domingo, 11 de outubro de 2015

Reflexões sobre um Grande Prémio que não vi


Eu sei que Lewis Hamilton ganhou hoje em Sochi, beneficiando do abandono do seu companheiro de equipa. Sei também que o pódio foi algo atípico, com Sergio Perez a ser terceiro classificado, e a chance de ver os dois McLarens a pontuar foi abalado quando Fernando Alonso foi penalizado por ter excedido os limites da pista, bem como Kimi Raikkonen foi também penalizado, perdendo três lugares. Sei que foi uma corrida atribulada, com Safety Car e tudo... mas não vi. E pior: não quis ver a corrida.

Perdi o amor pela Formula 1? Mais ou menos. Vamos ser honestos: este foi um grande fim de semana automobilistico. Tinhamos a Bathurst 1000, a clássica australiana de carros de turismo, e a meio da noite, tinhamos as Seis Horas de Fuji, prova a contar para o Mundial de Endurance. E melhor: podia ver ambas as corridas em sinal aberto. Cheguei a fazer, a partir das três da manhã, "zapping" entre ambas as provas, apesar de a corrida japonesa ter partido em "safety car", por causa do crónico mau tempo que aparece por esta altura do ano naquela zona do planeta. 

E com esse grande fim de semana automobilístico, não pensei em qualquer momento na Formula 1. Não pensei na ideia de que Lewis Hamilton poderia quase resolver ali a questão do seu terceiro título mundial, nem que passasse o numero de vitórias de Ayrton Senna - sublinhe-se, depois de Sebastian Vettel o ter feito - ou nas consequências do acidente de Carlos Sainz Jr. Pela primeira vez em muito tempo, não quis saber de um grande prémio de Formula 1.

E sei que houve emoção: Rosberg ficou sem aelerador e abandonou, Grosjean bateu forte, Hulkenberg e Ericsson colidiram, Verstappen furou, e no final, Raikkonen e Bottas bateram na última curva, beneficiando Sergio Perez. E até pilotos como Felipe Massa e Felipe Nasr ficaram bem classificados: o piloto da Williams foi quarto, e o da Sauber, o sexto. Mas as suas posições foram passadas na secretária, pois Raikkonen foi penalizado pela tal colisão com Bottas.   

Acho que isso significa muita coisa. Significa que não gosto deste tilkodromo, que não gosto desta Formula 1, não gosto da ideia de eles irem à Rússia, mais um país sem tradição automobilística, que só vão por causa do dinheiro. Dinheiro proveniente de fontes duvidosas, colocando num local onde foi feito para que aquilo continuasse a ser ativo depois de receber uns Jogos Olímpicos que passaram à história como sendo o mais dispendioso de sempre. E pelo que me contam, ano e meio depois, muitos dos sitios estão virados ao abandono...

E se me perguntam se perdi o encanto pela Formula 1 atual, direi que tenho mais vontade de ver as corridas na América do Norte (Austin e Hermanos Rodriguez) do que ali. Não creio que seja um preconceito russo, mas eu já vi este filme antes. Vi este filme na Coreia do Sul, na India, na Turquia. A Formula 1 ppelas aquelas bandas faz-me lembrar um OVNI que aterra por ali, todos fazem o espectáculo numa bolha, transmitida para todo o mundo e depois se vão embora, não deixando nada como legado, a não ser plástico e betão. E nos sitios onde a Formula 1 já se foi embora, foi esse o legado, para além das dividas que os outros vão pagar, não Bernie Ecclestone e a sua FOM.

Em suma, num grande fim de semana automobilistico - e ainda tivemos MotoGP em Motegi - a Formula 1 tornou-se num espectáculo menor. E se isso até faz perder a atenção aos que são mais hardcore, então ela precisa de ser revista. Profundamente revista.

1 comentário:

  1. Sou Alfeu Ripplinger e aficcionado pela F1 MAS:
    A formula 1 anda numa mesmice que da dor e por que não aumenta o saudosismo aos bons tempos dos anos 80-90, a era de ouro da mesma. O passado não volta, mas fica como lição, assim como as guerra que começam com mentiras e são historiadas pelos vencedores. A maior mentira para a época atual do circo, é o dinheiro. O slogan atual é " TUDO PELO DINHEIRO " com Mr. Eclestone como comandante da Nau. Fica daí o vazio, o vácuo da falta de competição, da moral, da falta de alma nos GP's. Hoje assistir a uma competição pode dar uma grande DEPRESSÃO aos aficcinados. Então, digo aos desavisados, não assistam os GP's. A f1 está encolhendo, ficando mirada, dando vazão para a criação de uma concorrente, capitaneada pela RED BUL, uma NEW-F1 , com novas regras e novos tempos. Quem sabe ? Que DEUS me ouça.

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Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...