Contrariando os cepticismos e os que acham que uma competição com automóveis elétricos não passaria da primeira temporada, a Formula E vai acabar este fim de semana o seu primeiro campeonato com três candidatos ao título, dois deles brasileiros. E ambos - Lucas de Grassi e Nelson Piquet Jr. - não gramam um com o outro, da mesma forma que o pai de Nelsinho não gramava o tio do Bruno, Senna, claro.
Em Londres, irá haver uma jornada dupla, com 50 pontos em disputa, quando os dois primeiros estão separados por dezoito pontos, com Sebastien Buemi, o terceiro classificado, não está muito longe. E para além da emoção de uma luta a três, falamos de uma competição que cresce em popularidade, está bem organizada, e atrai cada vez mais pessoas. Afinal de contas, quem me aponta a competição onde temos o presidente de câmara de uma cidade a andar dentro de um carro de competição? E nem falo da Formula 1...
É certo que não se acerta tudo à primeira. É uma competição monomarca, como na IndyCar, mas a partir do ano que vêm, haverá uma liberalização nesse sentido. Há ajustamentos a fazer em relação às corridas - são curtas, não chegam a uma hora - e nem todos gostam da ideia de ter os pilotos a trocar de carro a meio da corrida. E as corridas são todas dentro das cidades, mas esse deve ser a ideia deles: que o automobilismo é compatível com o dia-a-dia de uma grande cidade, trazer às massas. Mas Alejandro Agag, o diretor da competição, já afirmou que gostava de ver carros a completarem uma corrida com uma só bateria dentro de cinco anos. Veremos se os seus desejos se cumpram.
E o mais interessante - eu li isto por estes dias - é que Jean Todt apareceu o dobro de vezes em corridas da Formula E do que na Formula 1, sinal de que isto tem o apoio da entidade máxima do automobilismo, a FIA. E claro, já há vozes que defendem que Agag deveria substituir o anãozinho tenebroso, Bernie Ecclestone.
Mas mais do que isso, a tecnologia elétrica tem finalmente uma competição digna do seu nome. As marcas poderão desenvolver os seus produtos - e o aumento de custos será inevitável - e esse tecnologia passará para os carros de estrada. Inevitavelmente, num espaço de dez anos, haverá mais tecnologia limpa nas nossas estradas, as baterias aumentarão a sua duração e o seu alcance, e novos materiais entrarão em cena, substituindo materiais mais poluentes, que estão a ser usados neste momento para as baterias, e do qual os seus detractores atacam.
O cartoon é do Bruno Mantovani. Que venha o fim de semana de Londres!
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Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...