No passado dia 30 de maio, antes do inicio dos treinos para as 24 Horas de Le Mans, a organização prestou homenagem às oitenta vitimas mortais do acidente que aconteceu na edição de 1955, quando o Mercedes de Pierre "Levegh"perdeu o controle e foi parar a uma das tribunas na reta de La Sarthe. A foto vi-a no Facebook do jornalista da Eurosport João Carlos Costa, e ele diz algo que é absolutamente verdade: "nesse dia de 1955 o Desporto Motorizado podia ter sido banido para sempre".
Quem conhece a história e o que se passou nos dias e semanas a seguir a esse trágico acidente entenderá o que ele queria dizer. Se alguns sabem que na Suíça as corridas automóveis são proibidas, provavelmente poucos se lembrarão a razão, e tem a ver com o que se passou em Le Mans. E quem não se lembra a história, eu digo que por causa disso, metade das provas do Mundial de Formula 1 que se previa para essa temporada foi cancelada. Não houve corridas na Alemanha, em França, Espanha e claro, Suíça. E foram muitos os que pediram que a temporada de Formula 1 fosse imediatamente cancelada. A Grã-Bretanha e a Itália decidiram não acatar os apelos e o campeonato continuou.
Para além disso, a mentalidade de então ajudou. A II Guerra Mundial tinha acabado há dez anos e era uma geração que queria viver os tempos que não viveram na sua infância e juventude, e o automobilismo era uma espécie de substituto da guerra. Os pilotos de automóveis eram uma espécie de ases de pilotagem, mas sem batalhas e sem abates. Contudo, o perigo de morte existia, graças à falta de segurança dos carros e à volatilidade deles mesmos. Caso isto tivesse acontecido num tempo como o nosso, não ficaria admirado em ouvir os apelos a cancelamentos e banimentos, como em 1955.
Mas na altura, as pessoas pensavam que não haveria alternativas a uma coisa destas. O tempo encarregou de mostrar que havia, quando se começou a pensar na segurança dos automóveis, das pessoas, dos circuitos. E aos poucos, chegamos a um ponto onde o risco de morte está num nível minimo. Mas como já aprendemos com os exemplos recentes, ele nunca será erradicado.
E por muitos anos que passem, não se pode esquecer o que aconteceu naquela tarde de junho, há sessenta anos.
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