Por incrível que pareça, já passaram 25 anos sobre este momento. E após estes anos todos, continua a ser uma das corridas mais marcantes que jamais assisti. E digo isto por muitas razões. A primeira foi que acabou por ser a primeira corrida que foi transmitida em direto pela televisão. Até então, todas as corridas aconteciam de manhã, horas após esta acontecer, e os eventos do ano anterior fizeram com que desta vez, todos fossem ver a corrida pelas cinco da manhã.
E depois, a atmosfera electrizante sobre aquele momento. Tal como em 1989, era Ayrton Senna contra Alain Prost, McLaren, contra Ferrari. O brasileiro tinha a vantagem, ao contrário do que acontecera no ano anterior, mas Prost tinha recuperado alguma coisa na corrida anterior, em Jerez. A ideia de adiar tudo para Adeleide, a última prova do ano, poderia apavorar Senna, mas sabia que tinha tudo controlado... se a FISA e Jean-Marie Balestre não interferissem.
E esse é que foi o problema: Balestre interferiu na história de mudar o lugar da pole-position. De uma certa maneira, quando vemos a figura da entidade suprema do automobilismo, entende-se que seria árbitro e não apoiasse nenhum lado. E com essa história, e sabendo que Balestre gostava dos franceses, não deixou escapar a ideia de que, se ajudasse Prost a ganhar a vantagem, as coisas seriam decididas na última corrida do ano, onde mais uma vez acordaríamos muito tarde (ou muito cedo) para ver um duelo de final imprevisível. Se não era levar ao colo, era muito perto disso.
Claro, Senna não deixou passar a afronta. Vingou-se. E mesmo depois de tudo acontecer, quando Balestre não sancionou o gesto do piloto brasileiro, deu a ideia de que tinha entendido a mensagem.
Mas o que se passou naquela primeira curva deu origem a um "bodo aos pobres". Gerhard Berger despistou-se na volta seguinte, porque... queria saber como ambos estavam, e Nigel Mansell teve uma das suas manobras "brutânicas", quando a sua embraiagem quebrou na saída das boxes, após ter feito uma troca de pneus. Restou Nelson Piquet e o seu novo companheiro de equipa, Roberto Moreno, que substituía o acidentado Alessandro Nannini, que levaram os Benetton até ao lugar mais alto do pódio e comemorar aquele que é até hoje a última dobradinha de brasileiros na Formula 1.
E para finalizar, o Japão teve o privilégio de ver pela primeira vez na sua história um dos seus pilotos no pódio, na figura de Aguri Suzuki e o seu Larrousse-Lamborghini, que 499 corridas após o começo do Mundial de Formula 1, a bandeira japonesa também apareceria no pódio. E foi o momento mais alto de um piloto que acabou por ser construtor, quer na Formula 1, quer na Formula E. E depois, dele, apenas Kamui Kobayashi repetiu o feito.
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