Hoje, Jody Scheckter cumpre 65 anos de vida. Acho engraçado saber que ele tenha nascido precisamente onze dias depois de Gilles Villeneuve, seu companheiro de equipa na Ferrari em 1979 e 1980, e notoriamente um dos seus melhores amigos no automobilismo. Mas a foto que escolhi hoje (tirada por Robert Murphy) faz recuar ao inicio da sua carreira e à fama que tinha então. E o que fez mudar isso.
Scheckter, de origem judaica, era filho de um revendedor da Renault em East London, na África do Sul. Chegou à Grã-Bretanha em 1971 e rapidamente ganhou a alcunha de "Baby Bear" devido ao facto de ter pé pesado e não ser lá muito delicado em termos de condução... a sua velocidade foi vista pela McLaren, que o contratou no final de 1972 para o seu terceiro carro. Cedo mostrou que podia acompanhar os pilotos da frente, mas não conseguia levar o carro até ao fim.
Aquela temporada de 1973 mostrou um Scheckter selvagem, mas tornou-se marcante para a memória do jovem sul-africano. A marca tinha-lhe dado um contrato para correr no terceiro carro da marca, no ano em que iriam lançar o M23, o carro mais bem sucedido até então. Não correu com ele em Kyalami, mas deu nas vistas, andando no terceiro posto até perto do final, onde teve problemas mecânicos e abandonou.
A sua segunda oportunidade foi em Paul Ricard, no GP de França, onde conseguiu ficar na primeira fila, ao lado de Ronnie Peterson e de Jackie Stewart. E durante muito tempo, liderou a corrida, acossado por Emerson Fittipaldi, que sempre o tentou passar, sem sucesso. Até que na volta 41, o brasileiro tentou passá-lo numa manobra arriscada, do qual Scheckter só teve tempo para fechar a porta.
Apesar de ter sido ele a arriscar, Fittipaldi não hesitou em afirmar que Scheckter era um perigo. E na corrida seguinte, em Silverstone, ao arrancar outra vez das primeiras posições e causar a carambola que eliminou onze carros da prova, parecia que o campeão do mundo tinha razão.
Mas o momento em que muda Jody Scheckter para sempre acontecerá na última corrida do ano, quando ele já têm no seu chassis o numero 0 (apropriado...) e a fama continuava. Na corrida anterior, em Mosport, tinha causado uma colisão com o Tyrrell de Francois Cevért, que causou a interrupção da corrida e a infame entrada do Pace Car, que deu uma enorme confusão. Apesar de todas as advertências, isso foi o suficiente para que Ken Tyrrell o quisesse para a sua equipa em 1974, já que Jackie Stewart iria retirar-se. Ele iria correr ao lado de Francois Cevért, que não tinha esquecido o que tinha acontecido na corrida anterior, e - conta-se - quando viu o McLaren, decidiu acelerar mais do que devia.
Uma coisa é certa: Scheckter foi o primeiro carro a chegar ao local do acidente fatal. Foi o primeiro a ver a Formula 1 no seu pior. E deve ter sido uma imagem que o marcou para o resto da sua carreira e da sua vida. Ele fala que aquela visão o fez dosear a sua agressividade, e que apenas queria ser campeão do mundo, para poder ir embora. Quando o fez, em 1979, cumpriu o ano que faltava na Scuderia antes de ir embora de vez, aos 30 anos de idade. Poucos se tinham retirado tão cedo como ele, e a razão era válida: conseguira o que queria, e não fazia mais nada por ali.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...