Quem assistiu a aquele fim de semana do Mónaco, em 1970, mal sabia que estava a ver um daqueles momentos de transição de uma geração para a outra, do qual a História se encarrega de assinalar. Naquele mundo automobilístico, onde o perigo estava sempre à espreita, a a morte violenta algo quase inevitável, de uma forma ou outra, ver esta foto de Rainer Schlegelmilch destes dois pilotos é um momento único. Tratam-se do francês Johnny Servoz-Gavin e do sueco Ronnie Peterson, e este seria o único fim de semana em que estariam juntos.
Curiosamente, ambos correriam num March, que naquele ano estava a chegar "com tudo", dando chassis a todos os que tinham 8500 libras para gastar, que depois arranjaria os motores Cosworth necessários. Jo Siffert, por exemplo, tinha o seu carro e seu salário pago pela Porsche, pois este temia que fosse para a Ferrari, o seu maior rival na Endurance. Mas foi por causa da March que Ken Tyrrell arranjou dois chassis para Jackie Stewart e Johnny Servoz-Gavin. E foi com Ronnie Peterson que Max Mosley, o "M" da March, assinou o seu primeiro contrato.
Mas nesse fim de semana do Mónaco, o sueco queria saber como se safar das armadilhas, enquanto que Servoz-Gavin lutava contra os seus fantasmas, que tinham acontecido após um acidente durante esse inverno, que afetou a visão do seu olho direito e a sua capacidade de guiar velozmente. Para piorar as coisas, a visão do carro de Jackie Ickx a arder, na corrida anterior em Jarama, fez com que o medo o vencesse. Depois de não conseguir qualificar decidiu que iria pendurar o capacete de vez. Para o seu lugar veio outro francês, Francois Cevért.
Quanto ao sueco, teve quase toda uma década para mostrar todo o seu talento e carisma. Não o suficiente para ser campeão, mas todos não o esquecem.
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