Transcrevo aqui o que o João Carlos Costa, jornalista da Eurosport Portugal, escreveu esta tarde no Facebook, ao colocar estas duas imagens do "paddock" de Silverstone. A primeira, em abril, quando recebeu as Seis Horas, em Silverstone, a segunda no final de semana passado, quando recebeu a Formula 1. Leiam e aproveitem para refletir. Vale a pena.
"ESTAS DUAS fotos do WEC e da F1 em Silverstone marcam bem a diferença entre os dois campeonatos. Mais que a performance dos carros, o serem tecnologicamente mais avançados ou mais velozes numa volta, é na abordagem do público que está a diferença. Como espectador sinto-me muito melhor acolhido num pit-walk do WEC, onde carros e pilotos estão à minha disposição, do que num ver os monologares de F1 (e nunca os pilotos) à distância e por detrás de um muro (das boxes).
Durante anos, a F1 vendeu a exclusividade - a ideia que entrar neste mundo de portas fechadas era uma espécie de el-dorado. Hoje em dia, uma visita ao paddock de F1 é um passeio triste, onde até alguns jornalistas não conseguem entrar e, pior que isso, onde os patrocinadores (em muitos casos) estão confinados ao exclusivo mas pouco glamoroso paddock club, explorado com mão de ferro e bolsa cheia pelos amigos do Tio Bernie.
Já no WEC a política de portas abertas - ainda que não completamente escancaradas - parece agradar mais a uma nova geração de fãs, para quem o sentir-se preterido deixou de ter o efeito de querer entrar num mundo exclusivo, bem pelo contrário. A exclusão, o fechar dos caminhos, leva ao desinteresse. Alguns dados apontam para uma cada vez menor adesão dos jovens à F1. E não me digam que é só por causa da ausência de barulho dos motores...
A F1 precisa de rever a sua ligação ao público. O WEC, pelo seu lado, tem de continuar a cultivá-la. Se o fizerem, as duas disciplinas só têm a ganhar. Podem perfeitamente conviver, alargando a margem de interesse sobre o desporto motorizado junto de um público que não é "maluquinho das corridas". Mas mesmo os que o são, gostam cada vez mais de fazer parte da festa. Se é só para ver corridas da bancada, então ficam em casa e vêm tudo com mais detalhe pela televisão."
Há que temos que avisamos que o rei vai nu, mas parece que o rei quer continuar a fazer os seus disparates, na sua bolha, no seu castelo. E com o tempo, as pessoas vão-se embora, atraídas por novos brinquedos. Olhem o WEC e a Formula E...
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