quinta-feira, 2 de abril de 2015

A foto do dia (II)

A foto mostra uma confusão que poderia ter acabado mal, e do qual o aniversariante foi recompensado pela sua coragem. A carreira - e a vida - de Clay Regazzoni poderia ter acabado nesse dia, se não fosse o esforço altriuista de Mike Hailwood, que caso estivesse vivo, faria hoje 75 anos de idade.

O episódio aconteceu em Kyalami, durante a segunda volta do GP da Africa do Sul de 1973. Dave Charlton, um dos locais, estava a tentar chegar aos lugares da frente quando perdeu o controle do seu Lotus, acabando por bater nos carros de Hailwood, no Ferrari de Jacky Ickx e no BRM de Clay Regazzoni. O suiço desmaiou com o choque e o carro começou a arder, e Hailwood tentou fazer o melhor para tirar o cinto e retira-lo dali. Apesar de ter acabado com chamas no seu fato, conseguiu salvar "Regga".

Meses depois, o salvamento de Hailwood foi recompensado com a George Medal, que foi entregue ao lado de David Purley, que meses depois, em Zandvoort, tentou salvar de forma inútil o seu amigo e colega Roger Williamson, em algo que foi visto em direto por milhões de pessoas um pouco por todo o mundo.

Chamam-lhe de "Mike, the Bike" pela sua carreira no motocilismo. Sempre foi reconhecido como um dos grandes, quer na Ilha de Man, quer no campeonato do mundo. Nove títulos mundiais, nos 250, 350 e 500cc, em máquinas como Norton, MV Augusta e Honda, entre outros. Os titulos mundiais de 1966 e 1967 foram conquistados de maneira tao dominadora contra outro gigante do motociclismo, Giacomo Agostini, que achou que não havia mais nada. Logo, passou para os automóveis, após a Hoinda ter decidido abandonar a competição em 1968 e pagando a Hailwood 50 mil libras para que... não corresse.

Já lá tinha estado antes, na Formula 1, mas sem grandes resultados. Depois de um terceiro lugar em Le Mans, em 1969, andou na Surtees, a equipa de outro piloto que tinha passado das duas para as quatro rodas. Conseguiu dois pódios e uma volta mais rápida, mas a sua carreira acabou após um acidente bem feio em Nurburgring, onde quebrou ambas as pernas.

Após isso, regressou às motos, e tentou a Man TT uma última vez, com uma Ducati. Conseguiu o feito em 1978, aos 38 anos, perante imensa gente que achava que os seus melhores dias tinham ficado para trás. Feito isso, retirou-se de vez.

Um certo dia, quando estava com um grupo de amigos motociclistas na Africa do Sul, cruzou-se com um "swami" indiano que sabia ler as mãos. Afirmou que do grupo, ele seria o último a morrer. Há quem garanta que quando sofreu o seu acidente fatal, a 23 de março de 1981, era o último desses moicanos. Mas teve tempo para grandes feitos, em duas e quatro rodas.  

1 comentário:

  1. a história nos remete a um ato de heroísmo que dificilmente veremos nos dias atuais...

    abs...

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Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...