Até parece que estamos no espírito da época, mas não. No dia de Carnaval, o site brasileiro Grande Prêmio fala hoje de um desabafo do piloto dinamarquês Marco Sorensen, em que refere que foi dispensado das suas funções de piloto de testes - e simulador - na Lotus, em detrimento da espanhola Carmen Jordá. Sorensen, que andava na World Series by Renault, deu uma entrevista ao jornal local "Exstra Bladet" onde referiu o seguinte:
“Ela [Carmen Jordá] era 12 segundos mais lenta do que eu no simulador”, revelou. “Ainda assim, ela ficou com o prémio. Nos últimos dois anos, passei pelo menos 60 dias no simulador, que é mais ou menos o mesmo de Kevin [Magnussen] na McLaren”, comparou. “Então me senti violado ao ponto de, por fim, isso se tornou demais e eu tive de parar”, justificou.
Não fico surpreso com as afirmações do Sorensen, o que me choca é saber que ela, sendo extraordinariamente lenta, é recompensada, em vez de ser o contrário. Doze segundos é chocante, esperava que fosse metade, pelo menos, mas parece que ali, mais parece uma amadora que veste uma fantasia de Carnaval. É demasiado chocante para ser verdadeiro.
Sabia que Jordá nunca tinha feito nada de relevante. Lembro-me que em 2011, a GP3 teve três mulheres na grelha: a italiana Vicky Piria, a britânica Alice Powell e Jordá. Powell era a que tinha maior potencial, e chegou a pontuar na última corrida do ano com um oitavo lugar. Mas Jordá - que nessa temporada estava na Ocean Racing - era constantemente a última classificada, mais lenta do que as outras mulheres do pelotão. E nem era mais bonita do que elas - pessoalmente, Piria era mais bonita.
Mas vendo estas diferenças, faz com que mulheres-piloto como Danica Patrick serem campeãs do mundo e dignificam outras como... Milka Duno.
Esta decisão, em vez de avançar na causa das mulheres no automobilismo, só vai atrasar. Até parece que é propositado, de as eliminar, as ridicularizar, de dizer que na Formula 1 e em boa parte do automobilismo, não servem muito mais do ser "bibelots" de uma classe dirigente que acha que este é um mundo de homens e deverá continuar a sê-lo. As ciências exatas ainda são, em muitas universidades, um curso masculino, onde aos poucos, as mulheres estão a conseguir uma quota cada vez maior, mas não são a maioria, como já acontece nos cursos de humanidades.
Temos muitas mulheres piloto que mostram que correr no meio dos homens é possivel. Danica Patrick ou Simona de Silvestro são duas delas, e são respeitadas por isso. A primeira já venceu na IndyCar e tenta a sua sorte na dificil NASCAR, e conquista aos poucos a respeitabilidade que pretende ter. Já Simona faz a mesma coisa na IndyCar e agora tenta a mesma coisa na Formula E, embora os resultados não sejam fantásticos. E nas categorias de acesso, aparecem garotas como a holandesa Beitske Visser, que está na Formula Renault 3.5 na sua terceira época seguida, mostrando alguns bons resultados.
Mas para a Formula 1, temo que a ideia de voltarmos a ver uma mulher a guiar no meio dos homens tenha sido adiada por mais uma geração.
Esta decisão, em vez de avançar na causa das mulheres no automobilismo, só vai atrasar. Até parece que é propositado, de as eliminar, as ridicularizar, de dizer que na Formula 1 e em boa parte do automobilismo, não servem muito mais do ser "bibelots" de uma classe dirigente que acha que este é um mundo de homens e deverá continuar a sê-lo. As ciências exatas ainda são, em muitas universidades, um curso masculino, onde aos poucos, as mulheres estão a conseguir uma quota cada vez maior, mas não são a maioria, como já acontece nos cursos de humanidades.
Temos muitas mulheres piloto que mostram que correr no meio dos homens é possivel. Danica Patrick ou Simona de Silvestro são duas delas, e são respeitadas por isso. A primeira já venceu na IndyCar e tenta a sua sorte na dificil NASCAR, e conquista aos poucos a respeitabilidade que pretende ter. Já Simona faz a mesma coisa na IndyCar e agora tenta a mesma coisa na Formula E, embora os resultados não sejam fantásticos. E nas categorias de acesso, aparecem garotas como a holandesa Beitske Visser, que está na Formula Renault 3.5 na sua terceira época seguida, mostrando alguns bons resultados.
Mas para a Formula 1, temo que a ideia de voltarmos a ver uma mulher a guiar no meio dos homens tenha sido adiada por mais uma geração.
No ano passado ainda tinhamos Susie Wolff, terceira piloto da Williams, e com a tarefa de ser piloto de testes da marca. Wolff - ex-Stoddart - teve uma carreira digna no automobilismo, especialmente no DTM, e quando teve a chance de andar num Williams, em alguns fins de semana de Grande Prémio, em 2014 e 2015, até teve uma prestação digna, sem deslumbrar. Contudo, no final do ano passado, anunciou que iria abandonar a sua função na Williams e o automobilismo em geral. Assim, para 2016, ficamos com esta... piloto.
E agora vamos fazer esta pergunta: será que temos de criar uma categoria só para elas? Eu nunca gostei da solução, pois acharia que as colocasse num "gueto", com carros "adequados" a elas. E para piorar as coisas, não há interesse em termos de "marketing" para ter uma competição com vinte mulheres, competindo uma contra outra. Aliás, bem vistas as coisas, hoje em dia, onde arranjariam vinte mulheres-piloto para correr numa categoria dessas?
As meninas, como os meninos, gostam de ter ídolos com que seguir. Se tivermos uma mulher automobilista, teriamos as garotas a tentar a sua sorte atrás do volante até ao topo, ajudados pelos pais ou patrocinadores. Mas sem isso, elas rapidamente mudam-se para outras áreas e perde-se o talento. Ultimamente têm aparecido garotas no karting, que se batem de igual para igual com os rapazes, mas são uma minoria tão grande que quando dão o salto para os monolugares, não conseguem resultados e saem.
E agora vamos fazer esta pergunta: será que temos de criar uma categoria só para elas? Eu nunca gostei da solução, pois acharia que as colocasse num "gueto", com carros "adequados" a elas. E para piorar as coisas, não há interesse em termos de "marketing" para ter uma competição com vinte mulheres, competindo uma contra outra. Aliás, bem vistas as coisas, hoje em dia, onde arranjariam vinte mulheres-piloto para correr numa categoria dessas?
As meninas, como os meninos, gostam de ter ídolos com que seguir. Se tivermos uma mulher automobilista, teriamos as garotas a tentar a sua sorte atrás do volante até ao topo, ajudados pelos pais ou patrocinadores. Mas sem isso, elas rapidamente mudam-se para outras áreas e perde-se o talento. Ultimamente têm aparecido garotas no karting, que se batem de igual para igual com os rapazes, mas são uma minoria tão grande que quando dão o salto para os monolugares, não conseguem resultados e saem.
Todos estes factores desencorajam até os defensores da causa feminina no automobilismo. Quando vemos que uma mulher despudoradamente lenta nas categorias de acesso tem uma recompensa como esta, causa revolta entre os que querem ter uma chance e não conseguem. E claro, passa a mensagem errada: tenham uma carinha bonita, não andem muito depressa e pode ser que ganhem o lugar na Formula 1. Isso também é machismo. Aliás, é a melhor demonstração de que as pessoas que estão à sua volta são machistas, porque metem ali uma pessoa que noutras circunstâncias, há muito que estaria a fazer outra coisa na vida.
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