(...) É mais do que sabido que a Formula 1 é avesso às redes sociais. São conhecidas as ofensivas para retirar vídeos no Youtube feitos por fãs, e o Twitter da Formula 1 por muito tempo não fez grande coisa, em comparação com a MotoGP ou a IndyCar. Para além da hostilidade que Bernie Ecclestone já teve, por mais do que uma vez, com as redes sociais. Só muito recentemente – este ano, para ser mais concreto - reagiu aos protestos, aparecendo mais no Twitter e no Youtube, e renovando o seu sitio oficial, mas continua muito longe de outras categorias. E ainda por cima, a Formula 1 tem uma estratégia de colocar as transmissões televisivas em canais pagos, escolhendo os seus públicos, “os senhores de 70 anos com Rolexs no pulso”, como disse certo dia o velho anão.
E há uma grande razão porque a Formula 1 tem essas atitudes: quando és o maior, ficas cego com o sucesso e pensa-se que ninguém lhe dará lições de como se deve gerir o negócio. Se rende 1,7 mil milhões de dólares por ano, para quê andar à procura de novos públicos? Os emires do Golfo Pérsico e os autocratas do espaço da antiga União Soviética servem perfeitamente…
Mas essa atitude – e não me prolongo muito sobre as atitudes do Grupo de Estratégia – mostram que eles têm vistas curtas. No médio prazo, eles perderão público caso não reajam. É certo e sabido que estão a perder na batalha geracional, são cada vez menos os jovens que querem ver a Formula 1 e o facto de não passar mais em canal aberto ajuda. Mas para além disso, a Formula E foi desde o inicio aberta ao mundo, pois não tinha nada a perder na sua mensagem ambientalista e sustentável. O espanhol Alejandro Agag teve sucesso ao apresentar a ideia de colocar corridas no centro das cidades, sem o barulho que os motores convencionais a gasolina fazem. E ao longo destas corridas, teve sempre o apoio da FIA, através do seu presidente, Jean Todt. Foram poucas as corridas em que ele não esteve presente, ao contrário da Formula 1, onde só me lembro de o ver no fim de semana do GP do Mónaco. (...)
Este mês, escrevi sobre a primeira temporada da Formula E e as expectativas que causou após o seu final, no passado mês de junho, em Londres. Do otimismo que algumas pessoas tinham em relação ao seu futuro imediato e a entrada de mais construtores na competição, fornecendo as suas unidades de energia. E como contrariou as vozes de ceticismo que grassavam no meio.
Apesar de não ser comparável com a Formula 1, eles caminham no sentido de não seguir aquilo que eles fazem, ou seja, a elitização e se fecharem para as novas gerações. As transmissões televisivas são de graça, feitas no seu site oficial, e a ideia do "fanboost", ou seja, colocar os fãs na escolha do piloto que merece ser apoiado com um "booster" que lhe permite ter mais energia durante alguns segundos, cativaram muita gente.
E sobre isso e muito mais que escrevo este mês no Nobres do Grid.
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