na grelha final, a hierarquia: Mercedes, Williams, Red Bull, Ferrari. Não havia grandes alterações, não havia surpresas. Pelo menos, era o que viamos na pista... até que a secretaria funcionou. A FIA desconfiou as asas dianteiras dos Red Bull de Sebastian Vettel e Daniel Ricciardo e no final, decidiu retirar os tempos e obrigá-los a partir da última fila, atrás dos Caterham.
Amanhã é o dia decisivo. Dali não passará, e saberemos quem será o campeão de 2014. Num dos sítios mais aborrecidos e mais artificiais do mundo. Nos tempos que correm, o poder do dinheiro dá nisto...
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