terça-feira, 6 de outubro de 2015

A imagem do dia (II)

Alain Prost durante o GP do Canadá de 1985, numa foto de Paul-Henri Cahier.

Quando costumava haver um campeão do mundo, mas que ficava fora do pódio, abria-se a excepção de o trazer para lá no sentido de o público o congratular. Foi assim, por exemplo, em 1974, quando Emerson Fittipaldi foi quarto classificado no GP dos Estados Unidos e ele subiu ao pódio. Onze anos depois, em Brands Hatch, a Nigel Mansell, Ayrton Senna e Keke Rosberg, Alain Prost comemorou no pódio aquilo que perseguia há quatro temporadas, sem sucesso: o título mundial.

Desde meados da década de 70 que a presença francesa se reforçava no pelotão da Formula 1. Havia a Ligier e a Renault, e pilotos como Jean-Pierre Jabouille, René Arnoux, Patrick Depailler, Jacques Laffite, Didier Pironi e outros, procuravam aquilo que a França, que sempre foi uma potencia automobilística, nunca tinha alcançado: um titulo mundial.

Em 1982, a França ia a caminho disso. Didier Pironi, na Ferrari, e Alain Prost, na Renault, estavam bem perto disso numa temporada onde parecia que toda a gente iria ganhar corridas. Foram onze vencedores em dezasseis corridas, e Pironi e Prost tinham sido dos poucos a conseguir mais do que uma vitória. Mas o acidente de Pironi na Alemanha e a desistência de Prost na corrida seguinte, na Austria, frustraram essa ambição a favor do finlandês Keke Rosberg.


Alain Prost era o mais novo da "armada francesa". Já se sabia desde 1980 que era um piloto veloz e inteligente, e quando foi para a Renault, em 1981, tinha material para ser campeão. E teve uma chance - distante - de campeonato, contra Nelson Piquet, Carlos Reutemann e um compatriota seu, Jacques Laffite. A entrada de rompante no campeonato de 1982, com duas vitórias nas duas primeiras corridas do ano, África do Sul e Brasil, parecia que ele poderia conseguir esse título, bastaria que tivesse conseguido mais uma vitória. que não aconteceu. 

Anos depois, Prost disse que muitas das suas desistências nessa temporada tinha a ver com o turbocompressor, uma peça que poderia ser reparada, mas que não foi porque "não era suficientemente francês". O orgulho "bleu" levou a melhor sobre a engenharia. 


Mas em 1983, a coisa foi ainda pior. Parecia que Prost iria ser o campeão, mas a famosa "gasolina adulterada" para o motor BMW fez com que Piquet conseguisse o impulso que falava para conseguir o campeonato. Prost não aceitou bem a derrota e desabafou, culpando a Renault pelo fracasso. Esta reagiu, despedindo-o e Ron Dennis, que sempre quis Prost para a sua equipa, não hesitou em ir buscar para 1984. 

Em Woking, lutou contra o veterano Niki Lauda, mas acima de tudo, aprendeu a refinar a sua condução. Era veloz, mas decidiu melhorar as coisas em relação à conservação dos pneus e do motor, bem como o consumo de gasolina. Foi um duelo a dois, e ambos deram o seu melhor até à ultima corrida do ano, no autódromo do Estoril. Prost venceu, mas porque uma das suas corridas, a do Mónaco, foi ganha com metade dos pontos atribuídos, acabaria por perder pela mínima das margens: meio ponto.

Depois de três temporadas em que ficou à porta do Olimpo, qualquer pessoa poderia ficar desanimada com o que passava, mas Prost, não. Tinha o tempo a seu lado e o seu companheiro de equipa já tinha conseguido o que queria. Apenas teve de lidar com o Ferrari de Michele Alboreto, que a meio do ano abriu uma vantagem que começava a pensar que tudo estava a acontecer de novo...

Mas depois, conseguiu o que queria. E aos 30 anos de idade, e depois de 35 anos de espera por parte da França automobilistica, Alain Prost conseguiu o que queria: o título mundial. E ironicamente, conseguia-o numa altura em que a Renault retirava-se da Formula 1 como equipa, frustrada por não ter conseguido o título de Construtores com o motor Turbo, que marcou toda uma era.

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