segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A imagem do dia (II)


Se ontem vimos o inicio das vitórias de Emerson Fittipaldi e o seu significado, hoje trata-se do seu canto do cisne e do final de um capitulo da sua carreira. Dez anos - e um dia - depois, no mesmo local onde venceu, o piloto brasileiro tinha uma despedida melancólica pela porta pequena, a bordo da sua própria equipa de Formula 1. 

Todos sabem que a sua carreira está dividida em duas partes. A primeira, na Lotus e na McLaren, foi a vencedora. Watkins Glen foi não só o palco da sua primeira vitória. Quatro anos mais tarde, subiu ao pódio para comemorar o seu segundo título mundial, o primeiro da McLaren, a bordo do chassis M23, um dos melhores da história. 

E a segunda parte da sua carreira foi de luta e frustração a bordo do projeto pessoal da Copersucar. A ideia do seu irmão de ter uma equipa brasileira na Formula 1, Emerson decidiu juntar-se para o ajudar e ar os seus conhecimentos para levar mais longe. A luta foi grande na primeira temporada, mas houve progressos, que culminaram no segundo lugar em Jacarépaguá, em 1978. Mas no ano seguinte, o F6 tornou-se num fracasso custoso e fez atrasar tudo. No final desse ano, compraram a Wolf e fundiram-no, ficando com excelentes engenheiros e o finlandês Keke Rosberg. Mas já era tarde: a Copersucar retirou-se de cena.

As coisas em 1980 prometiam, com patrocinador novo, a cerveja Skol. Dois pódios, em Buenos Aires e Long Beach, fizeram com que pudesse haver esperança na recuperação, mas quando a Brahma adquiriu a Skol, a primeira coisa que fez foi tirar o apoio à equipa. A esperança deu lugar à frustração, e para Emerson, tudo isso se acumulou. 

E para piorar as coisas, começou a olhar à volta e viu que tinha um pelotão totalmente novo à sua frente. E nessa década onde correu, viu morrer boa parte dos seus amigos e companheiros: Jochen Rindt, Jo Siffert, Pedro Rodriguez, Francois Cevért, Peter Revson, Mark Donohue, Tom Pryce, José Carlos Pace, Ronnie Peterson, entre outros. E tudo isto faz com que chegue o dia em que o melhor é pendurar o capacete.

E isso aconteceu, curiosamente, no dia em que a Formula 1 foi a Watkins Glen pela última vez. A organização estava com dificuldades financeiras e Bernie Ecclestone estava cada vez mais exigente. Numa corrida onde Bruno Giacomelli tinha surpreendido toda a gente ao fazer a pole-position no seu Alfa Romeo, Emerson foi apenas o 19º na grelha. Na corrida, as coisas acabaram na volta 15, à conta de um problema na suspensão.

Quando acabou de pendurar o capacete, Fittipaldi tinha 144 corridas atrás de si, em dez temporadas e meia. Acabou por se dedicar à equipa, mas o que não sabia era que tinha apenas fechado uma etapa da sua rica carreira automobilística. E os Estados Unidos iriam mais uma vez fazer parte da sua vida.

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