Sabia-se que os pilotos não tinham ficado muito contentes com a história da qualificação australiana e das regras que tem vindo a ser estabelecidas ultimamente na categoria máxima do automobilismo. E nos últimos tempos, muitos tem vindo a dizer que não são nem tidos, nem achados, nestas questões. E se é certo que não tem falado muito e a GPDA é uma associação adormecida, quando acorda, muitas vezes é sinal de que eles, os pilotos, estão a chegar a um ponto de ebulição.
E hoje, eles lançaram um comunicado no qual criticam fortemente as entidades que gerem a Formula 1, bem como a direção que eles tem vindo a apontar nos últimos tempos, pedindo uma reestruturação no modelo, que já acham obsoleto.
Ali, lê-se:
"Sentimos que algumas das regras - quer no lado desportivo, quer no lado técnico - são disruptivas, não atendem os problemas que afetam o nosso desporto e em certos aspectos, podem comprometer o seu futuro. Sabemos que entre os dirigentes desportivos - sejam eles donos de equipa, acionistas, e a entidade governamental - todos tem as melhores intenções".
“Os pilotos concluíram que o processo de tomada de decisões do esporte é obsoleto, evitando que progresso seja alcançado. Isso reflete negativamente, evitando que seja adequado para a próxima geração de fãs e comprometendo o crescimento global."
"Gostaríamos de apelar aos donos e acionistas da Formula 1 que considerem uma reestruturação do seu próprio governo. As direções e decisões futuras da Formula 1, sejam elas no curto ou no longo prazo, desportivas ou técnicas, devem ser baseadas em um grande planeamento. Tal planeamento deve refletir os princípios e valores da Formula 1”
“A Formula 1 se estabeleceu, indiscutivelmente, como o pináculo do automobilismo e, como tal, um dos desportos mais populares do mundo. Nós, pilotos, seguimos juntos para oferecer nossa ajuda para manter a Formula 1 neste nível e além, fazendo-a adequada, quer para os próximos anos, quer para as próximas gerações”
"É importante apontar que esta carta é escrita no melhor interesse de todos, e não deve ser vista como um ataque cego e desrespeitoso”, conclui o comunicado, assinado por quatro pilotos: O presidente, Alexander Wurz, e os veteranos Jenson Button, Sebastian Vettel e Fernando Alonso.
Apesar de ser uma critica algo suave - as mudanças são recomendadas - pode-se entender que os pilotos, que são os principais interessados e são os que dão a cara em todo este caso, estão a chegar a um ponto onde estão a ficar fartos das constantes modificações nas regras, onde não são nem tidos, nem achados em todo este processo. E vendo as coisas desta forma, quase nunca são chamados para discutir as regras. Não tem voz no Grupo de Estrategia, não tem voto nas regras quando são discutidas e aprovadas, apesar de serem eles a dar a cara no meio disto tudo. E claro, serem bem pagos.
Resta saber se isto é um aviso para algo mais. Apontaram os problemas e estão preocupados com o futuro. O grande problema no meio disto tudo é que não tem uma agenda alternativa para pensar no que deveria ser a Formula 1 no futuro, em termos técnicos, de calendário ou estruturais. Que se vive numa espécie de guerra surda, isso todos começam a observar, mas não é algo que não saibamos. Mas a não ser que algo bem radical vá acontecer, não veremos mudanças a curto prazo, porque um dos principais obstáculos tem 85 anos e não deseja retirar-se enquanto viver...
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