terça-feira, 9 de junho de 2015

A(s) foto(s) do dia



Estas fotos vi-as no Facebook do Ricardo Grilo, que vai ser um dos comentadores da Eurosport para as 24 Horas de Le Mans, e claro, são muito raras. E a história vale a pena ser contada.

Pouca gente tem ideia do que foi Le Mans durante a II Guerra Mundial, e porque é que as atividades não aconteceram logo a seguir, tendo os fãs de automobilismo de esperar até 1949, dez anos depois da última corrida, para regressar às atividades. Uma boa razão tem a ver com a importância da cidade em termos de transportes e até que pontos as duas partes em conflito a queriam.

Quando Jean-Pierre Wimille e Pierre Veyron venceram para a Bugatti as 24 Horas de Le Mans, a 18 de junho de 1939, a Europa já tinha a respiração em suspenso devido às tensões entre a Alemanha nazi e os Aliados franceses e britânicos. Dois meses e meio depois, a 1 de setembro, as tropas alemãs invadiram a Polónia e dois dias mais tarde, França e Grã-Bretanha declararam guerra, deixando expirar o ultimato para que as tropas hitlerianas saírem de terras polacas.

Contudo, a organização decidiu preparar-se para a edição do ano seguinte, esperando que as coisas pudessem melhorar até lá. Mas a 10 maio, cerca de um mês antes de uma eventual corrida, as tropas alemãs invadiram a Bélgica e na Holanda, e logo a seguir, a França. Em pouco mais de seis semanas, a Wermacht marchava em Paris e a 25 de junho, quando poderia haver a edição desse ano, o marechal Philippe Petain pediu um armisticio, dividindo o pa´s em dois, numa zona ocupada e uma zona livre.

Le Mans ficou na zona ocupada, e a sua importância em termos estratégicos fez com que o exército alemão assentasse arraiais por ali. E os Aliados bombardeavam frequentemente esse lugar para perturbar as movimentações desse exercito. E em julho de 1944, as tropas do general Patton libertavam a cidade, mas os estragos estavam feitos: o aeródromo militar estava bombardeado, as bancadas e demais instalações foram desmanteladas. E os franceses decidiram fazer um campo para os prisioneiros alemães no sitio onde estava a reta da meta, que ficou até 1948, altura em que foram feitas bancadas mais permanentes para os espectadores.

A 26 de junho de 1949, dez anos e uma semana depois da última vez, os carros voltaram a La Sarthe. Wimille, um dos vencedores, já não existia mais: tinha morrido num acidente no inicio desse ano, em Buenos Aires. E aquele foi o ano em que a Ferrari venceu pela primeira vez, com Luigi Chinetti, que mais tarde seria o importador da Scuderia para os Estados Unidos. E tinha voltado ao lugar mais alto do pódio, quinze anos depois de ter vencido pela última vez, pela Alfa Romeo.

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