Fiquei hesitante para saber que foto colocaria por aqui, para lembrar desse dia de abril de há 30 anos. Porque fotos icónicas desse dia e desse fim de semana não faltam. Os Cahier, o Schlegelmilch, o Sutton e muitos outros tiraram fotos do Estoril nesse fim de semana, para os momentos alegres e controversos, os herois vencendo ou encostados à berma, com problemas nos seus carros.
No meio disso tudo, apareceu um desenho que decidiu tudo, na minha ótica. O Ricardo Santos é da minha geração, e certamente viu essa corrida, nessa tarde de abril, da sala da sua casa, como eu. Afinal de contas, as crianças não vão a autódromos nos domingos à chuva e ao frio, a não ser que o pai seja fanático por corridas. É um belo desenho, quase hipnotizante, que sintetiza o que aconteceu nesse dia, que nos fez brilhar nos olhos e colocou-o na galeria dos heróis. Numa geração, um pouco por todo o mundo.
E depois desse dia, só vivi algo semelhante 23 anos depois, quando, noutra tarde de domingo, à chuva, vi um rapaz alemão a andar à chuva como se fosse gente grande, num carro que ninguém acreditava que fosse possível vencer. Mas conseguiu, contra todas as expectativas. Portanto, já podem ver qual é o meu critério para ser fã de piloto de Formula 1: vencer contra todas as possibilidades, numa máquina inferior à concorrência, debaixo de condições adversas. A chuva dá uma igualdade que justifica o prazer em assistir a uma corrida.
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